Quer ganhar com dividendos em 2022? Ações recomendadas incluem bancos, elétricas e até a Petrobras; confira a lista

Empresas como Petrobras e Vale, que atuam em segmentos que foram muito bem no ano passado, devem seguir com bons resultados, dizem analistas

Márcio Anaya

Plataforma de Petróleo

Após um 2021 com distribuição recorde de proventos pelas companhias brasileiras (foram quase R$ 200 bilhões até setembro), analistas recomendam algumas velhas conhecidas para quem quer ganhar com dividendos em 2022 – mas também incluem na lista empresas pouco tradicionais para essa estratégia de investimentos.

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O InfoMoney ouviu analistas de diferentes instituições e compilou uma lista com as ações mais indicadas para quem deseja seguir uma estratégia focada em dividendos em 2022. A relação inclui representantes de dois setores já bastante tradicionais na distribuição proventos – energia elétrica e bancos.

Ao mesmo tempo, traz empresas de segmentos que foram muito bem no ano passado e devem seguir apresentando bons resultados: mineração e petróleo.

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“Nem passava pela nossa cabeça, no início de 2021, colocar a Petrobras em uma carteira de dividendos”, diz Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos, que projeta um retorno com proventos próximo de 19% para a estatal neste ano. Confira algumas das ações mais citadas pelos especialistas:

Empresa Ticker Retorno em 2021
Taesa TAEE11 22,31%
Vale VALE3 4,86%
Petrobras PETR4 23,51%
Bradesco BBDC4 -18,66%
Itaúsa PN ITSA4 -16,92%

Fontes: Victor Martins (Planner), Pedro Serra e Ilan Arbetman (Ativa), Pedro Galdi (Mirae), relatórios de corretoras, Economatica

As recomendações para o ano estão praticamente em linha com as das carteiras recomendadas para janeiro por 10 corretoras. O InfoMoney divulga uma compilação das recomendações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os nomes mais citados. Confira:

Empresa Ticker Nº de recomendações Retorno em dezembro Retorno em 2021
Taesa TAEE11 7 5,14% 22,31%
Vale VALE3 6 11,45% 4,86%
Bradesco BBDC4 4 -2,23% -18,66%
Copel CPLE6 4 4,89% 2,36%
Isa Cteep TRPL4 4 5,08% 0,91%
Telefônica VIVT3 4 -1,44% 11,84%
Vibra Energia VBBR3 4 -1,08% 5,61%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora e XP Investimentos, Economatica

Veja por que os analistas consideram os papéis de Taesa, Vale, Petrobras, Bradesco e Itaúsa os mais indicados para embolsar dividendos neste ano:

Taesa (TAEE11)

A Taesa, um dos maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica do Brasil, é uma tradicional pagadora de proventos e um dos nomes mais citados por especialistas no assunto.

“Trata-se de uma excelente geradora de caixa e os indicadores mostram que a companhia terá resultados ainda fortes em 2022”, afirma Victor Martins, analista da Planner Corretora. Segundo ele, um dos destaques operacionais é a elevada margem de lucro medida pelo Ebitda (geração operacional de caixa), normalmente superior a 80%.

“Além de a empresa se destacar na distribuição de dividendos, vale lembrar que o setor elétrico é considerado defensivo, indicado para momentos de maior volatilidade da bolsa”, afirma.

Em dezembro passado, o conselho de administração da Taesa aprovou o pagamento de R$ 523 milhões aos acionistas, valor que surpreendeu positivamente o analista da Planner. “Estávamos projetando aproximadamente R$ 410 milhões”.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, também destaca a energética em termos de distribuição de lucro aos acionistas. “O grupo tem concessões mais antigas e, com isso, cerca de dois terços das suas receitas estão atreladas ao IGP-M [índice de inflação], que disparou em 2021.

Arbetman estima um retorno com dividendos (dividend yield) próximo de 10% para as units da Taesa em 2022.

Vale (VALE3)

A gigante de mineração foi um dos destaques em proventos em 2021 e figura na lista das mais indicadas para este ano.

Impulsionada pela disparada no preço do minério de ferro – que alcançou o patamar histórico de US$ 230 a tonelada em maio do ano passado –, a Vale pagou R$ 40 bilhões em dividendos somente em setembro, atingindo a marca de R$ 73 bilhões no acumulado de nove meses.

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Em relatório, a XP Investimentos afirma que o valor expressivo reafirma o comprometimento em distribuir aos acionistas o forte caixa gerado, dado o baixo nível de alavancagem da empresa. “Mesmo considerando uma curva de minério de ferro mais conservadora, ainda vemos a Vale (VALE3) apresentando um fluxo de caixa livre sólido e fortes dividendos nos próximos anos”.

