Faz sentido? Entenda como a Bolsa pode abrir oportunidade de compra se Haddad for eleito

De 23 gestores consultados pela reportagem, 19 disseram que o cenário mais provável em caso do petista ser eleito é de queda do Ibovespa e que isso vai abrir o chamado "buy opportunity" – chance de comprar ações a um bom preço

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Se Fernando Haddad (PT) vencer as eleições presidenciais a Bolsa deve ter uma queda significativa e abrir oportunidade de compra. Esta é a visão da maioria dos gestores de fundos ouvidos pelo InfoMoney durante a Expert XP 2018, a maior feira de investimentos do mundo, realizada pela XP Investimentos entre os dias 20 e 22 de setembro.

De 23 gestores consultados pela reportagem, 19 disseram que o cenário mais provável em caso do petista ser eleito é de queda do Ibovespa e que isso vai abrir o chamado “buy opportunity” – chance de comprar ações a um bom preço. Isso não quer dizer que este seja o cenário ideal para o mercado financeiro, pelo contrário. Mas é uma sinalização de que o mercado aposta que se a esquerda ganhar vai precisar manter certa austeridade na política econômica e fiscal, além de fazer as reformas necessárias – caso contrário, será muito difícil governar.

Henrique Bredda, gestor da Alaska Capital, acredita que se Haddad for eleito o Ibovespa deve cair para entre 60 mil e 70 mil pontos em um curto espaço de tempo. Entretanto, assim que o mercado se acalmar, o índice tende a recuperar toda perda no máximo até o final do ano. “Nós acreditamos que essa retomada seja questão de meses”, diz. Bredda é gestor do fundo Alaska Black, um dos melhores fundos de ações dos últimos anos. Em 2016 o Black valorizou 129% e 74% no ano seguinte.

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O economista Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos, concorda com a provável queda da Bolsa neste cenário. Ele não acredita que o governo petista comece o mandato com uma política econômica temerária. “Acho que Haddad faria as principais reformas, porque ele tem que se manter no poder. Ele precisa conseguir governar para, aí sim, poder levantar as bandeiras que gostaria – como ocorreu em 2002″, acredita.

Buccini pondera que para que haja uma revalorização dos ativos é preciso que o cenário externo também seja favorável.

Nove gestores ouvidos – metade dos 18 que enxergam oportunidade de compra –  afirmam que o nível de entrada do Ibovespa em caso de vitória de Haddad é entre 55 mil e 65 mil pontos. Atualmente o índice está na casa dos 78 mil pontos.

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Veja abaixo os números da pesquisa:

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2 – Haverá “buy opportunity” com Haddad eleito? *
Sim  18 (78%)
Não  3 (13%)
Depende  2 (9%)
   
3 – Se sim, em que patamar é o buy opportunity” com Haddad? 
Entre 55 mil e 65 mil pontos 9 (50%)
70 mil  1 (0,6%)
Abaixo de 55 mil 1 (0,6%)
Não opinaram 7 (38,8%)

* Participaram da pesquisa: AZ Quest, Canvas Capital, Ibiuna, Novus Capital, Paineiras, Rio Bravo, Real Investor, SPX, Pacífico, Garde, Safari Capital, Absolute, Verde, Kapitalo, Apex, Alaska, Bahia, MZK, Sparta, Franklin Templeton, Mauá, Indosuez e XP Gestão.

Tendência de alta no longo prazo

Para Bredda, a tendência do mercado acionário é de alta no longo prazo, independentemente de quem ganhar as eleições. “Nós temos uma visão de que a Bolsa é desconectada de política no longo prazo. Notícias relacionadas à política podem causar oscilação de 10/15 mil pontos para cima ou para baixo, mas isso não vai mudar a tendência”, acredita o gestor da Alaska.

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Ricardo Amorim também espera queda da Bolsa – e oportunidade de compra

 O sentimento dos gestores de fundos é compartilhado pelo economista Ricardo Amorim. Durante sua palestra na Expert XP 2018, ele afirmou que se Haddad for eleito o dólar pode atingir o patamar de R$ 5 e a bolsa vai despencar significativamente.

“Vai ser uma oportunidade de comprar”. Isso porque o investimento estrangeiro vai ficar mais vantajoso: o gringo vai comprar ativos no Brasil a preço de banana. Aí o preço dos ativos sobe e o dólar cai”, exemplifica. “As grandes oportunidades nascem no caos, quando todo mundo acredita que já era”, destacou.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip