Olimpíada de Tóquio: depois das “altas”, veja as maiores “baixas” olímpicas do Brasil

Trazemos aqueles "ativos olímpicos" que se valorizaram e desvalorizaram pouco, e a grande decepção da Olimpíada

Olimpíada Todo Dia

Ágatha Bednarczuk, do vôlei de praia (Alaor Filho/COB e Saulo Cruz/ Exemplus/ COB)

Publicidade

No último domingo (8), encerraram-se os Jogos Olímpicos de Tóquio. Desde antes do início da Olimpíada, o Olimpíada Todo Dia, o maior portal de conteúdo do Brasil em esportes olímpicos, fechou uma parceria com o InfoMoney para a cobertura dos Jogos. Desde então, a equipe vem monitorando a “Bolsa de Valores Olímpica de Tóquio”, trazendo informações do mundo esportivo com um linguajar mais adaptado ao do mercado financeiro.

Quem acompanhou o trabalho pôde saber de antemão quais os prováveis medalhistas do Brasil no dia, através da Carteira Olímpica, e também entendeu que a mesma volatilidade encontrada no mercado financeira é vista na Olimpíada. Muitos atletas favoritos performam abaixo do esperado e veem seu “valor de mercado” diminuir, enquanto outros surpreendem e explodem na bolsa, tal qual uma small cap na bolsa. Na carteira, acertamos na escolha de Ítalo Ferreira sobre Gabriel Medina, mas também erramos ao optar pelo vôlei masculino, por exemplo.

Passada a realização dos Jogos, é hora de fazer um balanço final para o Brasil. Assim como é feito mensalmente no InfoMoney, traremos aqui os “ativos” olímpicos brasileiros que mais se valorizaram e os que mais perderam valor durante esses 14 dias. Em suma, as maiores altas e maiores baixas olímpicas do país.

Exclusivo para novos clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Se traçássemos um paralelo da participação do Brasil na Olimpíada com o índice Ibovespa, poderíamos dizer que os investidores estariam sorrindo de orelha a orelha. Isso porque o Brasil bateu todos os recordes possíveis, mesmo em um ciclo olímpico no qual o investimento caiu de maneira drástica desde o fim dos Jogos Olímpicos do RIo de Janeiro em 2016. É como se, ao final do ano, o Ibovespa batesse 140 mil pontos com 90% da população vacinada contra a Covid-19 com duas doses.

Em Tóquio, o país fez sua melhor participação da história dos Jogos. Ao conquistar 21 medalhas, bateu o recorde estabelecido no Rio de Janeiro há cinco anos (19). Além disso, igualou recorde total de número de medalhas de ouro, com sete no total. A campanha de 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes colocou o Brasil na 12ª colocação no quadro geral de medalhas, melhor posição em todas as participações verde-amarelas na história.

Assim como ocorre no mercado financeiro, nem todos os ativos olímpicos brasileiros se valorizaram nessa subida histórica nos Jogos Olímpicos. Houve modalidades que deixaram a desejar, mas cujo desempenho abaixo do esperado foi compensado por outros esportes que entregaram bem mais.

Continua depois da publicidade

Desse modo, trazemos os esportes brasileiros que mais se valorizaram e os que mais se desvalorizaram durante esse final de julho. Na linguagem financeira, aqueles ativos que explodiram e vivem sua máxima histórica na bolsa e outros que estão na luta para render mais que o CDI.

Já listamos os ativos olímpicos que tiveram uma super valorização. Hoje, trazemos aqueles que se valorizaram e desvalorizaram pouco, e a grande decepção da Olimpíada.

Pouca valorização

Atletismo

Quando ocorre a temporada de balanços das empresas, é comum ver investidores se perguntando: “por que esse ativo subiu tão pouco/se desvalorizou se o lucro do  trimestre foi extremamente significativo?”. É comum ver os analistas dizendo que é preciso olhar para outros indicadores, além do lucro propriamente dito.

O mesmo ocorre com o esporte. Alguns esportes trouxeram resultados significativos em termos de medalhas, mas não tiveram performances tão boas quanto em outras edições dos Jogos.

O atletismo é um bom exemplo disso. A modalidade trouxe duas medalhas de bronze: uma de Alison dos Santos (nos 400 m com barreiras) e uma de Thiago Braz (salto com vara).

O quarto lugar de Darlan Romani no arremesso de peso também foi bastante relevante. Em uma prova fortíssima, a marca alcançada lhe daria uma medalha olímpica dourada em quase todas as últimas 10 edições olímpicas. O mesmo ocorreu com Alison dos Santos. A prova do velocista foi a mais rápida da história, com dois atletas quebrando o recorde mundial. O tempo de Piu, como é conhecido, foi melhor do que todos os campeões olímpicos da história dos 400 m com barreiras.

