B3, Eneva, Vale, Cosan e Localiza: as ações da Dynamo mais bem posicionadas para atravessar a crise

Por outro lado, Natura, Lojas Renner e BR Malls são tidas como empresas do portfólio que devem enfrentar ano mais difícil

Lucas Bombana

(Foto de Spencer Platt/Getty Images)

SÃO PAULO – O elevado grau de incerteza despertado pela pandemia do coronavírus decorre em grande medida da falta de clareza quanto ao ponto ótimo do distanciamento social, que minimiza o efeito recessivo da paralisação na economia, ao mesmo tempo em que ajuda a conter a curva de crescimento da Covid-19.

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A avaliação parte da gestora de recursos Dynamo, que, em caráter “extraordinário”, divulgou nesta segunda-feira (18) duas cartas aos investidores. Na primeira, apresentou uma coletânea de informações e considerações a respeito do vírus; na segunda, analisou as repercussões da epidemia na economia e no mercado de capitais, bem como na gestão dos fundos.

“Não existem modelos completos que lidam com todas as variáveis epidemiológicas, econômicas e financeiras”, escrevem os gestores da casa. “Nosso instrumental analítico está atrasado. Epidemiologistas e economistas precisam conversar.”

Neste momento de ambiguidade, o rigor no critério da seleção dos ativos para a carteira funcionou bem, sem que tenha sido encontrado nenhum risco material de solvência, tampouco problemas relevantes quanto à liquidez, aponta a Dynamo, uma das principais gestoras do Brasil.

“As companhias mais alavancadas da carteira – ‘o grupo de risco’ – possuem boa situação de caixa, perfil de dívidas alongadas e são ricas em ativos monetizáveis.”

Em 2020, até 18 de maio, o principal fundo de ações da casa, o Dynamo Cougar, tem queda de 21,35%, contra uma baixa de 30% do Ibovespa no mesmo período. Desde seu inicio, em setembro de 1993, o fundo acumula retorno anualizado positivo da ordem de 47%, ante alta de 28,4% do Ibovespa.

Em março, em meio à forte queda dos mercados, a Dynamo reabriu o fundo, que estava fechado desde 2011 para novas captações.

Na carta divulgada nesta semana, os gestores da Dynamo dizem ter submetido todas as empresas do portfólio a um “teste sensível”, cujo objetivo é identificar a presença de anticorpos, tanto de resposta imune rápida, quanto mais definitiva. Nessa análise, os especialistas verificaram uma “razoável amplitude no grau de imunidade de curto prazo na carteira.”

Enquanto Natura, Lojas Renner e BR Malls devem ter um ano mais difícil, por serem mais conectadas com a entrega física de bens e serviços na ponta final, outras tendem a sofrer menos, pela posição competitiva privilegiada (como B3) ou pelo perfil de longo prazo de seus contratos (como Eneva).

Os gestores da Dynamo citam ainda entre as empresas com maior resiliência na carteira para passar pela crise a Vale, pela qualidade dos ativos estratégicos, a Cosan, por sua atuação diversificada, e a Localiza, que deve ganhar participação de mercado, com a fragilidade da concorrência.

Também são lembradas a XP, pela proposta de valor, e o Mercado Livre, que surfa bem a onda disruptiva.

Ajustes na carteira

Os gestores da Dynamo lembram ainda que, assim que a volatilidade tomou conta no pós-carnaval, as ações sofreram com intensidades parecidas, mas agora, dizem, os investidores se tornam mais seletivos. “Já vemos disparidade na dinâmica de recuperação de alguns preços, embora as oscilações diárias continuem amplificadas.”

O quadro gerou oportunidades para que a administradora fizesse uma rotação do portfólio, com redução ou zeragem de algumas posições e aumento de outras.

A carteira da Dynamo mudou desde que a crise se instalou, e não apenas em relação às posições no mercado.
Até pouco antes à chegada do vírus, os gestores tinham um material praticamente pronto para publicar a respeito do crescimento das empresas, em que debatiam temas como a melhor estrutura de capital e o cenário competitivo.

“Com a chegada do vírus, naturalmente as prioridades mudaram. Tudo mudou”, diz a gestora, que passou, então, a se dedicar ao entendimento do que é a pandemia, seus reflexos sobre a vida e os impactos na gestão dos fundos. As cartas, dizem os gestores, sintetizam o esforço para “tentar absorver uma realidade enigmática e multidimensional.”

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