Pelos cálculos da XP, a Vale pagará um dividend yield mínimo de 9% em 2022. “Adicionalmente, considerando a baixa alavancagem, não descartamos potenciais dividendos extraordinários”.

Na Mirae Asset Corretora, o analista Pedro Galdi também acredita que a mineradora seguirá como boa pagadora de proventos neste ano e destaca que, dependendo do patamar de preço da ação, o yield pode ficar em dois dígitos.

A companhia deve continuar com resultados positivos. Creio que não tão fortes quanto apresentou com o minério a US$ 230, mas com o preço da commodity a US$ 100, por exemplo, e ela tendo um custo de US$ 45, ainda terá uma boa margem de lucro

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora

Em sua análise sobre Vale, a XP pondera, no entanto, que o investidor não deve olhar somente o pagamento de dividendos na hora de investir. É importante considerar justamente que o desempenho da empresa é muito relacionado aos preços internacionais das commodities que produz, como o minério de ferro.

Petrobras (PETR4)

Recentemente, quando estavam selecionando as empresas que devem se destacar em termos dividendos, os especialistas da Ativa escolheram a Petrobras como novidade, algo que não cogitavam um ano antes. Segundo Serra, uma das principais transformações na companhia foi a disciplina maior em relação à alocação de capital, o que melhorou o retorno aos acionistas.

As expectativas positivas ganharam força também com o plano estratégico divulgado pela Petrobras para o período de 2022 a 2026. Nesse intervalo, a estatal planeja distribuir entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em proventos. A companhia adotou ainda como critério um dividendo mínimo de US$ 4 bilhões para os anos em que o preço médio do petróleo tipo Brent for superior a US$ 40 o barril.

O novo planejamento prevê ainda dividendos trimestrais, com a possibilidade de pagamentos extraordinários, independente do nível de endividamento. “Em todos os parâmetros de distribuição, os dividendos não poderão comprometer a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo”, pondera o documento.

Um dos pontos de atenção em relação à Petrobras, no entanto, é a condução da política de preços dos combustíveis e possíveis interferências do governo federal.

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Em relação a isso, no capítulo do plano de longo prazo em que fala do “fortalecimento da governança corporativa”, a empresa cita algumas previsões estatutárias, entre elas a seguinte: “Caso direcionada pelo controlador a assumir obrigações para atender interesse público em condições diferentes das de mercado, o governo federal deverá compensar a companhia pela diferença”.

Tal previsão, cita a Petrobras, só pode ser alterada a partir de deliberação em assembleia geral de acionistas.

Bradesco (BBDC4)

No Bradesco, segundo maior banco privado do País, um dos focos de atenção dos especialistas é quanto ao comportamento da carteira de crédito e ao desempenho da operação de seguros, que representa entre 25% e 30% do lucro total da instituição, segundo cálculos da Ativa.

“Tal diversificação dá mais resiliência ao banco, ganhando dinheiro em diferentes frentes e cenários”, diz a instituição, em relatório. “Para os próximos anos, esperamos uma retomada na emissão de prêmios, que devem beneficiar tal segmento [seguros]”.

A Ativa destaca ainda que o Bradesco tem buscado maior eficiência, investindo em tecnologia e reduzindo agências, para competir com a estrutura dos bancos digitais. A corretora estima, em seus modelos, que a instituição irá melhorar seu índice de eficiência progressivamente nos próximos cincos anos, chegando a 44,5% até o fim de 2026.

O dividend yield projetado para a instituição é de 6% em 2022.

Itaúsa (ITSA4)

A Itaúsa é outro nome que já possui característica de ser um “papel de dividendos”, afirma Galdi, da Mirae, lembrando que aproximadamente 95% do resultado da holding é derivado do Itaú Unibanco.

A Ágora Investimentos também cita a grande exposição ao banco, mas destaca que a companhia está se diversificando cada vez mais, movimento que pode se acentuar com a venda de participações em empresas de serviços financeiros ou com a exploração de outros segmentos. “Como referência, a empresa vem estudando investimentos em distribuição de energia e agronegócio”, diz a instituição, em relatório.

Ainda pendente de aprovação no Senado e sanção presidencial, a reforma tributária é outro ponto a ser monitorado pelos investidores de Itaúsa, afirma a Ágora. O projeto de lei aprovado pela Câmara prevê que os dividendos (hoje isentos de Imposto de Renda) sejam taxados em 15% e que as distribuições de proventos via juros sobre capital próprio sejam extintas.

Segundo a corretora, a versão atual da reforma teria impacto positivo sobre a Itaúsa, uma vez que o fim dos juros sobre o capital próprio do Itaú reduziria os pagamentos de PIS/Cofins, que representam despesas entre R$ 300 milhões a R$ 500 milhões por ano – o maior gasto contabilizado pela holding, após as despesas pessoais.

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Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney