As ações preferidas de um gestor de R$ 2 bilhões

O fundo de small caps da Victoire Brasil Investimentos rendeu 50,27% nos últimos 24 meses

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Com a volatilidade da bolsa brasileira, os gestores ativos – que fazem a seleção de papéis sem se preocuparem em seguir algum índice de referência – têm se destacado. O fundo de small caps da Victoire Brasil Investimentos, por exemplo, rendeu 50,27% nos últimos 24 meses e aparece entre os dez fundos mais rentáveis do Ranking Infomoney do período.

Além do fundo de small caps, a Victoire gere outros fundos de ações, sempre de forma ativa, e procura não focar suas apostas apenas em ações que façam parte do Ibovespa. “[O Ibovespa] Reflete volume, não necessariamente a melhor qualidade. O principal motivo que está por trás deste movimento de baixa é uma frustração com o crescimento do Brasil. Você tem uma inflação mais alta e os juros voltando a subir. Ou seja, tudo que você poderia esperar de bolsa do ponto de vista macro é terrível. Mas, o que a gente tem feito é não se preocupar tanto com isso e olhar fora desta realidade. Mesmo em um cenário em que as coisas não estão indo tão bem, olhamos a empresa individualmente”, disse Caminada em entrevista ao InfoMoney.

O gestor aponta que a equipe gosta de empresas com baixa alavancagem e que não sejam prejudicadas com o efeito do dólar. “Algumas empresas até se beneficiam desse dólar [mais alto] porque têm suas receitas beneficiadas pela valorização da moeda. Por isso estamos relativamente tranquilos com as ações que temos em nosso portfólio”, afirmou.

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Veja alguns papéis que fazem parte do portfólio da Victoire, asset que atualmente possui um patrimônio líquido de R$ 2,1 bilhões sob gestão:

Ferbasa (FESA4)
“Gostamos da empresa, ela representa a maior posição do fundo de small caps”, aponta Caminada. Em relatório recente, a Victoire lembrou que a Ferbasa possui 100% de suas receitas vinculadas ao dólar, mesmo nas vendas destinadas ao mercado local, sendo que as exportações representam cerca de 25% das receitas.

A Victoire destaca ainda que a Ferbasa reportou, em março, uma posição de caixa de R$ 200 milhões e uma dívida de apenas R$ 4 milhões, com juros fixos de 2,5% a.a. e prazo de 10 anos. “Além desta sólida posição de caixa, a empresa reportou estoques de R$ 228 milhões (a custo), ante um passivo de R$ 34 milhões de fornecedores, sendo que os estoques têm seus preços também vinculados ao dólar”, diz o relatório.

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Segundo os gestores da asset, o desaquecimento da economia chinesa é o maior risco para os negócios da empresa, por conta do possível efeito negativo nos preços das commodities metálicas – segmento no qual a Ferbasa está inserida como fornecedora de ferro-ligas para o setor siderúrgico, e, em especial, o aço inoxidável para a qual fornece ferro-cromo, sendo a única produtora integrada desta liga nas Américas.

No ano, a ação acumula alta de 8,48%.

Marcopolo (POMO4)
Outra posição do fundo de Small Caps está em ações da Marcopolo. Os gestores apontam que a produção de chassis de ônibus (que serão encarroçados) cresceu 41% de janeiro a maio/13 em relação ao mesmo período de 2012, com as 17,5 mil unidades produzidas .

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“A Marcopolo, que participa com 45% do mercado brasileiro de carrocerias de ônibus, é uma das maiores multinacionais brasileiras, gerando mais de 35% de suas receitas no exterior e com expectativa de crescimento de mais de 12% na produção anual em relação a 2012”, dizem. Eles também lembram que a empresa se beneficiará da desoneração de encargos trabalhistas, como outras companhias do setor industrial que fazem parte da carteira do fundo.

A ação subiu 3,76% no acumulado deste ano.

São Martinho (SMTO3)
A São Martinho, que atua no segmento sucroalcooleiro , possui valor de mercado próximo a R$ 2,9 bilhões. A Victoire aponta que a empresa possui 50.000 hectares de terras próprias avaliadas em R$ 1,75 bilhão a valor de 2011 “que, se reavaliadas a preço de mercado atual, poderão proporcionar um ganho patrimonial substancial”.

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Segundo a gestora, são justamente essas terras que diferenciam a São Martinho das demais empresas do setor. “Ela produz, em terras próprias, 2/3 da cana necessária, retendo para si os ganhos da apreciação cambial e de preços, ou seja, sem dividi-los com os fornecedores. A empresa deverá aumentar na safra 13/14 em 19% o esmagamento de cana-de-açúcar e mais

O papel avançou 1,81% este ano.

Eztec (EZTC3) e Helbor (HBOR3)
O gestor lembra que o aumento nas taxas de juros afeta negativamente a capacidade de endividamento e a disponibilidade de crédito. Ao mesmo tempo, aponta que a desoneração tributária favorece a redução nos custos e a rentabilidade das empresas.

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“A queda nos lançamentos do setor nos últimos três anos deverá favorecer os preços dos imóveis, sendo que tanto a Helbor como, especialmente, a Eztec está em processo de forte crescimento, ao contrário do setor, que está em contração”, aponta a Victoire.

Segundo Caminada, a Eztec têm apresentado margens boas e crescentes, o que deve continuar nos próximos dois ou três anos. “A ação ainda está relativamente barata”, conclui.

Os papéis da Eztec acumulam alta de 8,57% em 2013, enquanto dos da Helbor cederam 6,10%.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip