Grandes investidores mostram as ações que compraram para ganhar mais

Entre as ações citadas pelos gestores estão: a Grazziotin, a Locamérica, a Vale, a Equatorial e a Cosan

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Diversos investidores, de diferentes gestoras, mostraram as ações que escolheram para ganhar mais no longo prazo. Entre as ações citadas estão: a Grazziotin (CGRA4), a Locamérica (LCAM3), a Vale (VALE5), a Equatorial (EQTL3) e a Cosan (CSAN3).

Grazziotin
Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos, falou sobre as ações da small cap Grazziotin, que tem sede em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A companhia possui 302 lojas, que são distribuídas em cidades pequenas (até 100 mil habitantes) do interior do estado, de quatro seguimentos diferentes: o Grupo Grazziotin (moda, calçados e perfumaria), a PorMenos (linha íntima, confecções, calçados, cama, mesa e banho), a Tottal Casa & Conforto (reforma, manutenção e conforto para o lar) e a Franco Giorgi (moda masculina). Além disso, a empresa ainda possui a Grazziotin Financeira, com 450 mil clientes ativos.

Segundo o gestor, um dos grandes trunfos da companhia atualmente é o poder de barganha com os fornecedores, visto que ela não tem grandes concorrentes, mas sim concorre apenas com pequenas lojas desorganizadas. “Os concorrentes nessas cidades pequenas são lojas únicas e pequenas, que não oferecem nenhuma ameaça à empresa. Já as lojas grandes, como Marisa, Renner e etc, só estão nas cidades grandes, pois não vale a pena para elas este nosso nicho”, afirmou.

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Além disso, outra característica positiva da companhia é que a dívida dela é zero e ela possui um caixa grande, atualmente em R$ 73 milhões, o que os possibilita a dar muito crédito para os clientes.

Nos últimos cinco anos, as ações da companhia já valorizaram 134,24% e, segundo o gestor, tem espaço para ainda crescer muito mais.

Locamérica
Já André Gordon, gestor da GTI Administração de Recursos, comentou sobre as ações da Locamérica, que, segundo ele, podem valorizar 125%, passando de R$ 4,00 para R$ 9,00.

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A Locamérica é uma companhia de locação de frota de automóvel, que hoje negocia em bolsa abaixo do seu valor de frota líquida. “É um setor muito fragmentado e ela é a segunda principal, atrás apenas da Localiza no segmento de frotas. No entanto, apesar de estar em segundo, ela se destaca em diversos pontos”, disse.

O gestor explicou que ela está neste preço, desvalorizado, porque ela optou por liquidar frota, o que pressionou o mercado secundário o gerou uma perda, que veio num momento de resgates da indústria como um todo. “Isso, para uma ação pouco líquida, é muito ruim”, afirmou. “Grandes acionistas que vieram desde o IPO desfizeram posições. Ela saiu de R$ 9,00 para R$ 3,00”, completou Gordon.

Somente neste ano, as ações da companhia já desvalorizaram 41,96%, mas, neste mês, a alta doi de 37,93%, até o fechamento de segunda-feira (26).

A GTI comprou a ação a R$ 3,00 e hoje ela já está em R$ 4,00, mas o valuation da gestora é R$ 9,00, com premissas conservadoras. “Nós achamos isso, além de outros fatores, pelo fato de que, hoje em dia, a penetração de frota no Brasil é de 5,4%, mas ela pode chegar a 10%. Quase dobrar no curto prazo”, contou.

Vale
A Vale foi mencionada por Leonardo Messer, gestor da Oceana Investimentos. Segundo ele, é um ótimo momento para entrar nos papéis e “quem apostar na blue chip irá ganhar muitos frutos no longo prazo”.

O especialista afirmou que a companhia já sofreu bastante neste ano por conta da China e do efeito deixado pelos maus investimentos feitos na gestão passada, em não ferrosos, o que trouxe um grande impacto na rentabilidade da Vale.

Tudo isso trouxe a empresa para um nível de preço que deixa uma margem de segurança grande, mesmo colocando preços de minério em premissas bem conservadoras no longo prazo. “As pessoas tem dificuldade em enxergar a margem de segurança da Vale por conta da China, que está com o cenário conturbado e incerto” disse.

Para Messer, a gestão da Vale hoje está muito mais alinhada com os interesses dos acionistas, focada na rentabilidade dos projetos, alocação apropriada do capital, redução de custos, do que foi no passado.

