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Os americanos não se renderam às “contas rendeiras” mesmo com o patamar de juros elevados nos Estados Unidos. Embora se mostrem preocupados com a inflação, quase 70% dos correntistas não transferiram recursos para contas de maior rendimento. Esse comportamento ocorre mesmo com a maior parte concordando que os juros pagos são importantes para definir qual o melhor prestador de serviços financeiros, segundo pesquisa feita pelo Santander.
O levantamento foi feito com americanos de renda média, que são aqueles com ganhos anuais entre US$ 47 mil e US$ 142 mil. Para 80% deles, a inflação é um fator de preocupação para as finanças. Isso, no entanto, não os levou a procurar opções que garantam melhor rendimento, mitigando a deterioração do poder de compras. Segundo a instituição financeira, 68% não transferiram recursos para “saving accounts” (equivalente a uma conta poupança) que pagam rendimentos maiores.
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Cada instituição informa qual o rendimento dessas contas. A plataforma de dados sobre serviços bancários Bankrate mostra que é possível acessar essas contas com rendimentos em torno de 4,5%, em especial nos bancos digitais. Em alguns casos, é possível conseguir um rendimento de 5% ao ano. A taxa de juros nos Estados Unidos está na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano.
Apesar dessa disponibilidade, o que predomina são os depósitos em contas tradicionais de baixa remuneração. Nos Wells Fargo e no próprio Santander, por exemplo, essa remuneração é inferior a 0,50% ao ano.
A aparente inércia também contrasta com os próprios desejos informados pelos pesquisados. A maior parte deles (93%) disse que ter taxa competitiva era importante na hora de escolher um banco ou serviço financeiro.
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Na avaliação de Rafael Ribeiro, consultor da Raz Consulting, a baixa migração para contas que pagam mais está ligada a um cenário de insegurança. Com o risco de recessão nos EUA aventado durante o primeiro semestre, a opção do correntista foi a de não fazer alterações em seus hábitos.
O cenário faz com que o correntista que está com o dinheiro parado nos Estados Unidos não tire [de seu banco] mesmo sabendo que tem outras opções mais rentáveis
Rafael Ribeiro, consultor da Raz Consulting
Já Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar, afirma que a inércia está ligada a um certo conservadorismo do americano e de sua confiança no sistema bancário tradicional.
“O americano médio entende que mais retorno significa maior risco, então, apesar de confiar no sistema bancário, acaba não mudando para perfil de aplicação de maior risco pra evitar prejuízos”, diz.
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Comportamento dos brasileiros X americanos
Outro fator é que há o entendimento de que esse período de juros elevados nos EUA é temporário – ou seja, que em breve as taxas começarão a cair, assim como os rendimentos elevados de algumas “saving accounts“.
Os investidores de renda fixa estão historicamente acostumados com rendimentos relativamente mais baixos e não enxergam uma grande oportunidade nos juros de curto prazo
Bruno Mori, planejador financeiro
A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos entrevistados (72%) vê que a fonte de recursos para atingir prosperidade financeira está na renda do trabalho ou do negócio próprio. Os investimentos aparecem na segunda colocação, com 41%.
Os dados da pesquisa mostram também um comportamento diferente entre americanos e brasileiros. Ribeiro, da Raz, reforça o caráter imediatista do investidor de mercados emergentes.
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“O comportamento tradicional do investidor, não só do Brasil, mas de mercados emergentes, é mais imediatista. Então, sim, você vai ter sempre esse efeito [de migração] enquanto não tiver uma confiança maior na economia brasileira”, diz.