Analisando mais a fundo, veremos que os dois atletas obtiveram performances fora da curva. A modalidade como um todo obteve apenas cinco finais alcançadas, quando o número era esperado era no mínimo as dez conquistadas, assim como foi na Rio 2016. Os revezamentos 4×100 m masculino e feminino, por exemplo, sequer chegaram entre os oito melhores. Ainda que importantíssima para o atletismo, a medalha de Thiago Braz poderia não ter saído caso o americano Sam Kendricks, um dos favoritos absolutos ao pódio, não tivesse sido infectado pela Covid-19 e ficado de fora dos Jogos.

Ainda assim, podemos dizer que o esporte obteve leve valorização, longe do que apresentaram boxe, tênis, skate e surfe. Se estivesse listado em bolsa, o atletismo teria uma recomendação neutra. Alison dos Santos e Darlan Romani seguirão fortes em Paris 2024, mas contarão com os mesmos adversários fortíssimos que podem deixá-los fora do pódio. Se estivéssemos em 2016 ou 2012, a história poderia ser outra.

Ginástica

Se os homens da ginástica tivessem repetido a performance de 2016, quando saíram com duas medalhas, o preço do ativo da ginástica teria disparado na bolsa olímpica. Como isso não aconteceu, a valorização da modalidade só veio graças às performances de Rebeca Andrade.

Primeira mulher brasileira medalhista na ginástica artística, Rebeca Andrade foi um grande exemplo de superação. Venceu inúmeras lesões ao longo do ciclo olímpico e trouxe a medalha de prata no difícil individual geral e um inédito ouro no salto sobre a mesa. A ginasta ainda ficou com um bom 5º lugar no solo, que poderia ter sido melhor ainda caso a prova não tivesse sido tão forte.

A valorização da ginástica poderia ter sido maior se a ginasta Flávia Saraiva não tivesse machucado o pé nas eliminatórias. Ela poderia ter disputado a final do solo e quem sabe obtido uma medalha se estivesse 100%.

Os homens tiveram performance abaixo do esperado. Arthur Nory era o campeão da barra fixa, mas falhou ainda nas eliminatórias e não se classificou para a final do aparelho. Já o duas vezes medalhista olímpico Arthur Zanetti reconheceu que os adversários estavam um nível acima. Foi à final das argolas e resolveu arriscar em busca da terceira medalha na história, algo inédito no aparelho. Uma queda o deixou longe do pódio.

O desempenho de Diego Soares, jovem promessa brasileira, e de Caio Souza, que chegou à finais de aparelhos, compensaram de certa forma e fizeram com que o saldo final da ginástica fosse positivo.

Ainda assim, o resultado foi excelente e o interesse pelas modalidades deve crescer ainda mais pensando nos Jogos de Paris. Se o investimento se mantiver, o Brasil deve chegar na capital francesa com o objetivo de melhorar um já excelente desempenho.

A recomendação atual para a ginástica seria de compra. Já em outubro acontece o campeonato mundial e aqueles que não foram bem, tentarão ao máximo se redimir. Rebeca também chegará como favorita novamente. A ginástica tem tudo pra voltar ao pódio olímpico em Paris 2024.

Canoagem

Outro ativo olímpico que se valorizou, muito em função da performance de um único atleta, assim como na ginástica.

Isaquias Queiroz remou como poucos e faturou a medalha de ouro na prova do C1 1000 m, tornando-se o primeiro brasileiro a atingir tal feito. De quebra, conquistou sua quarta medalha, ficando agora a uma de igualar as lendas Robert Scheidt e Torben Grael.

Se Isaquias conseguiu o ouro, algo que não ocorreu há cinco anos no Rio de Janeiro, por que a valorização do ativo não foi muito alta?

Um dos fatores foi o quarto lugar de Isaquias na prova com Jacky Godman, que poderia ter-lhe dado a quinta medalha olímpica e o recorde brasileiro histórico de cinco pódios. Uma lesão em Erlon de Souza, que medalhou ao lado do baiano nos Jogos do Rio em 2016, fez com que a dupla Isaquias/Jacky fosse formada às pressas. Diante de adversários muito fortes, os dois ficaram com a quarta colocação. Pesou também o fato de que uma das provas em que Isaquias era favorito e medalhista olímpico foi tirada do programa para os Jogos de Tóquio.

Se duas medalhas tivessem vindo, a valorização seria muito alta. Ainda assim, se fosse um ativo, traria bons resultados para seu investidor. A recomendação seria de compra. Isaquias seguirá forte e a parceria com Erlon ou Jacky tem tudo para subir ao pódio em Paris 2024. A atenção é para ver se alguma nova promessa surge na modalidade inspirada nos feitos do baiano de Ubaitaba.

Tênis de mesa e tiro com arco

Dois outros esportes que atingiram resultados históricos em Tóquio, mas graças as performances de alguns atletas.

