40% resgataram de fundo de ação antes de um ano e 27% saíram no prejuízo, aponta estudo da Alaska Asset

Alaska Black Institucional, carro-chefe da gestora de Henrique Bredda, rendeu acima do Ibovespa desde a criação, em 2017

Bruna Furlani

(Shutterstock)

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Em meio a uma onda de resgates em fundos de ações, com saques líquidos que somam quase R$ 20 bilhões nos últimos 12 meses, um estudo feito pela gestora “pop” Alaska Asset Management trouxe dados curiosos sobre o perfil de investimento de uma parcela dos brasileiros.

Segundo o levantamento, dos 145 mil cotistas que resgataram seus recursos do fundo Alaska Black Institucional FIA, carro-chefe da gestora, desde que foi criado, em 2017, cerca de 39 mil saíram com prejuízo. O valor é equivalente a 27% dos resgates. Os dados estão em carta semestral apresentada pela gestora.

“Ter 39 mil cotistas que resgataram cotas negativas em um fundo com desempenho tão acima do benchmark [taxa de referência] como é o Alaska Institucional FIA é uma estatística alarmante que coloca em xeque o alinhamento de expectativas dos investidores e a estratégia do fundo que está investindo”, alertou a Alaska.

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Outro dado trouxe preocupação: 40% dos resgates totais do fundo são de aplicações feitas há menos de um ano. O estudo também aponta que cerca de 90% dos resgates ocorreram em até pouco mais de dois anos e meio, o que costuma ser um prazo considerado pequeno para fundos de ações, que normalmente são pensados como investimentos para resgates a partir de cinco anos.

A gestora, que ficou conhecida pela figura de Henrique Bredda, gestor e seu principal porta-voz, passou por maus momentos entre os anos de 2020 e 2021. Na época, alguns dos fundos mais apimentados da casa, da família Black BDR, chegaram a ter retornos negativos de 59,72% em um mês. 

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Em 2020, por exemplo, o fundo Alaska Black BDR encerrou o ano com perdas de 45,38%, seguido por outra queda de 18,17% em 2021. Apenas no ano passado que o produto voltou ao campo positivo, ao encerrar o período com ganhos de 9,10%. 

O resultado veio após períodos de bonança quando a casa acertou uma posição em Magazine Luiza (MGLU3), que garantiu retornos extraordinários de 129,21% em 2016, por exemplo.

Mas o caso do Alaska Black Institucional, alvo do levantamento, é um pouco diferente. Desde que foi criado até março deste ano, o fundo entregou retorno acumulado de 161,80%, superando com folga o Ibovespa – índice de referência do produto – que registrou ganhos de 47,54% no mesmo período. Ao longo de sua história, o produto registrou apenas um ano de retorno negativo, fechando 2020 com perdas de -4,5%.

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Apesar dos resultados positivos nos últimos anos, desde o começo de 2023 até o mês passado, a rentabilidade do produto está no vermelho, com perdas de -4,25%, contra uma queda de -7,16% do Ibovespa.

Pelo fundo já passaram cerca de 200 mil cotistas únicos e, no seu auge, a carteira chegou a ter 125 mil cotistas simultaneamente. O número, no entanto, foi caindo nos anos mais recentes. Atualmente, o número de cotistas é de 53.497 mil.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que hoje a Alaska Asset possui cerca de R$ 6,4 bilhões sob gestão.

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Alaska não está sozinha

O movimento de saques não é único da gestora. Desde o começo de janeiro até a última terça-feira (11), os resgates líquidos de fundos de ações somam R$ 25,9 bilhões, sendo que a subclasse mais afetada é de fundos de ações do tipo livre com saídas líquidas de R$ 17,5 bilhões.

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Das 12 subclasses de fundos de ação, apenas os indexados estão com captação líquida positiva no acumulado deste ano, de R$ 100,2 milhões. Na prática, tais produtos costumam replicar a carteira teórica de algum índice acionário brasileiro como, por exemplo, o Ibovespa.