Investment Picks: ações que estão nas carteiras de grandes investidores

Cosan, Restoque e Direcional são algumas das empresas citadas pelos gestores

Diego Lazzaris Borges

Publicidade

SÃO PAULO – Na média, analisando as empresas mais negociadas na bolsa de valores, o desempenho neste – e nos últimos 2 anos – tem sido muito pouco satisfatório. No entanto, empresas menos líquidas e que muitas vezes não estão no radar da maior parte dos investidores estão garantindo um retorno atrativo no mercado acionário.

Em busca de boas oportunidades, gestores de fundos de valor – que buscam na análise fundamentalista encontrar ações com forte potencial de valorização -, se destacam em meio às turbulências da bolsa. Na última semana, o Seminário de Valor Fórum Value São Paulo 2012, reuniu alguns desses gestores, que mostraram algumas das ações em que acreditam e que estão na carteira de seus fundos.

Cosan (CSAN3)
A Cosan é uma das empresas que constam no portfólio da Perfin Investimentos. O sócio e gestor, Alexandre Sabanai, aponta que a empresa possui múltiplos atrativos. “Na nossa visão, a Cosan hoje trada muito barato. Está com múltiplo de 8,5 vezes o Ebitda (geração operacional de caixa), com um market cap de R$ 16 bilhões”, pontua.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Entre os pontos que chamam atenção na companhia, Sabanai destaca a Radar, empresa de terras agrárias que tem a Cosan como um dos sócios. “A Radar é um investimento que a Cosan iniciou em 2007, para aquisição e arrendamento de terras. Hoje o business de arrendamento garante um yield de 5%, é um business com uma margem Ebitda altíssima, de 90%”, explica.

O gestor aponta que no último trimestre, a Radar capitalizou 23 mil hectares de terra avaliados em R$ 550 milhões. “Isso dá um valuation implícito, na Radar, de quase R$ 3 bilhões. A Cosan tem 40% deste valor, mas vai ter a opção de compra de mais 20%,ou seja, vai passar a ter praticamente 60% da Radar. Ou seja, a companhia, que era sócia minoritária, fez um novo acordo de acionistas para se tornar controladora, com uma opção de comprar 20% da empresa ao valor de custo”, afirma Sabanai.

Além disso, ele ressalta a capacidade dos controladores de alavancar os negócios da companhia. “A capacidade do management de alavancar os business e criar valor é muito grande. Ou seja, você tem um mercado potencial grande e tem um management que tem uma capacidade de alavancagem dos negócios enorme”, diz.

Continua depois da publicidade

Como exemplo, Sabanai ressalta que o hectare médio de lavoura no Brasil custava R$ 5 mil, número que praticamente dobrou em 2012. “O Brasil é um dos únicos países que tem forte potencial de crescimento na área agrícola, então acho que tem uma avenida para a Cosan percorrer”, concluiu.

Restoque (LLIS3)
O gestor da Perfin também possui posição na empresa Restoque, dona da marca Le Lis Blanc. “Pode ser um bom momento para olhar e comprar”, disse. Ele ressalta que, além da conhecida marca de varejo feminino, a companhia recentemente diversificou o business e apostou em outras marcas. “Ela abriu novas frentes: a Bobo, a John John e a Noir. Por fim, também adquiriram a operação da Rosa Chá [em julho deste ano]”, aponta Sabanai.

Segundo ele, tanto a Bobo quanto a John John estão apresentando bons resultados. Já a Noir tem enfrentado dificuldades. “A Noir errou na coleção, apostaram muito no fashion, agora vão trocar. Mas ao mesmo tempo é uma marca que, apesar de estar derrapando, tem uma produtividade (receita líquida por metro quadrado) muito boa. E eles viram onde está o problema, desaceleraram um pouco a abertura de lojas da Noir para tentar arrumar a casa”, pontua.

Continua depois da publicidade

O gestor também destaca que a Restoque saiu de um market cap (estimativa do valor total da empresa a partir da sua cotação em bolsa) de R$ 400 milhões, desde a abertura de capital, para R$ 1,4 bilhão. “Hoje ela trada 9 vezes o Ebit, que para o universo de varejo é um leve desconto”, disse. Além disso, Sabanai ressaltou o crescimento do número de lojas. “A base de lojas da Le Lis praticamente dobrou, estão com aproximadamente 100 lojas. Somando todas as outras marcas, são quase 200 lojas, sendo que mais de 40% foram abertas nos últimos 12 meses” diz.

A receita líquida por m2 das empresas também são altas. Na Le Lis Blanc está entre R$ 17 e 18 mil, por ano. Na Bobo, é de R$ 21 mil. A John John com R$ 12 mil a R$ 13 mil e a Noir com R$ 8 mil a R$ 9 mil. “A empresa vem num crescimento acelerado. É uma empresa com margem bruta de 70%, enquanto nos outros varejistas você vai encontrar 35% a 40% – ou seja, você tem uma margem de manobra gigantesca”, afirma.

Por fim, Sabanai diz que a projeção de crescimento da Le Lis é praticamente o sobro de todos os outros players do varejo de vestuário presentes na bolsa. “A gente enxerga praticamente 40% de crescimento anual até 2015, contra 20% das outras varejistas. Acho que é um caso interessante para analisar, a empresa antes tradava a premio, agora trada a desconto”

Publicidade

Wilson Sons (WSON11)
Para o sócio e gestor da Pavarini e Opice Gestão de Ativos, Renato Opice Sobrinho, uma empresa que o investidor deve olhar de perto é a Wilson Sons. Segundo ele, a companhia de logística marítima tende a crescer por conta da campanha exploratória da costa brasileira. “A Wilson Sons possui contêineres em Salvador e no Rio Grande do Sul. Em Salvador eles acabaram de fazer um investimento muito grande, praticamente dobrando a capacidade”, afirma.

