PIB decepcionante, alta do juro e do dólar; veja onde investir neste cenário

A saída, de acordo com André Mallet, gerente de renda fixa da Um Investimentos, são os títulos privados incentivados

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2013 decepcionou o mercado novamente. A economia brasileira cresceu 0,6% nos três primeiros meses do ano, sendo que analistas esperavam uma alta entre 0,9% e 1,0%. Em relação ao primeiro trimestre de 2012, o PIB registrou crescimento de 1,9%, no entanto, economistas aguardavam uma média de 2,3%, de acordo com pesquisa da Reuters.

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Paralelamente a isso, o Banco Central optou por continuar o ciclo de aperto monetário, levando a taxa Selic a 8% ao ano na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorreu na semana passada. A medida de elevar o juros estaria vinculada a mais uma tentativa da autoridade monetária de controlar a inflação, que chegou a ultrapassar o teto da meta de 6,5% ao ano.

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A alta de 0,5 p.p. da Selic surpreendeu o mercado, que aguardava uma elevação de apenas 0,25 p.p., devido ao resultado do PIB. Ou seja, a medida necessária para controlar a inflação, pode prejudicar ainda mais o crescimento do país no próximo trimestre, além de tornar a bolsa de valores brasileira, que já anda mal das pernas há algum tempo, ainda mais desinteressante para os investidores. A saída, de acordo com André Mallet, gerente de renda fixa da Um Investimentos, são os títulos privados incentivados.

“A minha dica para o atual cenário é entrar em títulos privados que contenham isenção fiscal, como debentures de infraestrutura, CRIs (Certificado de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e outros papéis indexados ao CDI que sejam isentos de IR, pois a rentabilidade final fica interessante sem o imposto”, explicou o gestor.

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De acordo com ele, esse não é melhor momento para entrar em títulos públicos indexados à inflação ou pré-fixados. “Quando o BC indicar o fim do ciclo de aperto monetário, mais para o final do ano, vai ser a hora certa de entrar nesses títulos, pois a inflação vai estar mais frouxa”, explicou o gestor. “Para quem não quer correr risco, ao invés dos títulos privados, a minha dica é a de entrar em um título público indexado à Selic, como as LFTs, do Tesouro Direto”, completou.

Para os mais experientes, existem alternativas na bolsa
Segundo Pedro Galdi, analista-chefe da SLW corretora, é preciso levar em consideração que, apesar de a economia do Brasil e a indústria não decolarem, alguns fatores ainda continuam estáveis, como, por exemplo: a taxa de desemprego, que continua baixa; a renda, que continua estável; e as classes mais baixas, que estão tendo acesso a consumo.

Sendo assim, apesar do cenário complicado, existem algumas companhias que ainda podem ser boas opções no mercado acionário, de acordo com o analista. “A Vale (VALE5) e a Gerdau (GGBR3) são dois bons exemplos disso. As empresas de celulose também, que apesar de serem muito endividadas em dólar, tem um faturamento também em dólar, ou seja, o impacto inicial é positivo, até porque a dívida delas é de longo prazo. Se as dívidas dela fossem de curto prazo, seria um desastre, porque teriam que assumir esse câmbio mais forte, mas como não são, então você tem apenas o efeito contábil da variação monetária sobre o resultado financeiro do próximo trimestre, então Suzano (SUZB5) e Fibria (FIBR3) também entram nessa história”, explicou o analista-chefe.

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Ainda no mercado interno, Galdi indicou também o setor de autopeças, que se beneficia com esse dólar em alta e a prorrogação do IPI, com ênfase para a Marcopolo (POMO4), que tem unidades no mundo todo, e a Randon (RAPT3), que está na mesma situação. “Como o PIB, divulgado na semana passada, foi segurado pela soja, então o setor agrícola também fica em evidência, como BrasilAgro (AGRO3) e SLC Agrícola (SLCE3)”, continuou.

Na linha do consumo no mercado doméstico, o analista recomendou a Ambev (AMBV4), a Souza Cruz (CRUZ3) e a Minerva (BEEF3), que também, segundo ele, são boas opções. No setor de bancos, para Galdi, independente de qualquer situação, Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB3) são boas opções. “Já em relação às empresas de concessões, considerando que o governo vai ter que acelerar as coisas na questão da infraestrutura, que está uma vergonha, também são recomendadas CCR (CCRO3) e Arteris (ARTR3), que são empresas de concessão com potencial. No setor de educação, recomendamos Anhanguera (AEDU3) e Kroton (KROT3), que vão fazer uma fusão. No setor elétrico, na linha defensiva, recomendamos Cemig (CMIG4), Coelce (COCE5) e Copel (CPLE6). O setor de petróleo não é legal para esse momento de dólar em alta”, finalizou.

Investir em dólar apenas para proteção
O dólar também disparou nas últimas semana no Brasil. Em maio, a moeda norte-americana registrou alta de mais de 7% e começou a preocupar o governo, que na última terça-feira (5) decidiu zerar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para os estrangeiros na renda fixa. O Objetivo é trazer mais liquidez para o país e conter o avanço da moeda. Segundo especialistas, investir em dólar com objetivo de ganho de capital não é muito recomendado, devido ao forte caráter especulativo da aplicação. No entanto, para quem vai fazer uma viagem, aplicar na moeda norte-americana pode ser uma opção de hedge (proteção do capital).  Todos os gastos feitos no exterior por meio do cartão de crédito, por exemplo, são calculados em dólar pela administradora e, consequentemente, o valor da fatura virá com a variação da cotação da moeda no período. Ou seja, se o dólar estiver muito mais alto do que na época que você planejou a viagem, ela saíra muito mais cara que o planejado.

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Para se proteger de uma eventual alta da moeda, o investidor deve calcular quanto gastará em sua viagem e comprar a mesma quantidade de dólares, ou mesmo aplicar o dinheiro em algum fundo cambial atrelado à essa moeda. Ao voltar de viagem e receber a sua fatura, venda seus dólares, pague a fatura com o dinheiro e guarde (ou invista) o que sobrou.