20 insights para você sair na frente nessa temporada de resultados

Mercado está tão preocupado com as eleições que se "esqueceu" que a temporada de balanços está para chegar - será que esqueceu mesmo?  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Os últimos três meses foram intensos na bolsa de valores, graças aos altos e baixos resultantes dos momentos de otimismo e pessimismo com o cenário eleitoral do país. O que muitos parecem ter esquecido é que, ao longo destes meses, as empresas cujas ações estão listadas continuaram funcionando – e está chegando a hora de divulgarem seus resultados financeiros aos investidores.

A partir desta terça-feira (23), as empresas brasileiras listadas na bolsa iniciam oficialmente a divulgação de seus resultados. Você pode conferir as datas mais importantes clicando aqui.

O InfoMoney conversou com analistas e especialistas para selecionar os insights mais importantes a que os investidores devem ficar atentos antes mesmo da liberação dos números oficiais. Confira os 20 pontos mais importantes, positivos e negativos:

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  1. 1. GOL X Azul: aéreas sofrem com combustíveis

    Aéreas devem ter margens pressionadas pela depreciação do real e combustível a preços elevados. Azul deve sofrer menos na comparação por oferecer uma malha mais exclusiva de destinos – e portanto ter menor necessidade de brigar no preço das passagens. No curto prazo, ações da Gol têm respondido muito bem à reorganização societária envolvendo a Smiles, cujo grande (e talvez único) ganhador foi a própria Gol.

  1. 2. Lojas Renner: blindagem no setor de consumo?

    Passado um 2º tri afetado pela pela greve dos caminhoneiros, os números do 3º tri virão melhores para o setor de varejo, mas ainda piores do que se comparado com o mesmo período de 2017. No entanto, Renner conseguiu passar imune por essas adversidades, disse ao InfoMoney um analista de investimentos que teve contato com representantes da empresa.

  1. 3. Ecommerce 1: Via Varejo impactada

    No badalado setor de e-commerce, a Via Varejo deve ser a pior do trio (que conta também com B2W e Magazine Luiza), reflexo da dificuldade de implementação de um novo sistema de vendas mais tecnológico, o que fará as vendas crescerem bem menos que seus concorrentes e as margens comprimirem drasticamente. As units da empresa já refletem isso na bolsa, tendo caído quase 20% desde a metade de setembro.

  1. 4. Ecommerce 2: B2W em franco crescimento

    Por outro lado, a B2W deve mostrar um prejuízo menor neste trimestre graças ao término dos impactos da greve dos caminhoneiros. Espera-se forte crescimento das vendas online (27%) e principalmente do marketplace (79%). Assim como Via Varejo, as ações da B2W já refletem essa melhora: alta de 50% desde 17 de setembro e fechamento no maior patamar em bolsa desde setembro de 2014.

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  1. 5. Ecommerce 3: Magazine Luiza, a queridinha das temporadas de balanço

    A atual varejista mais valiosa do Brasil continua apresentando resultados sólidos. O crescimento nas vendas online deve vir em 55% na comparação ano a ano, muito a frente de seus concorrentes. Ação subiu tanto quanto B2W desde 17 de setembro, mas no longo prazo a alta de Magalu é impressionantemente maior.

  1. 6. Bancos 1: bonança generalizada

    Santander deve ser o melhor dentre os bancos, que no geral apresentarão números robustos. O motivo é basicamente uma “inércia” em um crescimento que já vem forte há tempos. 

  1. 7. Bancos 2: Bradesco é destaque

    Um destaque maior entre bancos é o Bradesco, cujo lucro líquido esperado é de R$ 5,7 bilhões, o que representa um crescimento de 9,7% frente ao segundo trimestre. A carteira de pessoas físicas da instituição deve crescer 7,6% no período.

  1. 8. Ambev: Brasil não matou a sede

    “O Brasil me obriga beber” aparentemente não foi o mote deste período eleitoral. O volume de vendas de cerveja deve apresentar queda no país inteiro, com retorno apenas em setembro – o que não salva o trimestre. Para a Ambev, espera-se margem Ebitda consolidada em 40,8%, praticamente “flat” ante os 40,1% apresentados no mesmo período de 2017.

  1. 9. Papel e Celulose em bom momento

    Tanto Suzano como Klabin, exportadoras, se beneficiam de custos mais baixos e resultados melhores, graças à depreciação do real ante o dólar. Espera-se Ebitda de R$ 2 bilhões para Suzano e R$ 1,2 bilhão para Klabin. Com o dólar caindo de R$ 4,10 para R$ 3,70 nas últimas semanas no “rali Bolsonaro”, os números do 4º trimestre devem vir mais magros.

