Coronavírus dita tensões de investidores na América Latina; no Brasil, ritmo da economia preocupa

Pesquisa revela que 90% dos investidores ficariam desapontados se o crescimento do PIB brasileiro ficasse abaixo de 1,5% em 2020

Mariana Zonta d'Ávila

SÃO PAULO – A epidemia do coronavírus está deixando investidores mais preocupados com o ritmo de crescimento das economias mundiais, inclusive a brasileira. É o que mostra a última pesquisa de confiança “LatAm Fund Manager Survey”, elaborada pelo Bank of America com gestores de recursos.

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De acordo com o levantamento, 56% dos participantes elencaram a China e o desempenho das commodities como os principais riscos para os mercados da América Latina. Segundo o banco americano, o motivo da alta possivelmente está relacionado ao coronavírus e seu impacto na economia chinesa. Até então, as principais preocupações dos investidores recaíam sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos e a desaceleração da economia americana.

No Brasil, as atenções recaem sobre o ritmo de retomada da atividade. Uma parcela de 90% dos investidores ficaria desapontada se o crescimento PIB brasileiro ficasse abaixo de 1,5% em 2020, enquanto metade ficaria frustrada se a expansão não chegasse a 2%.

Hoje, a expectativa dos economistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central, é de que a economia cresça 2,23% neste ano. O número, contudo, foi recentemente revisado para baixo, após uma série de dados fracos sobre o comportamento da atividade em dezembro.

Para ver crescimento no país, a maioria dos entrevistados cita o retorno do investimento privado como fator mais efetivo. Na sequência, aparecem as privatizações e as concessões.

Na Bolsa, 83% dos investidores esperam que as ações irão se valorizar nos próximos seis meses, em linha com o dado anterior. Apenas 37%, contudo, veem o Ibovespa superando os 130 mil pontos até dezembro, ante 56% em janeiro. O patamar implicaria uma alta de 12,7% em relação ao último preço de fechamento.

Confira a seguir onde estão situadas as projeções dos gestores para o Ibovespa ao fim de 2020 hoje, em comparação com as previsões feitas em janeiro:

As expectativas com o avanço das reformas estruturais no Brasil também estão menores. Agora, 46% dos entrevistados esperam que a reforma tributária seja aprovada ainda neste ano, ante 68% anteriormente. Do total de entrevistados, apenas 12% acreditam que esse debate é relevante no momento.

Com relação à Selic, 87% acreditam que o corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro, para 4,25% ao ano, tenha significado o fim do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil.

Em um ambiente de dólar mais forte no mundo como um todo, a porcentagem de investidores que veem a moeda americana abaixo de R$ 4,20 ao fim deste ano recou de 72% para 63%.

América Latina

Na América Latina, o banco destaca que somente 42% dos investidores planejam aumentar a alocação em ações, em linha com a pesquisa anterior, de 44%. Entre os setores preferidos da Bolsa estão os de consumo discricionário, de finanças, utilities e material.

Com o aumento de aversão a risco no exterior, a parte de investidores que disse estar abrigando maior risco no portfólio caiu de 40% para 29% neste mês. O número, contudo, segue acima da média histórica do levantamento, de 22%.

Da mesma forma, a fatia de gestores que dizem estar adotando alguma forma de proteção contra uma forte queda no mercado de ações subiu de 28% para 33%.

A pesquisa do BofA com foco na América Latina foi elaborada entre os dias 7 e 13 de fevereiro e entrevistou 52 gestores, responsáveis pela administração de recursos no valor aproximado de US$ 103 bilhões.

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