A lição que a OGX deixa para os ‘sardinhas’ da bolsa

De acordo com analistas, as perdas devem ser usadas como lição para investimentos futuros, afinal, segundo eles, empresas pré-operacionais representam um elevado risco

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A OGX (OGXP3), companhia do setor de Petróleo e Gás do Grupo EBX, pertencente ao empresário ex-bilionário, Eike Batista, já fez muitos investidores perderem dinheiro. A empresa entrou na bolsa de valores como pré-operacional, com promessas muito tentadoras de seu controlador, o que levou os pequenos (e muitos grandes) investidores a apostar nos papéis da companhia.

No entanto, quem comprou os papéis da empresa há alguns meses (ou anos) viu seu patrimônio diminuir drasticamente.  No seu ápice, as ações da OGX valiam R$ 23,37 (preço máximo de fechamento do dia 15 de outubro de 2010), enquanto na mínima elas valiam apenas R$ 0,39 (no dia 03 de julho de 2013). Isso representa uma queda de 98,33%, ou seja, quase o seu valor total em menos de três anos.

No mês de agosto, as ações reagiram, registrando uma alta de quase 30% até o fechamento da última sexta-feira (23), mas a queda acumulada de 2013 ainda passa dos 80% e as ações da empresa são as únicas do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores, que custam menos de R$ 1,00.

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Contudo, o que isso pode ensinar aos pequenos investidores da bolsa?

De acordo com analistas, as perdas devem ser usadas como lição para investimentos futuros, afinal, segundo eles, empresas pré-operacionais representam um elevado risco. “Colocar dinheiro em uma companhia que, na verdade é um projeto, é um investimento de risco muito elevado. É comum empresas pré-operacionais abrirem capital e os investidores apostarem nela para um longo prazo, mas é preciso ter em mente de que o risco desta operação é muito grande mesmo”, afirmou Pedro Galdi, analista-chefe da SLW.

Para ele, no caso da OGX, a empresa se endividou muito e não conseguiu ter geração de caixa, o que causou desconfiança, ainda por cima em um momento muito ruim de bolsa. “A companhia de Eike até agora não deu em nada”, disse.

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Mas, de forma geral, apostar em uma empresa projeto vai do perfil de investidor. Ainda de acordo com o especialista, princípios básicos que ele precisa ter em mente é que o investimento tem que ser para o longuíssimo prazo e que ele estará correndo um risco muito grande. “A chance de ganhar muito é a mesma de perder muito e, no caso da OGX, quem entrou com os papéis a R$ 23,00, perdeu muito, visto que hoje custa R$ 0,80”, explicou. No entanto, vale lembrar que a situação podia ter sido inversa.

Segundo Galdi, o investidor tem que entrar no papel de uma empresa pré-operacional preparado para fortes emoções, porque ou ele vai ganhar muito ou perder muito. “OGX deixa uma lição para os investidores no futuro: ter mais cautela ao apostar muito dinheiro em empresas que não passam de um projeto, pois o risco é muito grande”, completou.

Setor arriscado e a importância de diversificar
De acordo com Adriano Moreno, analista da Futura Investimentos, a OGX, além de abrir capital sendo pré-operacional, ainda é uma empresa que pertence a um setor que já oferece mais risco, por natureza. “Empresas pré-operacionais impõe mais risco, isso é fato, mas sendo de um setor como esse (petróleo e gás) a possibilidade de perda é muito elevada, ou seja, o investidor tem de estar preparado para correr um risco muito grande”, afirmou.

Segundo ele, o grande ensinamento que a OGX deixou é que empresas pré- operacionais são muito arriscadas e devem ser evitados por investidores iniciantes. Até mesmo os investidores mais experientes têm de se precaver e colocar um percentual pouco representativo de seu portfólio em empresas desse tipo. Moreno critica uma característica dos investidores pessoa física brasileiros, que costumam concentrar sua carteira em poucos papéis. “Quem tinha 5% em OGX, por exemplo, não perdeu tanto, mas quem alocou 80% de seu portfolio na empresa hoje com certeza se arrependeu disso, pois perdeu grande parte de seus recursos”, finalizou.