Acesso de investidor de varejo a commodities agrícolas divide opiniões

Mercado teve alta rentabilidade no ano passado, mas os riscos são altos; confira opiniões sobre o assunto!

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – As commodities agrícolas têm ganhado a atenção dos investidores, basta pensar que seus preços estão em alta e têm sido apontados como vilões da inflação no Brasil e no mundo.

Estes investidores aplicam no mercado futuro, em contratos baseados nestas commodities. A opção pode ser boa em termos de rentabilidade, mas é preciso cuidado quanto aos riscos da modalidade, principalmente em se tratando de pessoas físicas.

O mercado futuro de commodities agrícolas é um mecanismo usado por agentes econômicos que negociam a compra e a venda de algumas commodities ao longo do ano, com o objetivo de reduzir os riscos da variação de preços desses produtos e o impacto que isso poderia trazer às suas receitas.

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Em uma ponta, está alguém tentando reduzir os riscos de suas receitas (um produtor querendo proteção) e, na outra, está o especulador, que pode ser uma pessoa física, um fundo de investimento ou qualquer agente que enxergue neste tipo de operação uma forma de obter lucro.

Às pessoas físicas
A corretora XP Investimentos lançou no ano passado a possibilidade de seus investidores pessoas físicas aplicarem por meio de home broker nestes contratos. Como resultado, o número de clientes deste mercado dobrou no ano passado e deve dobrar também neste ano.

“Tem chamado atenção dos investidores desde o ano passado a alta das commodities. O número de clientes ainda é baixo, comparando com o universo de investidores de bolsa, mas está crescendo mais do que a bolsa”, disse o gerente comercial BM&F da corretora, Jorge Teixeira.

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Para ele, o caminho natural é o investidor aplicar em ações e depois no mercado futuro. “São pessoas que estão em bolsa, mas que buscam algo além da oscilação deste mercado”. A corretora possui 3 mil pessoas físicas aplicando no mercado futuro todo o mês.

De acordo com ele, as principais commodities agrícolas do Brasil – café, boi, milho e soja, por ordem de liquidez – tiveram uma rentabilidade expressiva de, em média, 50% no ano passado e, neste ano, já subiram em média 8%.

“A nossa expectativa é de que em 2011 não tenha uma alta tão grande, mas ainda tem oportunidades neste mercado. Tem espaço tanto para produtores, para fazer hedge, quanto para os especuladores”.

Riscos
A alta rentabilidade neste mercado está associada a um grande risco. O gerente da área comercial da corretora Souza Barros, Carlos Alberto Widonsck, disse que contratos futuros de commodities agrícolas são bastante voláteis e dependem de diversas variáveis.

“Pessoas físicas operando commodities, eu acho difícil. Isso pode crescer, desde que seja um investidor qualificado. Se entrar de gaiato, vai ter problemas. Eu indicaria para investidor qualificado ou alguém que participa da cadeia produtiva, como um pecuarista”, afirmou.

Teixeira, da XP, reconhece que os riscos são altos neste mercado. Isso porque, como as commodities são mercado futuro, não é preciso o valor total do contrato para fechá-lo, mas uma margem de garantia – valor que a bolsa estipula, não necessariamente em dinheiro, podendo ser ações, títulos públicos.

“Por não disponibilizar o valor total, a pessoa está se alavancando. A modalidade possibilita grandes ganhos, mas tem o risco maior pelo cliente estar trabalhando alavancado”, afirmou. Desta forma, ele indica que pessoas físicas só invistam na modalidade se contarem com uma boa assessoria.