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É difícil olhar para fora dos Estados Unidos quando se trata de investir em empresas de tecnologia. Praticamente todas as gigantes do setor estão listadas no país: Microsoft (MSFT), Alphabet (GOOGL), Apple (AAPL) e Meta (FB). Porém, há ações menos óbvias de outros mercados que também apresentam um histórico de crescimento relevante nos últimos anos.
Marcelo Bartoli, gerente do portfólio de ações globais da Kinea, afirma que há empresas pontuais com negócios interessantes em outros países. “A concentração está nos EUA, mas é possível encontrar casos isolados na Europa e na China, por exemplo”, diz.
O índice de tecnologia do MSCI, MSCI World Information Technology Index, tem 89% de exposição aos Estados Unidos. Porém, os outros 11% se dividem em países como Japão, Alemanha, Canadá, Holanda e outros.
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No top 10 de participação do índice, duas empresas não americanas aparecem: a ASML (ASML34), sediada na Holanda, com 2,3% de peso, e a irlandesa Accenture (ACN), com 1,5% de peso.
Um dos maiores destaques do ano no setor de tecnologia é uma empresa de Taiwan, a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company). Ela é considerada uma das maiores do mundo na fabricação de semicondutores e teve as ações valorizadas em 31,4% desde janeiro, com o frenesi da inteligência artificial. Em dez anos, os ganhos são de 476,3%.
“A TSMC possui essencialmente um monopólio na produção dos chips mais avançados no mundo, que são utilizados por empresas como Nvidia e Apple”, diz Guilherme Novello, analista sênior de tecnologia da WHG.
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É de tecnologia ou usa tecnologia?
Há companhias que têm seus modelos de negócio focados em softwares e produtos tecnológicos. Por outro lado, há também aquelas que aprimoraram seus serviços e produtos por intermédio da tecnologia.
Novello, da WHG, cita duas empresas como exemplo. A Adyen, sediada na Holanda, é uma das principais empresas de pagamentos digitais do mundo, segundo ele. A companhia tem seu modelo de negócio focado em tecnologia.
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No mesmo país, outro destaque é a Booking.com, uma plataforma mundial de viagem e hotelaria, que alcançou relevância global por meio da tecnologia.
Para Bartoli, da Kinea, com o avanço da inteligência artificial, muitas companhias que não são essencialmente de tecnologia poderão se aproveitar da IA para melhorar a produtividade e o modelo de seus negócios.
Porém, antes disso, ele acredita que as empresas fora dos EUA que são essencialmente de tecnologia irão se basear nos modelos dos Estados Unidos para desenvolver suas próprias áreas de inteligência artificial. “As big techs investem nisso há anos. Porém, só agora ficou clara a utilidade e possíveis aplicações para a IA. Então é o momento dessas outras empresas correrem atrás para se atualizarem”, diz o gerente da Kinea.
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Como investir fora dos EUA
Embora a busca seja por companhias fora dos Estados Unidos, a forma mais fácil de acesso a elas é por meio das bolsas de Wall Street. Muitas empresas estrangeiras são listadas na NYSE e na Nasdaq. As que não são podem ser encontradas na composição de ETFs – esses, sim, listados nos EUA.
Atualmente, contas digitais internacionais, como da Nomad, XP Internacional, banco Inter e Avenue dão acesso às ações e aos ETFs das bolsas americanas.
Já para acessar as bolsas europeias ou asiáticas é necessário abrir contas em corretoras dos países sedes das ações – o que é mais complicado em termos de idiomas, apresentação de documentos e até mesmo liberação de conta.
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Diversificação tech
Veja algumas empresas de países fora dos Estados Unidos com negócios relevantes de tecnologia ou atrelados à tecnologia.
Canadá
- Shopify: plataforma de comércio eletrônico, a Shopify tem sede no Canadá e desenvolve softwares de computadores para lojas online e sistemas de varejo. Suas ações estão listadas na NYSE com o ticker SHOP.
Holanda
- ASML: segunda maior empresa da Europa, é especializada em equipamentos para a indústria de semicondutores, que está aquecida em meio à corrida de inteligência artificial. A empresa não é listada diretamente nos Estados Unidos, mas tem ADR (Nasdaq: ASML). É possível ter exposição também por meio de ETFs que acompanham as bolsas europeias.
- Adyen: é uma das principais empresas de pagamentos digitais do mundo. Suas ações estão listadas na Holanda e na Europa – não tem ADR nos EUA. Outra forma de acesso é por meio de ETFs.
Suécia
- Spotify: plataforma de streaming de música, podcast e vídeo, a Spotify tem um negócio global de forte crescimento desde a sua criação, em 2008. Suas ações estão listadas na NYSE com o ticker SPOT.
China
- Tencent: proprietária do WeChat, é a plataforma de comunicação mais usada no país, com mais de 1 bilhão de usuários. Sua ação não é negociada na bolsa de Nova York, somente no balcão e na bolsa de Hong Kong. Também é possível ter exposição por meio de ETFs que acompanham ações chinesas.
- Pinduoduo: gigante do comércio eletrônico, é dona da Temu, varejista concorrente da Shein com forte crescimento nos Estados Unidos e em outros países. Suas ações estão listadas na Nasdaq como ADRs, com o ticker PDD.
- BYD: é uma das maiores fabricantes de automóveis e baterias recarregáveis do mundo. Seus carros elétricos são vendidos mundialmente – inclusive no Brasil. As ações estão listadas na China e em Hong Kong. O acesso mais fácil é por meio de ETFs com exposição à China.
- Alibaba: uma das empresas de tecnologia mais famosas da China, o Alibaba tem operações de e-commerce, tecnologia em nuvem e entretenimento digital. Suas ações estão listadas na NYSE com o ticker BABA.
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Singapura
- Sea Ltd: proprietária da Shopee e do jogo Free Fire, a Sea foi a empresa que mais valorizou mundialmente em 2020. Suas ações são negociadas na NYSE, com o ticker SE
Índia
- Tata Elxsi: é uma fornecedora mundial de serviços de design e tecnologia em vários setores como automotivo, radiodifusão, comunicação, saúde e transporte. Suas ações estão listadas na bolsa indiana NSE. Para ter exposição, a forma mais simples é por meio de ETFs.
- Kellton Tech: a empresa é tecnologia da informação e terceirização, com serviços principalmente para comércio e marketing digital. Suas ações estão listadas na Índia.
Ticker | Empresa | País | YTD | 5 anos | Máximo* |
NYSE: SHOP | Shopify | Canadá | 84,16% | 310,11% | 2.225,09% |
NASDAQ: ASML | ASML | Holanda | 24,30% | 220,25% | 23.367,70% |
AMS: ADYEN | Adyen | Holanda | 19,92% | 167,34% | 273,00% |
NYSE: SPOT | Spotify | Suécia | 98,90% | -12,55% | 10,13% |
SEHK: 0700 | Tencent | China | -0,91% | -8,29% | 42.663,16% |
NASDAQ: PDD | Pinduoduo | China | -6,41% | 221,46% | 221,46% |
SHE: 002594 | BYD | China | -1,14% | 498,98% | 819,64% |
NYSE: BABA | Alibaba | China | 4,83% | -49,04% | 2,80% |
NYSE: SE | Sea Ltd | Singapura | 14,82% | 351,93% | 274,05% |
NSE: TTEX | Tata Elxsi | Índia | 15,07% | 399,52% | 20.613,71% |
NSE: KELL | Kellton Tech | Índia | 51,82% | 128,33% | -18,80% |
*Valorização máxima desde o IPO.
Fonte: Google Finance/ Data base: 24/07/2023