As ações da empresa já caíram 16,04% neste ano, mas, em maio, os papéis valorizaram 0,91%. “Então temos bom retorno, boa gestão e múltiplos atrativos, visto que ela está sendo negociada abaixo do seu valor patrimonial”, completou.

Enquanto as ações da mineradora estão custando R$ 26,89, segundo o fechamento de terça-feira (27), seu valor patrimonial é de R$ 28,65, o que representa um P/VPA (preço da ação dividido pelo valor patrimonial por ação) de 0,94. Quando este número está acima de 1, a empresa está cara, quando está abaixo, ela está barata e atrativa. No entanto, vale lembrar que isso nunca deve ser analisado isoladamente.

Cosan
Antenor Gomes Fernandes, gestor da STK Capital, falou sobre a Cosan, que, segundo ele, está passando por uma transformação impressionante nos últimos 10 anos.

A empresa que faturava R$ 600 milhões em 2000, em 2008, com a consolidação do setor sucroalcooleiro, passou a negociar R$ 6 bilhões de receita e, atualmente, R$ 36 bilhões de receita, após uma fantástica diversificação de setores. “Ela passou de um negócio cíclico e imprevisível, que dependia do clima e do câmbio, para uma empresa que só tem hoje 20% neste segmento em seu Ebitda e o resto em geração de fluxo de caixa bastante previsível”, contou.

Segundo ele, no primeiro momento, a Cosan consolidou o setor, ficando com 10% do mercado total. Ela moi 65 milhões de toneladas, que é mais que o dobro do segundo player. “Sem falar que ela tem uma vantagem estrutural competitiva em um mundo que necessita de energia e açúcar”, contou Fernandes.

Em 2008 a companhia fez uma Joint Venture com a Shell e criou a Raízen, consolidando a distribuição dos postos Esso em postos Shell, assim criando um mercado extremamente sólido, lucrativo e rentável.

Em seguida, ela comprou o controle da Comgás (60%), em 2012, que é a distribuidora mais rica de São Paulo e que está crescendo de forma estrondosa, com um grande caixa que vai ser utilizado para financiar outras áreas. Recentemente, em outro segmento, com a Rumo ela comprou o controle da ALL. “As duas serão consolidadas e formaram uma gigante no setor”, completou.

A empresa é dividida da seguinte forma: 24% energia (10% açúcar, 10% álcool e 4% cogeração de energia), 30% na questão de gás, 26% na distribuição de combustível, 12% na nova ALL/Rumo, 5% na parte de lubrificantes e, por fim, 3% na Radar, empresa de terra.

Equatorial
A Equatorial é uma ótima aposta de investimento para este ano, independente se houver ou não racionamento de energia, na opinião de Breno Guerbatin, gestor da Studio Investimentos, asset que possui mais de R$ 260 milhões sob seus cuidados.

Segundo o especialista, a história do racionamento foi o grande tema, a surpresa que tivemos neste ano. Desde o final do ano passado, nós estamos enfrentando uma situação de chuva que, se já vimos, foi uma única vez na história, e o impacto no setor como um todo pode ser relevante, principalmente no setor de distribuição, porque, em teoria, no ciclo de revisão tarifária, tudo é devolvido na tarifa e eles continuam remunerando a base regulatória.

“O que vai decidir se irá ter ou não racionamento será o índice de chuvas daqui para frente, até o fim deste ano”, disse Guerbatin. “No entanto, se simularmos um racionamento de 10%, o efeito na Equatorial será de R$ 600 milhões e a taxa de 13% real irá para 11% real neste ano, o que ainda é um retorno muito bom, então tem uma taxa de segurança boa”, completou.

Em 2014, a Equatorial está com uma queda de 3,16%, mas, neste mês, a valorização, por enquanto, é de 9,63%. De acordo com as perspectivas da gestora, a perspectiva para a companhia é muito positiva, por conta também da capacidade de turnaround da Celpa, que foi comprada pela Equatorial em 2012 e incorporada em 2013.

De acordo com o gestor, a companhia já tinha feito esse trabalho antes e novamente foi muito bem sucedida, visto que a Celpa estava em um estado deplorável quando foi adquirida, com uma dívida de R$ 3 bilhões e em recuperação judicial. “Todo o processo de melhorias e qualidade dos serviços vem sendo tocado e já mostrando resultado, em linha com o que a Equatorial acredita”, finalizou.