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SÃO PAULO – Comparar a rentabilidade dos investimentos é sempre importante para avaliar o mercado, mas não deve servir como um “gatilho” para a tomada de decisões. Quando precisam decidir onde investir dinheiro, em geral, as pessoas olham para o que rendeu mais no passado, mas a prática mostra que este comportamento nem sempre garante lucros futuros – é a grande máxima do mercado: rentabilidade passada não é garantia de rednimento futuro.
E essa máxima se repete também nos três anos de história do ranking elaborado pelo Portal InfoMoney que acompanha as carteiras recomendadas mensalmente por bancos e corretoras. De 2010 pra cá, o InfoMoney já acompanhou cerca de 40 carteiras diferentes e o resultado ao final de cada ano mostrou que muitas corretoras que se destacaram positivamente em um ano lideraram as perdas no ano seguinte – ou vice-versa.
Um dos exemplos é o portfólio sugerido pela Souza Barros. Em 2010, a carteira da corretora figurou na pior posição do ranking InfoMoney, com perdas de 8,39%, enquanto o Ibovespa recuou 1,10%. Um ano depois, o portfólio da corretora pulou para o segundo lugar do ranking ao registrar rentabilidadade de 4,51% – ao passo que o benchmark brasileiro caiu 18,11%. Já em 2012, a corretora superou novamente o benchmark da bolsa e terminou na quarta posição do ranking, com seu portfólio rendendo 52,03% – o Ibovespa avançou 7,40%.
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A rentabilidade não se repete e, por isso, é importante ter em mente que essas oscilações sempre vão existir. É o que diz a consagrada “hipótese do passeio aleatório”: os preços das ações se movem de forma totalmente aleatória, tornando o mercado completamente imprevisível.
Isso indica que comprar vitória também não é sinônimo de ganhos futuros. A carteira da Bradesco Corretora, por exemplo, saiu da liderança em 2010, com alta de 28,86%, mas caiu para uma das piores posições em 2011, quando o Ibovespa foi fortemente afetado pela crise internacional. Naquele ano, o portfólio recuou 14,05%, embora ainda tenha ficado 4,06 pontos porcentuais acima do benchmark brasileiro.
Por isso, os analistas consultados pelo InfoMoney indicam que é sempre importante monitorar o mercado antes de acompanhar um portfólio e saber se a estratégia utilizada está alinhada com suas expectativas.
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Acompanhe as tendências do mercado
Segundo o analista-chefe da Gradual, Paulo Esteves, o importante é o investidor (ou a corretora) conseguir casar um estilo de carteira (baseadas em dividendos, crescimento, blue chips ou small caps) com as projeções macroeconômicas. “Se o investidor conseguir unir essas potencialidades com a tendência da bolsa, provavelmente vai acumular um bom retorno, e pode ter sido isso que nos garantiu alta no último ano”, disse.
Em 2011, a carteira da Gradual registrou perdas de 14,45%, ao passo que no ano seguinte o portfólio figurou na segunda melhor posição, com ganhos de 54,24%.
Esteves explica que uma das estratégias utilizadas no ano passado foi optar por blue chips em momentos que a bolsa registrou alta, ao passo que em períodos mais conturbados do Ibovespa a corretora mostrou preferência por empresas com “beta” (índice que mede a correlação de uma ação com o índice) mais baixo, ou seja, ações consideradas mais defensivas.
Invista de “cima para baixo”
Uma das dicas de Esteves para este ano é seguir o processo de investimento conhecido como “top-down”, ou investir de cima para baixo. Essa análise consiste na análise primeiramente do cenário macroeconômico para depois escolher o setor que será mais privilegiado. Após essa etapa é que o investidor selecionará as ações das companhias mais atrativas dentro daquele setor.
Essa é a mesma estratégia utilizada pela analista-chefe da Coinvalores, Sandra Peres. “Nós primeiro olhamos para o cenário macroeconômico para depois partirmos para o micro”, disse.
Small caps podem surpreender positivamente
Outra estratégia apontada por Sandra é optar por empresas fora do Ibovespa, normalmente small caps e voltadas para o mercado interno. “O objetivo é buscar empresas com retorno maior, boa geradora de caixa e voltadas para o mercado doméstico”, disse.
E, segundo Sandra, essa foi uma das estratégias que garantiu a Coinvalores se manter sempre entre as primeiras do ranking ao longo dos últimos três anos: optar por empresas com perfil defensivo – receita previsível e baixo endividamento.
Porém, mesmo com uma persepctiva macroeconômica mais otimista para 2013 a analista da Coinvalores segue a mesma receita para esse ano: peso menor para blue chips e foco nas companhias menores e voltadas ao mercado interno.
Clodoir Vieira, analista-chefe da Souza Barros, também segue essa receita para esse ano. “Continuamos voltados para o mercado interno e em setores como saúde, educação e consumo”, disse. Algumas das apostas são: Ambev (AMBV3), Lojas Renner (LREN3) e RaiaDrogasil (RADL3).
Em 2010, a carteira da Souza Barros penou na bolsa, e acumulou perdas de 8,39%. Segundo Vieira, um dos motivos para esse desempenho foi exposição a empresas de grande porte, como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5). A partir daí, a corretora passou a adotar uma postura mais cauteloso e empresas mais defensivas.
Confira as melhores colocadas nos últimos três anos:
Melhores colocadas dos últimos 3 anos | ||||||
2010 | 2011 | 2012 | ||||
1° | Bradesco | +28,86% | SLW | +23,71% | Geral Investimentos | +55,48% |
2° | Coinvalores | +21,08% | Souza Barros | +4,51% | Gradual | +54,24% |
3° | Brascan | +21,00% | Itaú Top 5 | +0,17% | WinTrade | +52,74% |
4° | Spinelli | +20,41% | HSBC | -1,54% | Souza Barros | +52,03% |
5° | XP | +16,11% | Coinvalores | -2,0% | Coinvalores | +42,74% |
Ibovespa: -1,10% | Ibovespa: -18,11% | Ibovespa: +7,4% |
E as piores:
Piores colocadas dos últimos 3 anos | ||||||
2010 | 2011 | 2012 | ||||
1º | Omar Camargo | +4,50% | Bradesco | -14,05% | Um | +17,07% |
2º | WinTrade | +3,83% | Gradual | -14,45% | BB | +14,34% |
3º | SLW | +3,46% | Citi | -16,24% | TOV | +13,32% |
4º | Citi | +2,54% | Socopa | -17,53% | Planner | +9,89% |
5º | Souza Barros | -8,39% | Um | -17,70% | Inva Capital | -5,54% |
Ibovespa: -1,10% | Ibovespa: -18,11% | Ibovespa: +7,4% |