Após calotes em fevereiro, pelo menos 5 FIIs recebem valores em atraso ou com risco de inadimplência

HCTR11, VSLH11, DEVA11 e OURE11 estão entre os fundos que receberam valores até então pendentes

Wellington Carvalho

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Após uma série de calotes, o vento parece ter mudado para os fundos imobiliários, que começam a receber dos devedores valores que até então estavam pendentes ou em risco de não serem quitados – como o aluguel de varejistas em crise financeira.

O FII GGR Covepi (GGRC11), por exemplo, recebeu da Americanas (AMER3), locatária do fundo, o aluguel integral referente ao mês de fevereiro e com vencimento em março. O montante, de R$ 1,509 milhão, representa R$ 0,19 por cota.

No mês passado, a inquilina – que está em recuperação judicial e tem dívidas de mais de R$ 47 bilhões – havia depositado um valor equivalente a apenas 19 dias de locação, calculou o fundo, que se refere ao aluguel do mês de janeiro com vencimento em fevereiro.

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O GGRC11 aluga para a Americanas um galpão de 89 mil metros quadrados em Uberlândia, Minas Gerais. O espaço representa cerca de 24% da área bruta locável (ABL) total do GGR Covepi. O vencimento do vínculo está previsto para setembro de 2027.

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Já o FII Ourinvest Renda Estruturada (OURE11) recebeu a parcela do CRI (certificados de recebíveis imobiliários) Carvalho Hosken Engenharia e Construções, que havia vencido em fevereiro e até então estava pendente.

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De acordo com o fundo, o valor foi quitado nesta quarta-feira (8) com os respectivos encargos moratórios previstos na operação.

O título representa 4,4% da carteira do OURE11 e também faz parte do portfólio do FII Ourinvest JPP (OUJP11) e do JPP Capital Recebíveis – que ainda não se manifestaram sobre a quitação da dívida.

O CRI é um instrumento usado por empresas do setor imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos – em um título, que é vendido aos investidores, como os FIIs.

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Os papéis embutem um rendimento mensal prefixado e a correção monetária por um indicador, que normalmente é a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário) ou o IPCA.

Nesta quarta-feira (8), os FIIs Hectare CE (HCTR11), Versalhes RI (VSLH11) e Devant (DEVA11) também comunicaram o pagamento da parcela do CRI Circuito de Compras, que havia vencido no dia 22 de fevereiro e não havia sido quitada.

O papel financiou a construção de shopping popular homônimo do título, localizado em São Paulo (SP). Também conhecido como Nova Feira da Madrugada, o espaço é considerado o maior centro popular de compras da América Latina.

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Em nota, a gestão do Devant informou que o evento “não provocou qualquer impacto negativo nos rendimentos distribuídos pela carteira”. A gestora diz ainda que, no próximo relatório gerencial do fundo, que será divulgado nos próximos dias, dará mais detalhes sobre a saúde financeira da operação.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.