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SÃO PAULO – Foi para ter uma página em branco e poder contar uma nova história que o gestor goiano João Braga decidiu deixar a XP Asset, na qual ficou cinco anos, para fundar a Encore Asset Management.
Formado em engenharia elétrica pela Universidade de São Paulo, Braga começou a carreira no mercado financeiro na GP Investimentos e depois migrou para a asset do Credit Suisse Hedging-Griffo.
Em 2015, ingressou na área de renda variável da XP Asset, para trabalhar ao lado de Marcos Peixoto na cogestão do fundo XP Long Biased, criado em 2013.
Durante o 20º episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP, Braga compartilhou parte dos grandes aprendizados que leva de sua carreira para a nova casa, como o do viés cognitivo do “status quo“.
Segundo esse viés comportamental, que tem uma natureza emocional e pode levar a decisões irracionais, as pessoas se sentem mais confortáveis emocionalmente com o estado atual das coisas. Assim, qualquer mudança, por menor que seja, é vista como um risco ou uma perda consumada.
Como gestor, Braga cita o exemplo de uma ação que esteja em carteira e ganhe representatividade além do desejado, mas permaneça intacta no portfólio, por inércia.
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“As pessoas sofrem efeitos comportamentais e são levadas pelos vieses. Saber que eles existem e atuar contra já as coloca em posição de vantagem”, afirmou.
Apesar de estudar bastante o tema, Braga conta que caiu em uma situação de vieses em 2020, com uma posição que ficou famosa na carteira do fundo da XP: Via Varejo (VVAR3).
Braga lembra que os papéis foram comprados a R$ 4,90, respondendo, na época, por 9% do fundo, seguindo os padrões de tamanho de posição estabelecidos pela equipe. Com a valorização das ações ao longo do tempo, elas ficaram mais relevantes na carteira, acima do previsto inicialmente.
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Em 2020, no início da pandemia, VVAR3 respondia por cerca de 16% do fundo. “Achamos um conforto cognitivo que não gostaríamos [de ter], nos levando a desviar a atenção para o que costumamos fazer, que seria o ajuste da posição”, conta.
Em meio às medidas de isolamento social para conter o coronavírus, a varejista, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, foi significativamente impactada e teve que fechar, em março, todas as lojas físicas, mantendo apenas as operações online. “Nem no pior dos cenários imaginamos que íamos acordar com mil lojas fechadas”, lembra.
Em março, mês que o Ibovespa registrou queda de 29,9%, as ações VVAR3 afundaram 61,8% na Bolsa brasileira. Mesmo assim, o fundo encerrou o ano com fortes ganhos de 36,8%.
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Nasce uma gestora
Com mais de 15 anos de mercado, Braga realiza agora o sonho de abrir sua própria asset, da qual a XP é investidora.
Focada 100% em fundos de ações, a Encore conta inicialmente com uma equipe formada por 15 profissionais e lançará as primeiras cotas no mercado no dia 29 de janeiro.
A princípio, a casa vai focar em dois produtos: um “long only”, o Encore Ações, e outro “long bias”, o Encore Long Bias.
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Além da “obsessão” por vieses comportamentais, Braga leva para a Encore a busca por uma melhoria nos processos para as assets brasileiras e se diz animado com a abordagem “quantamental”, combinando análise do fundamento de empresas com ferramentas quantitativas.
“A gente sempre se preocupa em tentar ver algo que o mercado não está enxergando – e o time quanti vai ajudar nisso, a ver o diferente”, afirma.
Entre os principais temas na carteira hoje, estão as posições em commodities, como metais e petróleo, dado o ciclo favorável para o segmento, diz. Na outra ponta, ações de tecnologia e saúde vão contribuir para uma fatia do portfólio voltada para crescimento.
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Confira a conversa completa com João Braga, sócio fundador da Encore, ouça o episódio completo e os anteriores do Outliers pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.