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Apesar de rali, ações dos EUA enfrentam “parede de preocupações”: o que pesa mais, juros ou economia?

Expectativa de pico de juros nos EUA impulsionou rali em Nova York, mas temor de resultados mais fracos já assombra o desempenho das ações lá fora

Monique Lima

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O mercado de ações dos Estados Unidos vive um paradoxo: o início do ciclo de queda dos juros seria um gatilho para o avanço dos ativos de risco, porém, para que os juros caiam, é necessário que a economia esfrie significativamente – o que impactaria o resultado das empresas e de suas ações.

O cenário é complexo, com pressão dos juros de curto e longo prazo, preocupação fiscal, crise geopolítica, dúvidas sobre a economia e política monetária entre os tópicos que Andrew Reider, diretor de investimentos da gestora WHG, chama de “parede de preocupações”.

“Para as ações subirem, é necessário escalar toda essa parede. E não é um caminho linear”, alerta.

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Na primeira semana de novembro, o comitê de política monetária do Federal Reserve optou por manter os juros na faixa de 5,25% a 5,50%. Embora tenha ficado em aberto a possibilidade de um aumento residual de 0,25 ponto percentual, o mercado já antecipa um pico das taxas americanas e busca sinais de início dos cortes.

“O Fed sinaliza que não vai deixar de subir juros se a economia se mantiver forte e ficará parado caso desacelere. Nenhum dos dois cenários parece positivo para os ativos de risco”, diz Paulo Gitz, estrategista global da XP. “Se o Jerome Powell está cauteloso, nós também estamos.”

Se o momento é de cautela, o que explica o rali da primeira semana de novembro, quando o S&P 500 subiu quase 3% após a decisão do Fed? Para Gitz, foi uma conversão de fatores que retirou pressão das ações, mas não deve ser sustentável no longo prazo.

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Começou com o arrefecimento dos rendimentos dos títulos de longo prazo (10 e 30 anos) devido aos dados mais fracos da economia e a menor emissão de títulos públicos longos pelo governo. Além disso, fatores externos como enfraquecimento da China e manutenção dos juros zerados no Japão também contribuíram.

“Foi uma convergência de fatores que tirou uma pressão muito forte dos ativos de risco globalmente”, diz Gitz. O índice global, ACWI, teve alta de 5,9%.

Mas não é sustentável no longo prazo, uma vez que não há sinais de que o Fed irá cortar os juros e a possibilidade de uma recessão ainda está na mesa

Paulo Gitz, estrategista global da XP

Para os analistas do Morgan Stanley, a recuperação da primeira semana de novembro foi um rali do mercado em baixa, não o início de uma tendência de alta sustentada. Como argumento, eles destacam as revisões de lucro para baixo das empresas que estão apresentando seus resultados e os dados macroeconômicos mais fracos dos EUA.

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“Até que esses fatores se revertam de maneira duradoura, achamos difícil ficar animados com um rali de fim de ano. Em vez disso, mantemos nossa recomendação para investimentos de crescimento defensivo e companhias cíclicas de ciclo tardio”, diz nota publicada pela Bloomberg.

Como posicionar a carteira

Reider, da WHG, afirma que o momento é complexo, mas que o valuation do S&P 500 é muito atrativo, quando desconsideradas as big techs. “Estamos falando de um múltiplo de preço/lucro na faixa de 13,3 vezes para 2024. Setores de transporte, grandes bancos, biotecnologia e outros estão muito amassados”, diz.

O diretor acredita que momentos de crise como o atual são propícios para o posicionamento de uma carteira, visto que o valor das ações está mais atrativo.

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“As big techs continuam caras, já que elas têm negócios mais resilientes e continuam lucrando fortemente. Uma carteira que tenha equilíbrio entre essas gigantes de tecnologia e outros setores mais domésticos é o que consideramos ideal neste momento”, diz Reider.

Gitz aposta na diversificação de setores defensivos, como utilidade pública e saúde, e teses em alta, como tecnologia e energia, na carteira recomendada internacional da XP.

Para ele, setores defensivos oferecem mais proteção em momentos de crise, enquanto tecnologia e energia garantem números mais robustos devido ao cenário de alta atual. “Existem teses boas que independem do macroeconômico. Isso, por si, já é uma indicação da importância da posição internacional.”

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Ainda assim, a posição da corretora é de cautela com as ações internacionais. Mesmo para quem tem um perfil mais agressivo, que investiria cerca de 10% da sua carteira em ações estrangeiras, Gitz afirma que é melhor manter uma posição menor.

“É sempre importante manter uma posição pensando no longo prazo e no dólar, que é uma moeda mais forte. Porém, não pode descartar a cautela com o cenário que é mais crítico. Diminuir a posição e selecionar melhor as ações é crucial”, diz o estrategista global.

Confira a seguir a carteira recomendada internacional da XP para novembro:

Ticker  Empresa Setor  Preço atual (US$)
BABA Alibaba Consumo Discricionário 84,81
AXP American Express Financeiro 152,98
ADM Archer-Daniels-Midland Bens de Consumo 72,04
ASML ASML Tecnologia 639,29
BP BP Energia 34,90
EXC Exelon Utilidade Pública 39,58
JNJ Johnson & Johnson Saúde 150,34
MRK Merck Saúde 104,40
WBD Warner Bros. Discovery Comunicação 9,40
ZTS Zoetis Saúde 170,91

Data-base do preço das ações: 08/11/2023. 

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