  1. 10. Petrobras: dias melhores

    Os resultados da estatal refletem preços 2% mais altos para o petróleo, depreciação de mais 10% do real e maiores margens de refino com reajustes de gasolina e diesel ao longo do trimestre. Na bolsa, no entanto, o rali eleitoral é quem tem guiado o otimismo dos investidores.

  1. 11. Ultrapar: perigo à vista

    O que é ruim pode ser pior: margens menores na rede Ipiranga devem pressionar os resultados da Ultrapar neste trimestre. E a ação já vem “apanhando” por conta disso, mesmo já tendo caído 45% em 2018. Vale lembrar que esse movimento é parcialmente balanceado pelo diesel mais forte.

  1. 12. BRF e JBS: sombras do passado recente

    As gigantes de alimentos devem vir com resultados bons, mas ainda impactados por problemas do passado. Na bolsa, momentos distintos: JBS subiu 15% nas últimas semanas e zerou as perdas de 2018, enquanto BRF já perdeu 43,7% de valor de mercado no ano.

  1. 13. Marfrig: thank you, USA
    Para a Marfrig, o mercado espera resultados fortes, visto que a demanda por carne nos EUA vem forte e a National Beef corresponde a 70% da receita total. Soma-se a isso, naturalmente, o dólar forte.
  1. 14. Cielo: custos de guerra

    A guerra das maquininhas transformou a Cielo em uma enorme produtora de despesas. Os resultados devem vir fracos por este motivo. Por outro lado, como a ação CIEL3 não parou de cair ao longo do ano (queda de 41,7% em 2018), a reação dos investidores pode ser mais contida.

  1. 15. Localiza, Movida e Locamérica: trimestre de gastos

    Locadoras de veículos em geral utilizaram os últimos meses para investir em frotas, o que deve pressionar as margens. Ainda assim, o crescimento dos negócios está saudável. Um adendo para Localiza e Locamerica: enquanto a primeira acostumou mal o mercado com números excelentes (e pode por isso decepcionar no 3º tri), a segunda pode continuar trazendo bons frutos da fusão com a Unidas anunciada final do ano passado.

  1. 16. Shoppings: aguardando o Natal

    Em geral, a comparação com o trimestre anterior, altamente impactado pela greve dos caminhoneiros e pela Copa do Mundo, será positiva. Mas o crescimento ainda é vagaroso. As vendas nas mesmas lojas devem crescer pouco ano a ano, entre 2% e 3% na média. As taxas de vacância devem demorar um pouco ainda para diminuir. Na bolsa, o fechamento da curva longa de juros (proxy para o desempenho das ações) tem trazido um sentimento positivo de curto prazo.

  1. 17. Embraer voa baixo

    As entregas de aeronaves no trimestre foram mais fracas que o esperado pelo mercado (39 ante estimativas acima de 45). A alavancagem operacional deve ser fraca nas frentes comercial e executiva; já a frente de defesa pode ser impactada pelo real fraco. Mas isso pouco deve mexer com as ações, já que as atenções estão todas para os próximos capítulos do acordo com o Boeing.

  1. 18. Estácio gasta menos

    Setor ainda está passando por um novo momento com o fim do Fies. Alguns investidores estão otimistas com Estácio pela combinação de melhora no EAD (Ensino à Distância), foco em redução de custos e performance negativa em bolsa (ação caiu 12% em outubro e 33% em 2018). 

  1. 19. Hapvida: desconfiança no mercado

    No trimestre anterior, a maior empresa de saúde suplementar do Nordeste apresentou margens apertadas e falou em aumento da sinistralidade por conta de uma temporada mais longa de viroses. Há ainda uma certa desconfiança a este respeito porque outras empresas que atuam na região não apresentaram estes efeitos no balanço, diz um gestor que acompanha o papel.

  1. 20. B3: resultados piores? Tudo bem
    Mesmo com o aumento do volume financeiro na Bovespa por conta da corrida eleitoral, a B3 deve reportar queda no volume negociado na BM&F (que contempla os mercados futuros). No entanto, o futuro favorável que se desenha com a combinação de juro baixo, votla de IPOs e novos produtos anunciados ao investidor deve sustentar o preço das ações em bolsa.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney