As 10 maiores altas e baixas de ETFs em março; fundos de índices de criptomoedas e small caps lideram

ETFs internacionais e focados em ESG acumularam as maiores perdas do mês

Katherine Rivas

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O mês de março se caracterizou por um movimento de inversão na preferência dos quase 530 mil investidores de ETFs (fundos de índice) na bolsa brasileira.

Teses ligadas a criptoativos ganharam força com a valorização das criptomoedas, junto a ETFs de small caps – acompanhando o otimismo dos investidores com empresas brasileiras e descontadas.

Na contramão, ETFs internacionais e de empresas de tecnologia perderam espaço nas carteiras, refletindo a preocupação do mercado com as taxas de juros dos Estados Unidos e com o cenário internacional menos atrativo e agravado pela guerra na Ucrânia.

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Recém-chegados na bolsa brasileira, os ETFs de DeFi (finanças descentralizadas), QDFI11 e DEFI11, também atraíram a atenção dos investidores e já ocupavam um espaço entre os fundos de índice com maior valorização.

No balanço de ETFs de março, o InfoMoney apresenta os fundos de índice com melhor desempenho e os que mais desvalorizaram, segundo levantamento exclusivo feito pela Economatica.

Os dez ETFs da B3 com melhor desempenho em março:

ETF Retorno em março
QDFI11 14,07%
ETHE11 12,63%
QETH11 11,86%
TRIG11 10,37%
DIVO11 10,19%
HASH11 9,64%
SMAB11 9,61%
XMAL11 8,96%
SMAL11 8,92%
BBSD11 8,62

Fonte: Economatica 

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Novatos, mas poderosos

Com quase dois meses de vida, os ETFs de finanças descentralizadas (DeFi) já conquistaram um espaço entre os melhores desempenhos. O ETF (QDFI11) foi o melhor desempenho de março, com alta de 14,07%, enquanto o (DEFI11) subiu 8,52% e ocupou o décimo primeiro lugar.

Helena Margarido, analista de criptomoedas da Monett, explica que o aumento expressivo nas iniciativas de DeFi acompanha o forte crescimento do mercado de criptomoedas. Segundo a analista, nos períodos de baixa o mercado alcançou o valor de US$ 1,5 trilhão, enquanto na tarde desta quinta-feira (31), as criptomoedas tinham um valor de mercado de em média US$ 2,09 trilhões.

Já os protocolos de DeFi acumulavam um valor de US$ 159.81 bilhões, segundo dados do CoinMarketCap.

Os ETFs QDFI11 e DEFI11 chegaram à B3 em fevereiro. O QDFI11 replica o Bloomberg Galaxy DeFi Index, com taxa de administração de 0,9% ao ano. Enquanto o DEFI11 segue o índice CF DeFi Modified Composite Index e tem taxa de administração de 1,3% ao ano.

Teses ligadas ao Ethereum lideram

Entre as maiores altas do mês, ETFs que replicam o desempenho da criptomoeda Ethereum se destacaram. Helena Margarido explica que a cotação destes ETFs acompanhou o salto expressivo da criptomoeda. Ela aponta que o Ethereum (ETH) subiu 8,81% em fevereiro. Em março, a criptomoeda avançou 12,6%, segundo dados do CoinGeko.

Na visão da analista, a escalada do Ethereum foi puxada pelas altas de juros dos Estados Unidos, além do aperto monetário a nível global, com países aumentando juros para conter a inflação. “O investidor precisa seguir outras opções de risco para repor a perda da inflação, as criptomoedas passam a ser uma ótima alternativa nesse cenário”, aponta.

O ETF da gestora Hashdex, o (ETHE11), foi a segunda maior alta do mês, valorizando 12,63% em março.

O ETHE11 acompanha o desempenho do índice Hashdex Nasdaq Ethereum Reference Price FI, desenvolvido pela Nasdaq para acompanhar em tempo real o preço de referência do Ethereum. A taxa de administração do ETF também é de 0,7% ao ano.

O ETF QR Ether (QETH11) ficou na terceira posição, com 11,86% de valorização.

O QETH11 replica o desempenho do índice CME CF Ether Reference Rate, que foi projetado para refletir o preço de referência diário do Ethereum. Este é gerido pela QR Asset e possui taxa de administração de 0,7% ao ano.

Helena destaca que, embora várias criptomoedas valorizaram com força em março, o Ethereum ganhou destaque frente aos pares por causa de uma possível implementação do protocolo 2.0, além da possível aprovação de ETFs spot de Ethereum – que investem na própria criptomoeda e não em contratos futuros.

ETFs de criptomoedas também subiram

Na lista dos melhores desempenhos em março, também estão presentes ETFs que replicam o movimento de criptomoedas. É o caso do (HASH11), ETF que reúne na sua cesta 10 criptomoedas diversas.

Segundo Raquel Vieira, especialista em criptomoedas da Top Gain, após um período de queda do bitcoin e outras criptomoedas, estas se recuperaram em março.

Apesar da guerra entre Rússia e Ucrânia ter impacto nesta recuperação, a especialista aponta que o real motivo da alta foi a correção do mercado com investidores voltando a comprar criptomoedas.

Outro motivo que puxou a valorização e refletiu nos ETFs foram as sanções econômicas impostas à Rússia. O país começou a aceitar transações em criptomoedas e muitos investidores tentaram se refugiar nestes ativos para fugir da desvalorização do rublo russo.

O ETF HASH11 também estava entre as maiores altas do mês, com valorização de 9,64% em março.

O fundo de índice replica o Nasdaq Crypto Index (NCI) e reúne dez criptomoedas na sua cesta de ativos: Bitcoin, Ethereum, Litecoin, Chainlink, Bitcoin Cash, Axie Infinity, Uniswap, Stellar, Filecoin, The Sandbox. A taxa de administração é de 1,3% ao ano.

O HASH11 é o segundo maior ETF em número de cotistas da Bolsa brasileira, com 149.704 investidores até fevereiro, segundo dados da B3.

O retorno das small caps

Ainda entre os melhores desempenhos do mês é possível encontrar ETFs que reúnem small caps – empresas de menor capitalização de mercado, até R$ 6 bilhões. Integram a lista o (TRIG11), da gestora Trígono Capital, e os ETFs (XMAL11), (SMAB11) e (SMAL11).

Segundo Felipe Paletta, analista e sócio-fundador da Monett, a alta destes fundos de índice reflete a mudança de percepção dos investidores que estariam tomando mais risco, olhando de forma positiva empresas menores que sofreram com mais volatilidade no começo do conflito entre Rússia e Ucrânia.

“Estas empresas voltaram a ter um desempenho positivo. Com a retomada econômica, o investidor está mais otimista com as empresas brasileiras”, destaca Paletta.

Os dez ETFs da B3 com pior desempenho em março:

ETF  Retorno em março
XINA11 -16,96%
ASIA11 -12,76%
ESGE11 -11,96%
EMEG11 -11,68%
JOGO11 -11,28%
ESGD11 -9,18%
EURP11 -9,14%
5GTK11 -8,43%
BTEK11 -7,74%
ACWI11 -6,76%

Fonte: Economatica 

ETFs internacionais perdem espaço

Na contramão, os ETFs com o pior desempenho em março foram os que acompanham teses internacionais. Entre os que mais caíram estavam: XINA11, ASIA11, EMEG11, EURP11 – que reúnem nas suas cestas de ativos empresas chinesas, europeias e de países emergentes.

Paletta explica que os ETFs (XINA11) e (ASIA11) reúnem as maiores empresas da China que foram impactadas pelos problemas domésticos do país asiático, como o lockdown em algumas cidades pela nova variante do coronavírus, a Deltacron.

O analista destaca também que estas empresas são na sua maioria ligadas ao segmento de tecnologia e por ter exposição global acabam sofrendo com o aumento dos juros americanos. “O velho debate do controle estatal sobre estas empresas chinesas também reflete no ASIA11 e XINA11”, avalia o analista.

Já no caso do ETF (EURP11), a guerra entre Rússia e Ucrânia acaba pesando nas empresas, aponta Paletta, com a inflação e companhias abrindo mãos de negócios por causa do conflito.

Enquanto o (EMEG11), que também reúne algumas empresas de tecnologia, acaba sendo pressionado pelas taxas de juros dos Estados Unidos, segundo Paletta.

O declínio dos ETFs internacionais também foi visto no número de investidores, que procuraram outras alternativas para diversificação. O (IVVB11), que segue o índice S&P 500, e é o ETF com maior número de cotistas da Bolsa, teve uma fuga de investidores pela primeira vez nos últimos 12 meses.

Segundo o boletim mensal da B3, o IVVB11 tinha 173.725 cotistas em fevereiro, abaixo dos 180.184 investidores registrados em janeiro.

Tecnologia sofre e ESG gera dúvidas

Além dos ETFs internacionais que reúnem empresas de tecnologia, outros ETFs ligados ao segmento também caíram em março. Entre eles estão o (JOGO11) e (5GTK11), com queda de 11,28% e 8,43%, acompanhando o aperto monetário global.

Paletta destaca também a desvalorização dos ETFs com empresas ESG (ambiental, social e governança). Segundo o analista, nos últimos anos houve um forte debate sobre esta temática. No entanto, o mercado começa a discutir o custo de implementar o ESG nas empresas rapidamente.

“A gestora Dynamo publicou uma carta onde os gestores se aprofundam no tema ESG e como pode ser custoso para a empresa entrar na temática, sem benefícios claros no curto prazo”, comenta o analista.

Já no Brasil, Paletta destaca que empresas com práticas ESG acabam se concentrando mais nos segmentos de varejo e financeiro, que podem ser afetados com a normalização da política monetária ou fatores macroeconômicos.

Boas oportunidades para abril

Em relação a perspectivas, Felipe Paletta destaca que no mês de abril as small caps podem continuar se beneficiando, principalmente pela recuperação do mercado brasileiro com a entrada de capital estrangeiro.

Além disso, dado o movimento de correção do ouro, que acabou puxando o ETF (GOLD11) para queda, o analista destaca que seria um bom ponto de entrada para comprar o ativo, considerando que a inflação continua elevada e teremos um cenário favorável para as mineradoras de ouro.

Para se expor à China, ele recomenda alocar apenas uma pequena parcela no portfólio, por meio do ETF (EMEG11) que garante também uma diversificação em outras economias, com 27 países emergentes na cesta de ativos.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.