Para onde vai a Bolsa? Cenário é o “mais quente da história”, defende especialista

A convite de Guilherme Benchimol, Luiz Alfredo, sócio-fundador do Guia da Bolsa, usa a metáfora da piscina vazia para analisar o momento atual da Bolsa brasileira  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Enquanto muitos analistas esperam novos recordes para a Bolsa (a XP, por exemplo, projeta 125 mil pontos), uma parcela carrega incertezas relacionadas a fatores como a guerra comercial entre EUA e China ou mesmo as perspectivas para a economia interna.

Para Luiz Alfredo, sócio-fundador do Guia da Bolsa, é preciso observar o momento histórico do país de uma perspectiva pragmática, e compara-lo a outras situações semelhantes, ao estudar o direcionamento da Bolsa para os próximos meses.

Em uma palestra publicada no YouTube do InfoMoney, o especialista explica por que a Bolsa está batendo recordes e fornece fundamentos essenciais para o investidor seguir sua jornada em ações (assista ao vídeo completo no player acima). Basicamente, ele defende que, mesmo se os problemas do Brasil nos negócios permanecerem, ainda há motivo para otimismo.

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Cotação vs. Negócios

Embora seja importante observar fundamentos antes de investir, o que de fato modifica os preços das ações na bolsa é o efeito destes fundamentos. Especificamente, a entrada e saída de investidores (compra e venda de papéis).

Alfredo explica o conceito com a metáfora da piscina: “quando está sol, isso tende a atrair pessoas para a piscina”. A superlotação na Bolsa é o que explica grandes quedas na em 2008, mesmo com fundamentos positivos: descoberta do pré-sal, investment grade, reajuste do minério, nada disso foi capaz de conter as grandes quedas da bolsa naquele ano, graças ao número de investidores – ou um nível altíssimo de “água”.

Não à toa, as crises internacionais de 1992, no Japão; 1994, no México; 1997, na Ásia e Rússia; 2000, com a bolha da internet; e 2008 com as hipotecas subrime, todas representaram quedas semelhantes na Bolsa entre a máxima e a mínima (mesmo que os fundamentos e a gravidade do problema não fossem os mesmos em todos estes crashes).

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Existe um limitador da queda, que é justamente o número de pessoas que saem da “piscina”. “Basicamente, o controlador de uma empresa não vende na crise. O salva-vidas da piscina sempre fica lá”, diz o especialista.

O dia mais quente da história

Percentualmente, a participação do investidor internacional no Brasil está próxima à mínima histórica. De 2,40% da carteira global em dezembro de 2009, a representatividade do Brasil caiu para 0,47% em novembro de 2018. A piscina está vazia, e qualquer raio de sol tem potencial de trazer novos banhistas da gringa.

Nacionalmente, o cenário é o mesmo. A média de alocação dos fundos multimercados no país é de 14%. Hoje, este número está em 10,22% – abaixo da média, portanto.

Nessa frente, o raio de sol já começa a aparecer com a taxa de juros. Uma Selic baixa diminui os ganhos na renda fixa, o que, historicamente, aumenta a busca de gestores de fundos por opções potencialmente mais rentáveis – incluindo a bolsa.

Em outras palavras, a base histórica demonstra que, sempre que há queda embasada na taxa de juros, há aumento de participação em bolsa. Pressão de comprador significa, em geral, novas altas.

A Selic está justamente na sua mínima histórica (6,5%). Macroeconomicamente analisando, uma grande capacidade ociosa e a alta taxa de desemprego sugerem que esse patamar não deve estar perto de subir tão cedo.

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“Você está diante de um cenário em que tem dois grandes players na menor posição simultaneamente – na qual qualquer coisa pode fazer um dos dois, ou quem sabe os dois, aumentarem posição”, resume Alfredo. “E eu volto à pergunta: quem vai vender se 80% do volume da bolsa é de estrangeiros ou de indústria local?”, questiona. “A probabilidade é bem interessante”. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney