Volatilidade não deve ser encarada como principal risco da bolsa, diz especialista

De acordo com especialista, risco não está nas oscilações da bolsa, e sim na queda permanente de um papel

Gabriella D'Andréa

Publicidade

SÃO PAULO – A volatilidade do mercado de ações causa medo em muitos investidores. Muitos não têm estômago para aguentar o sobe e desce dos preços dos papéis, principalmente daqueles que, historicamente, oscilam mais. No entanto, este não deve ser encarado como o principal risco da bolsa, na opinião do colunista do site The Motley Fool, Mogan Housel.

Para explicar seu ponto de vista, ele conta que, durante uma conversa com um gerente de um dos maiores fundos soberanos do mundo, o CEO da BlackRock (maior gestora de recursos do mundo), Larry Fink, ouviu que o fundo tinha como objetivo investir por várias gerações, mas quando questionado sobre como ele mensurava a performance da aplicação, a resposta do gerente foi: “Trimestralmente”.  Fink imediatamente se questionou sobre a preocupação com o desempenho do  fundo no curto prazo. Afinal, qual o sentido de um fundo com objetivos de longuíssimo prazo se atentar tanto às oscilações mensais?

O colunista lembra que, de acordo com muitos livros que explicam a teoria dos investimentos, o risco é equivalente à volatilidade do mercado. Sendo assim, quando uma ação sobe ou desce em um ritmo mais acelerado que seus pares, ela é uma aplicação arriscada, ou quando a bolsa tem um ano ruim, muitos acham que ela se torna um mal investimento. Mas, segundo Housel, esse é um pensamento errado, principalmente se você é um investidor de longo prazo.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Charlie Munger, vice-presidente da Berkshire Hathaway (companhia fundada e presidida por Warren Buffett), descreve o risco desta forma: usar a volatilidade como um medidor de risco é loucura. Risco para nós é o risco de perda permanente do capital, ou o risco de um retorno inadequado”, aponta Housel.

Partindo dessa premissa, ele ressalta que o risco maior não é a queda ou a alta abrupta de uma ação, e sim quando o papel cai e não volta mais para o preço que estava quando você comprou. Se isso acontece, o investidor terá dificuldades de atingir o objetivo -como a aposentadoria – e quando decidir “pendurar as chuteiras”, não terá um montante suficiente para se manter financeiramente.

Ciclo sem fim
Assim como a bolsa já viveu anos negros, ela também já teve sua época de ouro, como em 2007 e o início de 2008. O mercado de ações sempre será assim, volátil.

Continua depois da publicidade

Atualmente, estamos vivendo um período nebuloso na bolsa depois da crise vivida em 2008 e da consequente debandada de muitos acionistas que passaram a temer o mercado de ações. Com isso, muitos acabaram partindo para a renda fixa, que tem tido um retorno pífio perto do que as ações podem entregar. Tudo para evitar a volatilidade no curto prazo.

Como sugestão, Housel diz que antes de escolher entre uma ação ou um fundo, a pergunta a ser feita não deve ser quanto risco você aceita, e sim o que é risco, pois se você possui mais de uma década para investir, a volatilidade do mercado de ações não deveria assustar tanto. Agora, perder uma grande quantia em títulos, isso sim é um risco de verdade.