As ações preferidas dos analistas para investir em abril

Na busca por nomes resilientes, analistas têm preferência por JBS; Pão de Açúcar entra na carteira em meio à expectativa de aumento da demanda de alimentos

Mariana Zonta d'Ávila

Painel de cotações (Shutterstock)

SÃO PAULO – Em um cenário de volatilidade e de grandes perdas no mercado de renda variável, por conta dos efeitos recessivos do coronavírus, analistas começam o mês de abril mais cautelosos e na busca por nomes mais resilientes, de grandes empresas, que terão condições de superar a crise.

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A avaliação é de que o ambiente continua muito incerto e de que companhias com bons fundamentos, sólida situação financeira e alta liquidez terão maior capacidade de atravessar o período de estresse dos mercados.

No último mês, o Ibovespa despencou cerca de 30% em um movimento forte e rápido de deterioração dos mercados, que se instaurou no país após o Carnaval.

Assim como em outras crises, a expectativa é de que haja um fim. A duração, contudo, segue desconhecida. Dito isso, analistas reforçam a necessidade de preservação de capital e a procura por nomes de qualidade.

“Procurar por assimetrias e descontos excessivos deve ser a melhor estratégia, até porque existe um peso grande de alguns setores dentro do índice, que podem distorcer e mascarar a recuperação de outros setores da economia”, diz Renato Chanes, estrategista do Santander.

Levantamento feito pelo InfoMoney com 12 casas de análise mostra que as principais apostas para abril recaem sobre as ações de JBS, Vale, B3, Petrobras e Pão de Açúcar, esta última substituindo Lojas Renner, presente no portfólio de março.

Confira a seguir as cinco ações mais recomendadas para abril e o desempenho delas no ano:

Empresa Ticker Número de recomendações* Retorno no 1º trimestre
JBS JBSS3 9 -21,16%
Vale VALE3 7 -18,91%
B3 B3SA3 6 -15,76%
Pão de Açúcar PCAR3 6 -25,36%
Petrobras PETR3 6 -55,81% (ON)
Ibovespa -36,86%

*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Necton, Rico, Santander Corretora, Socopa e XP.

JBS (JBSS3)

Pelo segundo mês consecutivo, as ações da JBS são as preferidas dos analistas para comprar em abril. A visão, segundo a Santander Corretora, é de que a companhia dispõe de um modelo de negócios resiliente, devido à diversificação de produtos (carne suína, bovina, de frango e alimentos processados), bem como à exposição a vários países.

Na XP, os papéis de JBS, que estavam na carteira desde fevereiro de 2019 mas foram retirados em março por conta da alta volatilidade em virtude do Covid-19 na China, voltam a compor a seleção recomendada.

Betina Roxo, analista do segmento de alimentos e bebidas da XP, avalia que, com a normalização de casos de coronavírus na potência asiática e um dólar mais alto, o papel volta a ficar interessante. “As operações nos Estados Unidos representam 78% da receita da JBS, o que é um ponto muito bom. O setor tem uma resiliência maior que no Brasil e se favorece com o dólar mais alto”, afirmou, em transmissão ao vivo realizada nesta quarta-feira (01) pelo YouTube.

Vale (VALE3)

As ações da mineradora Vale ficaram em segundo lugar entre as mais recomendadas para abril, com sete menções.

De acordo com o BB Investimentos, que incluiu os papéis na seleção deste mês, a companhia possui uma solidez financeira e um mercado equilibrado em termos de oferta e demanda.

Segundo os analistas do banco, como os preços do minério de ferro se mantêm em patamares elevados e acima do seu custo de produção, a geração de caixa da Vale deve continuar expressiva, mesmo que haja uma correção de preço no curto prazo.

A avaliação é compartilhada pela Santander Corretora, que chama atenção para o descolamento entre a dinâmica de preços do minério de ferro e as cotações das ações do setor, o que levou à ampliação da participação de VALE3 no portfólio, de 9% para 12%.

B3 (B3SA3)

Com seis recomendações para este mês, B3 é novidade na carteira da Necton, que destaca que o cenário de forte volatilidade pode resultar em um incremento da margem líquida e geração de caixa para o próximo trimestre, diante da expectativa de aumento do volume financeiro transacionado na Bolsa.

Apesar de o cenário para ofertas de ações ter piorado em decorrência dos impactos do coronavírus nos mercados, o time de análise da Guide diz ver operações de IPO e follow-on voltando no segundo semestre e que, mesmo em uma velocidade reduzida, devem impulsionar os ganhos operacionais da Bolsa brasileira.

Pão de Açúcar (PCAR3)

Também com seis recomendações, Pão de Açúcar entrou neste mês para a carteira da XP, da Ágora, do BB Investimentos e da Ativa.

A inclusão no portfólio se deve, segundo o BB Investimentos, à forte atuação da companhia no segmento de varejo alimentar, que vem sendo favorecido pelo aumento do consumo de produtos alimentares nos lares domésticos, em função das restrições à livre circulação de pessoas e do fechamento do comércio.

Em teleconferência no YouTube, Pedro Fagundes, analista da XP, destacou as fortes iniciativas digitais assumidas pelo Pão de Açúcar ao longo dos últimos anos, que permitiram ao grupo incrementar as vendas online de produtos. Fagundes citou, ainda, o desconto das ações em relação aos pares.

Já a equipe da Ágora destaca a resiliência da companhia em períodos de crise. “Usando a crise de 2008 como parâmetro, enquanto outras empresas do setor de consumo e varejo experimentaram uma desaceleração no crescimento das vendas pelo critério de mesmas lojas, entre o terceiro trimestre de 2018 e o primeiro trimestre de 2019, verificamos que o Pão de Açúcar não viu nenhuma mudança em sua tendência.”

Vale lembrar que a companhia migrou para o Novo Mercado, da B3, em 2 de março, concluindo a conversão de ações preferenciais (PN) em ordinárias (ON).

Petrobras (PETR3)

Empatada na terceira posição, Petrobras recebeu seis recomendações de casas de análise para abril.

Entre as justificativas para a inclusão no portfólio, a Guide cita a continuidade da venda de ativos onshore (em terra) e o avanço do projeto de desinvestimento das refinarias.

Já os analistas da Necton destacam as medidas anunciadas pela companhia para minimizar os impactos do coronavírus, como a redução de estoque das operações para adaptar-se ao novo cenário de retração da demanda, bem como a renegociação dos contratos com fornecedores, visando reduzir a necessidade de giro de capital.

“Seguimos otimistas com os ativos da Petrobras, que deve apresentar números mais sólidos nos próximos anos, com ganho de rentabilidade e redução de sua alavancagem financeira”, escreve a Necton, em relatório.

Nesta quinta-feira (2), as ações ordinárias da Petrobras chegaram a subir 17% após o presidente americano, Donald Trump, publicar em sua conta do Twitter que o príncipe saudita espera um corte de produção de 10 milhões de barris de petróleo. Minutos depois, Trump afirmou que o corte poderia ser ainda maior, de 15 milhões de barris. A notícia é recebida com alívio pelos investidores em meio à guerra de preços da commodity.

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