Arminio Fraga e Gabriel Srour, da Gávea, explicam por que trocaram China por EUA e a visão para mercados emergentes agora

Os gestores são os entrevistados do 27º episódio do podcast Outliers, que acaba de completar um ano

Eduardo Rosin

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SÃO PAULO – O podcast Outliers completa um ano e, neste episódio de aniversário, contou com um convidado especial: Armínio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central.

Ao longo de pouco mais de uma hora de conversa, Fraga e Gabriel Srour, co-CIO de hedge funds da Gávea, que também participou do episódio, falaram sobre processo de investimento, cenário atual e onde os fundos estão aplicando agora.

“O momento certo de parar ou investir mais é o núcleo de tudo. Como no pôquer, analisamos as probabilidades de continuar ou não. Algumas vezes temos convicção, mas sempre dentro de uma disciplina de risco”, diz Fraga.

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Antes de presidir o BC brasileiro – de 1999 a 2002 –, Fraga teve outra passagem pela instituição, entre 1991 e 1992, quando foi diretor de assuntos internacionais. Além disso, teve posições de destaque na academia e no mercado financeiro. Fez doutorado pela Universidade de Princeton, lecionou no departamento de finanças da Universidade da Pensilvânia e trabalhou nos bancos Garantia e Salomon Brothers.

Também atuou na Soros Fund Management, do investidor de George Soros, um dos gestores mais admirados e bem-sucedidos da história moderna do mercado financeiro. Na Soros, Fraga era um dos responsáveis por investimentos em países emergentes. Um dos principais aprendizados que levou do tempo em que trabalhou na gestora foi analisar os lados macro e micro de cada investimento para decidir onde – e quanto – aplicar.

Em 2003, fundou a Gávea Investimentos, que hoje tem cerca de R$ 15 bilhões sob gestão. A gestora de recursos independente com foco em mercados emergentes tem duas áreas de negócios: fundos multimercados de estratégia macro (que se baseia nos cenários macroeconômicos para direcionar a tomada de decisões sobre quais ativos comprar ou vender) e fundos de private equity.

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“Procuramos olhar as negociações analisando o lado macro e micro, de forma global. Enquanto muitos fundos de bolsas analisam ações, somos especializados em escolher países para depois, se for o caso, dar o passo de investir na região”, disse Fraga.

“Quando analisamos um país, precisamos ver os dados básicos da economia e do sistema financeiro, os riscos e a variável humana”, explicou.

A equipe de fundos multimercado da Gávea é liderada por Fraga e Srour e conta com mais quatro gestores-sêniores divididos por região ou por classe de ativo. “Basicamente, temos uma pessoa olhando Bolsa, outra a América Latina e o Brasil, outra analisando leste europeu e G10, assim por diante. Cada uma dessas pessoas tem um limite de risco e vai gerando ideias”, afirmou Fraga.

Mudança na carteira em 2021

Com o início da vacinação em diferentes países, a Gávea passou a analisar as perspectivas para diversos setores da economia e, no início de 2021, fez uma mudança no portfólio.

“Percebemos que deve ocorrer um aperto na China em relação à política fiscal de crédito”, explica Srour. Com isso, foi tomada a decisão de direcionar os investimentos ao “excepcionalismo americano, focado no dólar, nos juros e procurando proteção”.

Dois eventos foram essenciais para a mudança na carteira. As eleições no Senado americano e a velocidade da vacinação no país, que abriram, em sua avaliação, espaço para ainda mais estímulos fiscais.

Já o cenário para países emergentes, incluindo o Brasil, é essencialmente negativo, na visão da Gávea.

“Estamos apostando na abertura dos juros e em posições de depreciação de moeda. Essas posições têm tamanhos um pouco diferentes. Na parte de inflação e renda fixa, temos um viés negativo e, na parte de Bolsa, estamos com uma posição mais cautelosa, com quase nenhuma grande exposição”, observou Srour.

Para Fraga, os maiores problemas do Brasil são locais. “Existe uma incerteza muito grande em tudo. O governo está muito endividado e a dívida está com o prazo mais curto. Há uma vulnerabilidade relevante e não há nenhum sinal de que essas grandes questões vão ser abordadas. Esse tipo de incerteza afasta investidores.”

O podcast Outliers é apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP. Este episódio contou ainda com a participação de Caio Megale, economista-chefe XP, e Rachel Borges de Sá, analista de macroeconomia da XP. A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.

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Eduardo Rosin

Jornalista colaborador do InfoMoney