“Nova regra do Ibovespa tira fruta podre do cesto”, diz analista sobre a OGX

Com as mudanças anunciadas pela bolsa, o Ibovespa passará a ter como critério de ponderação o valor de mercado das empresas

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – Com as mudanças anunciadas pela bolsa recentemente, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, passará a ter como critério de ponderação o valor de mercado das empresas, e não mais o volume negociado, mas só a partir de 2014. Assim, o benchmark da Bovespa se igualará a todos os outros do mundo, visto que era o único diferente até então.

De acordo com Henrique Kleine, analista-chefe da Magliano Corretora, em palestra na Expo Money 2013, a medida foi extremamente coerente, pois já estava na hora de nos igualarmos às outras bolsas ao redor do mundo neste quesito. “A empresa tem que ter um bom valor de mercado, afinal, o volume não importa se a empresa não tiver valor nenhum. A OGX (OGXP3) é a prova disso, pois o valor dela é irrisório”, afirmou.

Com a nova regra, ações que valem menos de R$ 1,00 não podem fazer parte do índice, e as únicas ações do benchmark nessas circunstâncias são as da OGX. “Ou seja, ou eles conseguem fazer um grupamento e juntar as ações ou estão fora do índice. Essa nova regra irá tirar a fruta podre do cesto, para evitar que ela contamine o resto”, disse Kleine.

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Simulação do Ibovespa sem a OGX
Segundo uma simulação da Magliano Corretora, a situação do Ibovespa estaria bem melhor se nenhuma empresa do Grupo EBX fizesse parte dele.

De acordo com o analista-chefe, quando eles olharam o desempenho do Ibovespa de julho de 2008 até setembro de 2013, perceberam que o benchmark ficou praticamente no mesmo nível. “Claro que tiveram as oscilações no meio do caminho, mas depois de cinco anos de bolsa, nós não saímos do lugar, estamos praticamente no mesmo preço, com uma queda de 9%”, disse. No entanto, quando eles olharam o mesmo período, mas excluindo o Grupo EBX, do empresário Eike Batista, o índice ficou positivo em quase 3,5%. “Ou seja, passamos de -9,0% para +3,43%, o que mostra o quanto um grupo como esses contamina o mercado”, completou.

Para Kleine, é por isso que nós devemos tomar muito cuidado com certas empresas, principalmente porque o critério de ponderação do nosso principal índice ainda é diferente de todos os outros índices do mundo. “Uma empresa que tem 3 bilhões de ações a R$ 0,40, quase que não vale R$ 1 bilhão, enquanto empresas que valem muitos bilhões não estão no índice”, explicou o especialista.

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Recomendação de OGX, em 2008 ou agora, é caso de CVM
O analista-chefe da Magliano afirmou que a corretora nunca recomendou compra de nenhuma ação do Grupo EBX. “Quando foi feito o IPO da OGX, eu vi analistas falando que ela tinha potencial de valorização de 70%, 80%, e eu achava aquilo um absurdo. Achava aquilo ser caso de o relatório ir para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para ser analisado, para saber como ele tinha chegado naquele número, porque eu não conseguia”, afirmou. “Eu podia virar o balanço de ponta cabeça que eu não conseguia chegar aos 80%. Mas isso é o trabalho da CVM: chamar essas pessoas e perguntar qual é o critério de avaliação que eles usaram”, finalizou Kleine.