No tênis de mesa, Hugo Calderano tornou-se o primeiro brasileiro a se classificar para as oitavas de final do torneio individual masculino. Por pouco, o mesatenista não se garantiu entre os quatro melhores do mundo. Mais experiente, Gustavo Tsuboi ficou pela primeira vez entre os oito melhores do mundo, mas também foi derrotado nas quartas.

Já no tiro com arco, Marcus D’Almeida também se tornou o primeiro brasileiro a se classificar entre os oito melhores dos Jogos. Resta saber se os feitos inspirarão uma nova geração de talentos para a Olimpíada de Paris e a de Los Angeles, em 2028.

A recomendação para esses ativos seria de venda. Diferentemente do que ocorre na ginástica, onde vemos muitos atletas brigando por finais e por pódios, não temos, por ora, nenhuma grande revelação nos campeonatos juvenis. A torcida é que logo alguma jovem promessa desponte no cenário.

Leve desvalorização

Judô

Modalidade considerada o “carro chefe” do Brasil em Jogos Olímpicos, o judô contribuiu com duas medalhas (bronze de Mayra Aguiar e de Daniel Cargnin). É a sexta Olimpíada seguida que o esporte ajuda o país em termos de medalha.

Se ampliarmos a análise, no entanto, veremos que a performance não foi tão boa quanto nas duas últimas Olimpíadas. O número de medalhas caiu em relação ao Rio: foram três há cinco anos e duas em 2021 – vale lembrar que a campeã olímpica Rafaela Silva estava suspensa por doping. O mais preocupante, no entanto, foi o número de lutas vencidas e o número de judocas entre os oito melhores.

Na competição por equipes, na qual o Brasil havia sido medalhista de bronze no Mundial pouco antes e era candidato ao pódio em Tóquio, apenas Mayra Aguiar e Daniel Cargnin foram bem. O preocupante é que os melhores judocas estão ficando mais velhos e ainda não pintaram grandes substitutos. Se fosse um ativo, a recomendação por enquanto seria neutra.

Desvalorização

Vôlei

A grande decepção brasileira na Olimpíada de Tóquio. Esporte olímpico de maior audiência e que sempre trouxe bons resultados desde que o vôlei de praia foi incluído no programa, o vôlei só não saiu de Tóquio sem medalhas por conta de uma surpreendente campanha da equipe de quadra feminina que levou à medalha de prata.

O time masculino era favorito absoluto ao ouro, muito em função do que apresentou na Liga das Nações um mês antes. Com um elenco estrelado e reforçado em relação aos Jogos do Rio, a equipe ficou com um amargo quarto lugar. Foi a primeira vez desde 2000 que os homens não subiram ao pódio olímpico.

No vôlei de praia, a decepção foi ainda maior. Pela primeira vez desde 1996, o Brasil não teve nenhuma das suas quatro duplas nas semifinais do torneio masculino ou feminino. Apesar de a modalidade ser estruturada, contar com patrocínio e com excelente circuito nacional, as duplas brasileiras já não mostram a superioridade de outrora, sendo inclusive superadas por países considerados frios e que em muitos casos não têm as praias como principal atrativo turístico.

O resultado não é surpreendente, entretanto. Quem acompanhou o ciclo já notou essa defasagem em relação ao resto do mundo. No Mundial de 2019, por exemplo, todas as duplas saíram sem medalhas, em um prelúdio do que viria a acontecer em Tóquio. Ágatha e Duda eram a melhor dupla no Japão, mas acabaram perdendo um jogo crucial na fase de grupos que as levaram a um caminho mas difícil na fase eliminatória. A derrota por 2 sets a 1 para a alemã que foi campeã olímpica em 2016 foi dura, mas não uma decepção completa.

As mulheres salvaram a modalidade na quadra. Consideradas a quinta força antes dos Jogos atrás de Estados Unidos, China, Sérvia e Itália, as brasileiras fizeram uma grande primeira fase em um grupo teoricamente mais fraco. Classificaram-se com autoridade, vencendo inclusive as campeãs olímpicas sérvias. Com o primeiro lugar, pegaram a Rússia nas quartas de final e conseguiram grande vitória. Um imponente triunfo sobre a Coreia na semifinal levou à disputa do título contra uma seleção que foi a melhor do mundo desde o fim dos Jogos do Rio de Janeiro.

A recomendação para o vôlei seria de compra. As equipes de quadra serão munidas com bons jogadores da categoria de base. Na praia, alguns talentos vêm surgindo. Resta saber o que a Confederação Brasileira de Vôlei fará para tentar reduzir essa defasagem em relação aos outros países.

Quer atingir de uma vez por todas a consistência na Bolsa? Assista de graça ao workshop “Os 4 Segredos do Trader Faixa Preta” com Ariane Campolim.

Olimpíada Todo Dia

Portal especializado em esportes olímpicos