Após “febre dos isentos”, investidores irão atrás de risco, avalia Guerra, da Legacy

O CIO da gestora também se mostrou bastante otimista com a alocação em títulos de inflação: "Quem tiver uma carteira de NTN-B uma hora vai ganhar bastante dinheiro"

Bruna Furlani

Felipe Guerra, CIO da Legacy

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O aumento do volume de ofertas e o forte apelo dos produtos de renda fixa isentos puxaram boa parte do fluxo que poderia ir para o risco, mas após essa “febre”, os investidores devem voltar para a renda variável, fundos multimercados e de ações. A avaliação é de Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital. “A Bolsa está barata. Antes, a gente não conseguia comprar nada. Agora, a gente não consegue vender nada”, disse durante o evento Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI nesta terça-feira (2), em São Paulo.

Nos cálculos do executivo, historicamente, o múltiplo das ações locais, que costuma girar entre 17 vezes e 18 vezes, está atualmente em torno de 11 vezes e 12 vezes, o que ele vê como oportunidade para uma valorização. Segundo o executivo, no entanto, é preciso que algum novo evento impulsione as ações brasileiras, em meio à saída de capital estrangeiro da renda variável.

Para Guerra, o momento ainda é de investidores bastante interessados em alocar em debêntures incentivadas, diante do forte volume de ofertas e após restrições nas emissões de ativos isentos de renda fixa pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em fevereiro, que deixaram as incentivadas de fora.

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“Passou a pernada do CDI com os isentos, a turma agora está mergulhando nas debêntures. Os prêmios estão fechados e há vários emissores com B careca”, destacou o executivo, em referência a dívida privada atrelada à inflação sem prêmio em relação aos juros do título público equivalente. Segundo ele, os riscos desse tipo de investimento exigem alocação de tamanho mais limitado.

Otimista com títulos de inflação

Além estar otimista com a Bolsa, o CIO da Legacy destacou que vê oportunidades em deter uma carteira de títulos públicos de inflação. Segundo ele, quando a Selic cruza o patamar de 11%, esses tipos de títulos, com destaque para os mais longos, costumam ir bem. Contudo, aponta que um fator tem dificultado esse movimento.

“Não estão indo bem porque há uma competição com incentivadas. Quando passar, as Bs (papéis de inflação) vão fechar 60 pontos em relação ao pré. Quem tiver uma carteira de NTN-B (Tesouro IPCA+) uma hora vai ganhar bastante dinheiro”, avalia Guerra.