Maior gestor de fundos do Brasil diz onde existem oportunidades na Bovespa

SÃO PAULO – Apesar da alta do Ibovespa (principal índice da Bovespa) nestas duas semanas, os últimos anos não foram nada fáceis para os investidores de ações brasileiras. Mas Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM (divisão de gestão de recursos do Banco do Brasil) afirma que existem oportunidades no mercado acionário nacional.

A BB DTVM é a maior gestora de recursos do país. Nada menos do que 1,404 millhão de investidores confiam nas mãos de Takahashi e sua equipe a impressionante cifra de R$ 491 bilhões (R$ 470 bilhões em fundos de investimentos e R$ 21 bilhões em fundos estruturados e offshore, segundo dados da Anbima). Só em fundos de ações são R$ 57 bilhões sob custódia da asset.

Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, o maior gestor do Brasil citou alguns setores que podem ter bom desempenho na Bovespa, mesmo em meio à volatilidade e às incertezas que ainda pairam sobre o mercado nacional.

“As empresas de educação ainda têm potencial para trazer retornos interessantes”, acredita o executivo. Ele lembra que muitas se beneficiam de programas do governo, como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). “O Brasil possui uma demanda grande para ensino e programas como este impulsionam o setor”, aponta. O Fies possibilita que o aluno financie o pagamento das mensalidades da universidade com juros acessíveis.

Mesmo sem citar nomes, Takahashi lambra que o investidor tem diversas alternativas para investir em empresas de educação na Bolsa. “Este setor possui uma boa exposição no mercado de ações brasileiro, são várias companhias com capital aberto”, ressaltou. Atualmente, o setor de educação conta com as seguintes ações negociadas na Bovespa: Estácio (ESTC3), Abril Educação (ABRE11), Kroton (KROT3) , Anhanguera (AEDU3) (apesar da fusão entre Kroton e Anhanguera, as ações ainda estão sendo negociadas separadamente), Anima (ANIM3) e Ser Educacional (SEER3).

 Outro setor que, na opinião de Takahashi, deve apresentar bons retornos ao investidor é o financeiro. Empresas como BB Seguridade (BBSE3), Cielo (CIEL3) e alguns bancos podem ser uma opção rentável, segundo ele. “Este é um setor que vem mostrando consistência. O crédito ainda mostra espaço para crescer com qualidade”, ressalta.

O executivo também vê potencial no setor de alimentos (carnes e aves), mais especificamente nas empresas de frigoríficos que possuem forte presença nos EUA, Reino Unido e outras partes da Europa. “São regiões que estão com perspectivas positivas de crescimento, e companhias relacionadas com este pedaço do mundo também tendem a se comportar melhor”, acredita. “O investidor pode expandir esta visão e olhar para empresas que têm uma atividade importante no exterior e que podem ser beneficiadas com o crescimento dessas economias”, continua.

Volatilidade e fundamentos

O presidente da BB DTVM lembra que a Bolsa brasileira vem passando por momentos difíceis nos últimos anos, e aponta que um dos motivos é o fluxo de investimentos no país, que diminuiu devido à aversão ao risco. “A nossa Bolsa ainda é muito impactada pelos fluxos. E os fluxos estão muito associados à aversão a risco e a melhoria de risco em outros países e continentes. Isso traz um impacto para a nossa Bolsa”, destaca.

Outro fator que pesou no resultado do Ibovespa foi a alta concentração do índice em empresas de commodities.”As commodities sofrem com o crescimento dos emergentes, e a China traz o maior impacto [a economia chinesa está mostrando sinais de retração nos últimos meses]. Em um contexto geral, isso [fluxos e concentração do Ibovespa] explica porque o índice sofre com tanta volatilidade e nesses últimos anos está decepcionando”, ressalta.

No entanto, ele também lembra que investidores que não seguem o Ibovespa ou outros índices setoriais têm mais chances de conseguir bons retornos. “É aí que o gestor passa a fazer uma grande diferença. Isso se reflete no desempenho de fundos que possuem uma gestão mais ativa, fundos de ações livres, por exemplo”, conclui o executivo.