A empresa possui 50% do mercado de rebocagens no Brasil e conta atualmente com 72 rebocadores. Destes, 50 têm tecnologias novas e estão aptos a rebocar navios de maior porte. “Navios grandes precisam de rebocadores com muita tecnologia”, diz Opice. Além disso, a empresa ainda conta com uma área voltada exclusivamente para ajudar na exploração de petróleo. “A construção de barcos e arrendamento para a Petrobras de embarcações tipo PSV (Platform Supply Vessel), navio de apoio marítimo, ela tem 14 unidades junto com o grupo chileno chamado Ultratug. Até 2017 querem chegar a mais de 30 embarcações”, afirma Opice.

Segundo o gestor, cada embarcação custa em média US$ 55 milhões, e o arrendamento custa, em média, US$ 35 mil por dia. “A Wilson Sons está crescendo muito neste negócio, vai colocar até 2017 US$ 800 milhões e os chilenos vão colocar mais US$ 800 milhões. A empresa vai contar com um financiamento da marinha mercante brasileira, é um dinheiro muito barato”, diz.

Continua depois da publicidade

De acordo com ele, a exploração demanda serviços que a Wilson Sons está preparada para fazer, tanto na construção de embarcações como na operação de logística dessas embarcações. “O Brasil hoje tem 350 embarcações deste tipo (PSV), e 170 são estrangeiras. A Petrobras já definiu a necessidade de mais 300 embarcações para 2017, ou seja, tem um mercado enorme” ressaltou.

Outro ponto importante citado pelo sócio da gestora é a duplicação do estaleiro da empresa no Guarujá (SP). “Este estaleiro tinha capacidade para 4,5 mil toneladas/ano vai para 10 mil toneladas/ano. Dá para fazer muita embarcação deste tipo e rebocadores”, afirma. Por tudo isso, ele conclui que a empresa deve ter crescimento nos próximos 10 anos, período que costuma durar uma exploração petrolífera como esta. “Com o Pré-sal, que está com localizado a uma distância duas vezes maior da costa, a Wilson vai ter uma oportunidade muito boa”, conclui.

OHL (OHLB3)
O sócio e gestor da Bresser Asset Management, Rodrigo Bresser, acredita no potencial de valorização das ações da OHL, empresa que atua no segmento de concessões rodoviárias e mantém os papéis na carteira do fundo de ações que gere. “Um dos pontos interessantes da OHL é a estabilidade do negocio. Primeiro ela tem um múltiplo que não é muito alto, está negociando por volta de 8 vezes o lucro, o que é considerado baixo para o mercado. Vemos várias empresas negociando a 10, 12, 14 vezes”, pontua Bresser.

Publicidade

O gestor aponta que 40% das ações da empresa estão no free float (em circulação no mercado), mas a liquidez é pequena. “Quem compra estas ações compra para o longo prazo. Eu, por exemplo, já tenho há 5 anos”, afirma. Ele destaca que a empresa participou de duas grandes rodadas de concessões e adquiriu o direito de administrar importantes rodovias. “São contratos muito bons, onde ela tem uma taxa de retorno muito alta”, afirma.

Entre as rodovias que são administradas pela companhia estão a Fernão Dias, Autopista Régis Bittencourt, Autopista Fluminense, Autovias, Intervias, Centrovias.

Além disso, Bresser aponta que existem eventos que ainda não estão precificadas na ação e que ainda podem acontecer. “Se a empresa conseguir contratos, na faixa de retorno de 9% real seria muito bom, por exemplo”, aponta, lembrando que os contratos são sempre corrigidos pela inflação, o que também é interessante para a companhia. “Acredito que a empresa tem muito potencial nessa renovação dos contratos”, continua.

“Se a OHL vencer as concessões, eu acredito que quem comprar essas ações vai ganhar muito mais do que no CDB. Acredito que ganhe uns 15% ao ano, enquanto o CDB paga cerca de 7,5%”, conclui.

Direcional (DIRR3)
O sócio e gestor da Set Investimentos, Sérgio Fontana, possui em seu fundo ações da Direcional Engenharia, companhia focada na construção de habitações populares. A empresa é especializada em fazer grandes conjuntos habitacionais sem elevador, com poucos andares. “Eles constroem em Salvador, Belém, Manaus, Belo Horizonte e outras capitais. Os conjuntos têm de duas mil unidades a até 8 mil unidades”, aponta.

O gestor afirma que construindo conjuntos deste tamanho, a Direcional desenvolveu uma tecnologia “imbatível”. “Eles têm uma escola de formação dos funcionários da obra dentro dos empreendimentos. Começam com a escola, recrutam, os funcionários todos registrados, e vão de conjunto em conjunto fazendo como uma linha de montagem. Com isso, ela é uma das poucas construtoras que conseguem ganhar dinheiro com habitação popular, o que não é fácil”, afirma Fontana.

Segundo ele, a Direcional está sendo negociada entre 9 e 10 vezes o lucro. “Mas vale observar que o uso de capital é muito limitado, porque as obras são todas financiadas pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação) ou pelo Minha Casa, Minha Vida. O crescimento está na ordem de 15 a 20% ao ano, este mercado é enorme. A empresa atua fora de São Paulo, e é aí que está acontecendo este crescimento, principalmente no Centro -Oeste, Norte e Nordeste”, concluiu.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip