“Não, a culpa não é da Petrobras”, diz consultor financeiro; entenda como o preço é calculado

Para Jansen Costa Silva, assessor da Fatorial Investimentos, o grande problema é a "alta carga tributária do país"

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – A paralisação dos caminhoneiros, que começou na última segunda-feira (21), já afeta diversos setores da economia como a falta de combustível, a distribuição de produtos, circulação do transporte público e até o funcionamento de aeroportos. Enquanto alguns atribuem o cenário à Petrobras, outros acreditam que o problema vem de algo maior. 

Para Jansen Costa Silva, assessor de investimentos CFP da Fatorial Investimentos, “a culpa não é da Petrobras”. “A lógica de culpar a empresa estatal distribuidora de combustível é um grande erro”, diz. Ao atribuir a culpa do preço do combustível e da greve à Petrobras, Silva diz que “estão culpando o insumo e não a cadeia como um todo” e que “a empresa não tem culpa”.

Ele explica que 45% do preço da gasolina vendida ao consumidor final é formado por impostos (ICMS, Cide, PIS/Pasep e Cofins), enquanto 34% representa a realização da estatal. 

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De acordo com o assessor, o custo do diesel está mais alto em função do aumento do valor do petróleo no mercado internacional, e o grande problema é a alta carga tributária do país. “Por falta de recursos, o governo tem dificuldade de remanejar esses tributos (receita) e depende do Congresso para isso”, diz. Jansen explica, porém, que não é algo fácil de ser resolvido: “o governo não consegue tirar o imposto da gasolina sem colocar outro”. 

Outro fator citado pelo agente autônomo é a dependência nacional ao transporte rodoviário, que além de não receber investimentos suficientes, não explora as hidrovias e ferrovias. 

Entenda como é formado o preço da gasolina

petrobras

O preço final da gasolina é composto por quatro parcelas: i) realização do produtor ou importador, no caso a Petrobras; ii) pelos tributos (Cide, PIS/Pasep e Cofins, e ICMS); iii) pelo custo do Etanol Anidro (fixado pelos seus produtores) e iv) pelas margens de comercialização das distribuidoras e dos postos revendedores. 

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Quando o consumidor abastece em um posto, ele adquire a gasolina “C”, que é uma mistura da gasolina “A” comercializada pela Petrobras (73%) com Etanol  Anidro (27%). As distribuidoras compram a gasolina pura das refinarias e o etanol das usinas produtoras e misturam esses dois componentes para formar a gasolina “C”, vendida aos postos, que estabelecem os preços a serem cobrados do consumidor. 

O preço que a Petrobras vende a gasolina “A” para os distribuidores pode ser representado pela soma do valor do produto Petrobras com os tributos, que são cobrados pelos estados (ICMS) e pela União (Cide, PIS/Pasep e Confins). 

O consumidor, quando abastece, paga pela gasolina “C”, que além da parcela da Petrobras, que representa 34% do valor, também paga pelo Etanol Anidro (12%), pela margem de distribuição e revenda (9%) e pelos tributos, que representam a maior parcela do valor final: 45%. Destes, 29% são do ICMS e 16% do Cide e PIS/Cofins, de acordo com levantamento feito pela Petrobras entre 13 e 19 de maio. 

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