As ações mais recomendadas pelos analistas para comprar em setembro; Totvs entra e Lojas Renner sai

Vale perde liderança isolada pela primeira vez no ano; topo da lista traz também Assaí e Itaú Unibanco

Márcio Anaya

(Getty Images)

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A aversão ao risco por parte de investidores globais pesou sobre mercados nos últimos dias, impedindo uma alta mais vigorosa do Ibovespa em agosto. Ainda assim, o índice avançou 6% no período, aos 109.522 pontos, ampliando para 4,5% a valorização acumulada em 2022.

O ingresso em setembro, pós safra de balanços do segundo trimestre e com expectativas quanto a um possível fim do ciclo de alta dos juros, fez com que as corretoras monitoradas pelo InfoMoney promovessem várias mudanças em suas carteiras recomendadas de ações. Neste mês, a parcela equivalente ao total de empresas substituídas nos portfólios foi de 25,5%, contra 18% em agosto.

Mesmo com a maior rotatividade de maneira geral, a preferência dos analistas segue concentrada em commodities e bancos, com uma pitada de varejo.

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A principal alteração é que a Vale (VALE3) perdeu a liderança isolada no acompanhamento mensal, pela primeira vez neste ano. A mineradora recebeu seis indicações, uma a menos que no mês passado, e agora está empatada com Assaí (ASAI3) e Itaú Unibanco (ITUB4) no topo da lista.

“Considerando o ambiente externo mais complexo e recuo das commodities, mantivemos os papéis da Petrobras (PETR4) e retiramos a Vale (VALE3), principalmente em função da volatilidade de preços do minério de ferro”, diz a BB Investimentos, explicando uma de suas revisões para setembro.

O segundo bloco de destaques do mês traz como novidade os papéis da Totvs (TOTS3), com cinco apontamentos, que ingressaram no lugar das Lojas Renner – substituída por quatro casas de análise.

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A Petrobras (PETR4) perdeu uma recomendação frente a agosto, mas permanece entre as mais citadas, presente também no rol elaborado por cinco instituições.

Em seu relatório de setembro, o BTG Pactual afirma que os fluxos estrangeiros voltaram recentemente, ajudando a Bolsa local. “Enquanto os fundos de ações locais sofreram resgates por mais um mês, os estrangeiros alocaram R$ 18 bilhões em ações brasileiras em agosto, elevando os preços das ações.”

Segundo a instituição, o retorno do capital externo no mês passado pode talvez ser um sinal de que tais investidores finalmente se sentem “ok” sobre as eleições presidenciais do Brasil.

“Embora os dados recentes não mostrem nenhuma tendência significativa, nossas conversas recentes com investidores globais indicam maior interesse no mercado brasileiro, especialmente para aqueles que desejam reduzir sua exposição na China”, afirma o BTG.

Na Ágora, a percepção é de que, com a queda dos juros no radar, os clientes começam a querer tomar um pouco mais de risco. “Para o investidor que está comprado, é interessante manter as posições”, diz a corretora. “Quem não tem nada em bolsa, parece ser uma boa oportunidade para entrar considerando os níveis atuais.”

O InfoMoney analisa todos os meses as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais citadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate – o que não ocorreu neste mês.

Veja a seguir as cinco ações mais indicadas para setembro, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de agosto, em 2022 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em agosto Retorno em 2022  Retorno em 12 meses
Assaí (ASAI3) 6 16,03% 43,05% 10,56%
Itaú Unibanco (ITUB4) 6 10,60% 25,39% 4,47%
Vale (VALE3) 6 -2,73% -9,63% -21,19%
Petrobras (PETR4) 5 19,50% 74,72% 105,36%
Totvs (TOTS3) 5 8,66% 0,05% -27,31%
Ibovespa 6,16% -7,79% 4,48%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica

Confira agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras:

Vale (VALE3)

A mineradora perdeu uma recomendação, pelo segundo mês consecutivo, e agora figura em seis das dez carteiras monitoradas pelo InfoMoney para setembro. Com isso, passou a dividir o pódio com Assaí e Itaú Unibanco.

A Ágora foi uma das corretoras que manteve a recomendação de Vale. Em relatório, diz reconhecer os crescentes desafios em torno das operações da companhia, mas sustenta a aposta “de forma tática”.

A instituição espera que as tendências de demanda na China melhorem neste segundo semestre, apoiando os preços das commodities. Tal cenário, aliado à queda dos custos do frete marítimo, pode aumentar os resultados da mineradora nesta reta final do ano, afirmam os analistas.

Eles comentam que o mercado segue precificando uma correção nos valores do minério de ferro para algo ao redor de US$ 70/tonelada já a partir desta segunda metade de ano, algo visto pela Ágora como “excessivamente pessimista”.

Em relação ao balanço do segundo trimestre, o entendimento é de que a Vale reportou números “fracos”, com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) frustrando as expectativas. O destaque positivo ficou por conta da geração de caixa, de US$ 2,3 bilhões, e do informe de dividendos mínimos de US$ 3 bilhões.

“Contudo, o fato de a Vale não ter anunciado uma parcela extraordinária de dividendos pode sugerir que a empresa está um pouco mais cautelosa com as perspectivas, embora não descartemos que dividendos extraordinários sejam anunciados no final do ano.”

Assaí (ASAI3)

Uma das novidades do mês passado, a varejista se manteve entre os destaques de setembro, com seis indicações.

O Assaí deixou o portfólio recomendado pela Ágora neste mês, mas ingressou na seleção da Ativa Investimentos e permanece entre as escolhas de outras cinco instituições.

