As estratégias de investimento da Ibiuna e da Bahia Asset em meio à crise

Em meio à forte volatilidade dos mercados, gestoras têm optado por posições que se mostrem mais resilientes em meio à crise

Mariana Zonta d'Ávila

SÃO PAULO – Em um ambiente bastante atípico para o mercado financeiro e que pegou os investidores de surpresa, dado o tamanho e a rapidez do impacto do coronavírus sobre as economias, gestores de fundos de investimento tiveram que se movimentar ainda mais para evitar maiores perdas em março.

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Em cartas aos cotistas, os gestores da Bahia Asset e Ibiuna Investimentos abordaram o cenário de incerteza nos mercados e contaram como estão posicionados os portfólios. Enquanto na Bahia Asset a busca é por liquidez, de forma a aproveitar oportunidades na Bolsa via empresas com receitas mais resilientes, na Ibiuna, a preferência segue em juros, com a expectativa de ganhos gerados pelas políticas monetárias ao redor do mundo.

Nos fundos multimercado da Bahia Asset, a opção para março foi por reduzir as posições compradas em empresas cíclicas dos setores de petróleo e consumo discricionário. A posição short (aposta na queda) no setor de telecomunicações foi praticamente encerrada, enquanto posições compradas (com aposta na alta) no setor de farmácia foram ampliadas.

Além disso, a gestora trocou a parte direcional comprada em bolsa no Brasil para o mercado acionário americano. A expectativa é de que as empresas do S&P 500 consigam reagir primeiramente à retomada no pós-crise.

Em março, o Bahia AM FIC FIM recuou 5,02%, ante variação de 0,34% do CDI e queda da ordem de 30% do Ibovespa.

A Ibiuna, por sua vez, começou a migrar as carteiras para empresas que não devem apresentar problemas de dívida e fluxo de caixa no médio prazo.

No fundo long biased, a gestora aumentou as posições em Cesp (CESP6), Totvs (TOTS3), e Locamerica (LCAM3) por terem uma fração relevante de suas receitas com característica recorrente e potenciais atrativos. Também foram ampliadas as posições em Yduqs (YDUQ3) e Ultrapar (UGPA3).

Ao mesmo tempo, os gestores reduziram as posições em incorporadoras de média e alta renda, por serem muito impactadas pela taxa de desemprego e confiança, bem como em seguradoras de saúde e shopping centers. Em março, o fundo Ibiuna Long Biased FIC FIM teve queda de 32,21%.

Com relação à estratégia do multimercado Ibiuna Hedge FIC FIM, a gestora reduziu as posições mais arriscadas em renda variável direcional, assim como a exposição a moedas emergentes. Foram ampliados, contudo, os hedges (proteções) contra cenários extremos, via aumento da posição aplicada em títulos do Tesouro americano e na compra de dólar contra real.

A visão é de que ainda que haja oportunidades atrativas na renda variável, a elevada volatilidade dessa classe de ativos somada às incertezas, demandam prudência na alocação de risco. “Neste momento, preferimos observar de fora a correr o risco de ‘queimar a largada’ nesta que pode ser uma ótima oportunidade mais à frente”, escreve a gestora.

Juros e Selic

De acordo com a Ibiuna, a principal estratégia do multimercado e que contribuiu para os ganhos de 2% do fundo no último mês foi a alocação na curva de juros de países que devem se beneficiar de políticas monetárias, como Estados Unidos, México, Chile, Brasil e Inglaterra.

Em Brasil, por exemplo, o fundo possui posições aplicadas na parte curta e intermediária da curva de juros. A justificativa é que o ambiente é “extremamente benigno de inflação” e que há perspectivas de novos cortes da Selic.

Juros mais baixos também são esperados pela equipe da Garde, que vê o Banco Central cortando a Selic para 2,75% ao ano nos próximos meses, com espaço adicional para novas baixas.

“Dada a rápida deterioração do cenário de atividade e a excepcionalidade da crise atual, não devemos descartar a possibilidade de realização de uma reunião extraordinária para cortes de juros”, escreveu a gestora em relatório intitulado “O mês em que a Terra parou”.

Com relação à inflação, a casa estima que o IPCA tenha alta de apenas 1,5% neste ano, mesmo com o câmbio acima de R$ 5,00. Isso aconteceria, segundo a Garde, devido à forte abertura do hiato do PIB, que deve encerrar o ano com queda de 3%, e ao choque desinflacionário dos preços de petróleo.

“Acreditamos que o ritmo de avanço da epidemia nos EUA, as mensagens dos líderes políticos a respeito da duração das medidas de contenção e a continuidade das medidas econômicas em resposta ao choque serão cruciais para ditar o ritmo dos mercados nas próximas semanas”, escrevem os gestores.

Em março, o multimercado D’Artagnan recuou 3,08%, enquanto o fundo long biased da casa teve queda de 21,55%.

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