Bolsa: será que janeiro pode prever o desempenho do ano?

Para especialista, máxima dos investidores já não funciona mais na realidade em que vivemos de mudanças rápidas e drásticas

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – Alguns especialistas e profissionais do mercado de ações acreditam que o primeiro mês do ano é decisivo para o desempenho do restante do ano. Mas será que é mesmo? Para o colunista do site Market Watch, Jeff Reves, a máxima não é verdadeira para o novo mercado que vem se construindo após a crise de 2008 e as sucessivas turbulências pelas quais o mundo tem passado.

Segundo Reves, neste momento, a correlação entre janeiro e o resto do ano não passa de uma ficção. Para ele, não há como prever o que vai acontecer durante 11 meses com base em apenas 1. E essa impossibilidade ocorre desde meados de 2000, período em que passamos a viver na era do ponto com, isso é, da internet e das mudanças repentinas.

Um exemplo dado pelo colunista, utilizando como base o indicador S&P 500 (Standart & Poor’s) da NYSE (Bolsa de Valores de Nova York), é que desde 2001 houve apenas 5 anos em que janeiro ditou o restante do desempenho anual, isso é, menos da metade dos 12 anos que se seguiram desde então, conforme mostra a tabela abaixo:

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“E se você quiser permitir que coisas como o ganho 0,10% de 2011 contem como tecnicamente previsível, que eu acho tênue, a taxa de vitória dos últimos 12 anos é de 50-50”, aponta Reves.

Como sugestão para fazer as estatísticas trabalharem a seu favor, ele sugere que o investidor pode utilizar a internet para se informar sobre eventos como a bolha dos últimos anos e a crise de 2008 para fazer uma análise do que aconteceu e como a bolsa se comportou durante o ano. Foi dessa forma que o colunista analisou que em 10 dos últimos 15 anos há uma correlação entre eventos que abalaram a economia e os resultados finais da bolsa. 

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No caso do Brasil, o Ibovespa (principal benchmark do mercado acionário brasileiro) conseguiu demonstrar o desempenho para o restante do ano em 6 anos, contando de 2001 até 2012, como mostra a tabela abaixo:

Ano Desempenho de Janeiro Desempenho anul  Veredicto
Fonte: BM&FBovespa
2001 15,82% -11,02% Errou
2002 -6,31% -17,01% Acertou
2003 -2,91% 97,33% Errou
2004 -1,73% 17,81% Errou
2005 -8,51% 27,71% Errou
2006 13,05% 32,93% Acertou
2007 0,38% 43,65% Quase acertou
2008 -6,88% -41,22% Acertou
2009 4,66% 82,66% Acertou
2010 -4,65% 1,04% Quase acertou
2011 -14,75% -18,11% Acertou
2012 11,13% 7,40% Acertou


Para Reves, isso apenas mostra que podemos estar em uma época em que essa previsibilidade não existe mais. Antigamente, ele aponta que ter como base o mês de janeiro funcionava muito bem, mas a ordem econômica atual não deixa espaços para previsões tão certeiras em um prazo tão longo.

Por último, o especialista sugere que o investidor pode pegar os dados mais antigos da bolsa para consultar e aprender um pouco sobre a movimentação do mercado após os resultados de janeiro, mas que agora, isso precisa ser feito com uma boa dose de ceticismo.