Em relatório, a Ativa ressalta a estratégia de expansão geográfica da companhia, tendo como ponto central a conversão e integração das 70 lojas adquiridas do Extra. Segundo a corretora, as novas unidades são bem localizadas e têm pouca sobreposição com as atuais, além de já estarem em um estágio mais avançado da curva de maturação.

Os analistas lembram que a empresa iniciou a entrega das lojas convertidas do Extra no fim de julho e mantém a meta de inaugurar 40 dessas unidades ao longo deste segundo semestre. As outras 30 estão programadas para 2023. Existem também as aberturas orgânicas, que, somadas às conversões, contribuem para o total de 96 lojas em dois anos, expandindo em 45% a base da companhia.

“Além disso, vemos a estratégia de maior autonomia dos escritórios regionais, com adaptação de sortimentos e a retomada da força do B2B [negócios diretos entre empresas], que começou no 2T22 [segundo trimestre], com a volta de bares e restaurantes, e deve continuar ao longo dos próximos trimestres como catalisadores na expansão da companhia.”

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição financeira havia sido substituída em julho, mas retornou este mês ao portfólio recomendado pelo BTG Pactual. Com isso, mesmo tendo saído da seleção feita pela BB Investimentos, ficou com os mesmos seis apontamentos de agosto.

Claramente o clima no Itaú melhorou, o que provavelmente tem muito a ver com seu crescimento comercial mais forte nos últimos 18 meses”, diz o BTG, para o qual o avanço da receita gerou novamente uma série de oportunidades, como de fusões e aquisições, por exemplo.

“A administração admite que não conseguiu superar seus pares nos últimos anos, mas eles realmente acreditam que os próximos 5 a 10 anos mostrarão que ‘o vencedor’ está de volta.”

O relatório afirma ainda que, após apresentar bons resultados no segundo trimestre, o Itaú revisou metas para 2022, que agora apontam para um lucro líquido de aproximadamente R$ 31,5 bilhões, de acordo com as estimativas do BTG. “Para 2023, projetamos R$ 34,2 bilhões de lucro líquido (vs. consenso de R$ 33,7 bilhões).”

Totvs (TOTS3)

Líder em sistemas e plataformas para gestão de empresas, a Totvs é a novidade do mês, com cinco indicações. A companhia estreou na lista da Genial Investimentos e se manteve em outras quatro carteiras.

A Santander Corretora diz ter atualizado recentemente seus cálculos sobre a empresa, que apontaram um novo preço-alvo, de R$ 36 para o fim de 2023, versus R$ 41 para o término deste ano.

O ajuste, segundo a instituição, é explicado por um aumento no custo de capital da Totvs, revisões para baixo nas estimativas das divisões de “Business Performance” (apoio para elevar as vendas, competitividade e desempenho dos clientes) e “Techfin” (soluções de crédito e pagamentos por meio de tecnologia e dados) e premissas de margens mais conservadoras.

“No entanto, o potencial de valorização de 38% em relação aos preços atuais faz manter a recomendação de ‘Compra’ para TOTS3”, diz o relatório. “Vemos os potenciais ventos contrários operacionais e o aumento das taxas de juros já precificados nos níveis atuais de preço da ação.”

O Santander afirma ainda que a Totvs apresenta sólidas perspectivas financeiras e continuará crescendo tanto organicamente, com o lançamento de novos produtos, quanto via aquisições de grupos com soluções complementares.

A Guide, que também possui o ativo em sua carteira recomendada de setembro, vê a empresa como um dos competidores mais bem posicionados no setor de tecnologia no país.

“As investidas da Totvs com outras grandes companhias mostram que a empresa tem potencial também na exploração de novos negócios.”

Petrobras (PETR4)

A gigante de petróleo fecha a lista das ações mais citadas para setembro, também com cinco menções – uma a menos em relação ao mês passado, após deixar a seleção feita pelo BTG, que decidiu reduzir a exposição a estatais, entendendo que o resultado da eleição para Presidente da República pode impactar esses papéis no curto prazo.

Na Ativa, no entanto, a decisão foi no sentindo contrário. O peso das ações preferenciais (PN) da Petrobras aumentou para 12,5% no portfólio elaborado para setembro, ante 10% em agosto. Trata-se de uma das maiores aposta da casa para o período, empatada com Itaú Unibanco.

“Acreditamos que a companhia seguirá sendo um dos destaques de nossa bolsa no que tange ao pagamento de dividendos ao longo deste segundo semestre”, afirma a corretora, para a qual a empresa apresenta condições de manter uma forte geração operacional de caixa, considerando um preço do petróleo tipo Brent próximo de US$ 100 o barril.

“Apesar das rusgas em sua governança, vemos as ações já precificando tais riscos e exibindo um desconto ainda grande frente aos pares”, dizem os analistas da Ativa.

A Guide também renovou a escolha pela companhia neste mês e ressalta os fortes números apresentados no segundo trimestre, impulsionados pelo preço do petróleo, além das margens de lucro maiores nos negócios de derivados e gás natural.

“Vemos a estatal cada vez mais eficiente, com margens recorrentemente apresentando melhoras, e o endividamento progressivamente encolhendo”, afirma a instituição.

Tal condição, aliada ao alto nível de geração de caixa e sólida liquidez, possibilitaram que a companhia anunciasse recentemente uma distribuição de proventos equivalente a R$ 6,73 por ação ON e PN, lembra a corretora.

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Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney