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SÃO PAULO – Alguns especialistas e profissionais do mercado de ações acreditam que o primeiro mês do ano é decisivo para o desempenho do restante do ano. Mas será que é mesmo? Para o colunista do site Market Watch, Jeff Reves, a máxima não é verdadeira para o novo mercado que vem se construindo após a crise de 2008 e as sucessivas turbulências pelas quais o mundo tem passado.
Segundo Reves, neste momento, a correlação entre janeiro e o resto do ano não passa de uma ficção. Para ele, não há como prever o que vai acontecer durante 11 meses com base em apenas 1. E essa impossibilidade ocorre desde meados de 2000, período em que passamos a viver na era do ponto com, isso é, da internet e das mudanças repentinas.
Um exemplo dado pelo colunista, utilizando como base o indicador S&P 500 (Standart & Poor’s) da NYSE (Bolsa de Valores de Nova York), é que desde 2001 houve apenas 5 anos em que janeiro ditou o restante do desempenho anual, isso é, menos da metade dos 12 anos que se seguiram desde então, conforme mostra a tabela abaixo:
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“E se você quiser permitir que coisas como o ganho 0,10% de 2011 contem como tecnicamente previsível, que eu acho tênue, a taxa de vitória dos últimos 12 anos é de 50-50”, aponta Reves.
Como sugestão para fazer as estatísticas trabalharem a seu favor, ele sugere que o investidor pode utilizar a internet para se informar sobre eventos como a bolha dos últimos anos e a crise de 2008 para fazer uma análise do que aconteceu e como a bolsa se comportou durante o ano. Foi dessa forma que o colunista analisou que em 10 dos últimos 15 anos há uma correlação entre eventos que abalaram a economia e os resultados finais da bolsa.
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No caso do Brasil, o Ibovespa (principal benchmark do mercado acionário brasileiro) conseguiu demonstrar o desempenho para o restante do ano em 6 anos, contando de 2001 até 2012, como mostra a tabela abaixo:
Ano | Desempenho de Janeiro | Desempenho anul | Veredicto |
---|---|---|---|
Fonte: BM&FBovespa | |||
2001 | 15,82% | -11,02% | Errou |
2002 | -6,31% | -17,01% | Acertou |
2003 | -2,91% | 97,33% | Errou |
2004 | -1,73% | 17,81% | Errou |
2005 | -8,51% | 27,71% | Errou |
2006 | 13,05% | 32,93% | Acertou |
2007 | 0,38% | 43,65% | Quase acertou |
2008 | -6,88% | -41,22% | Acertou |
2009 | 4,66% | 82,66% | Acertou |
2010 | -4,65% | 1,04% | Quase acertou |
2011 | -14,75% | -18,11% | Acertou |
2012 | 11,13% | 7,40% | Acertou |
Para Reves, isso apenas mostra que podemos estar em uma época em que essa previsibilidade não existe mais. Antigamente, ele aponta que ter como base o mês de janeiro funcionava muito bem, mas a ordem econômica atual não deixa espaços para previsões tão certeiras em um prazo tão longo.
Por último, o especialista sugere que o investidor pode pegar os dados mais antigos da bolsa para consultar e aprender um pouco sobre a movimentação do mercado após os resultados de janeiro, mas que agora, isso precisa ser feito com uma boa dose de ceticismo.