Ação da Oi desaba 14% com notícia sobre possível intervenção; Anatel nega

Queima de caixa revelada no resultado do segundo trimestre também trouxe preocupação aos investidores

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da Oi (OIBR3;OIBR4) registram a segunda sessão seguida de forte queda na bolsa, em meio a uma combinação de resultados apresentados na véspera mostrando uma forte perda de caixa e as notícias de que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) poderia intervir na companhia, cassando a sua concessão. 

Os ativos OIBR3 registraram baixa de 8,40%, mas chegaram a registrar baixa de 18,49% na mínima do dia enquanto, que os PN tiveram queda de 13,70%, após terem chegado a cair 16,44%. Na véspera, as ações ON caíram 17,93% e as PN tiveram baixa de 10,98%. 

Hoje, o jornal O Estado de S.Paulo apontou em reportagem que a situação da Oi piorou nos últimos meses e o futuro da empresa voltou a preocupar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

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O governo já teria sido avisado de que se não houver reversão nos resultados a agência poderá intervir na empresa. “Há receio de que regiões do País fiquem sem serviços de telefonia fixa prestados pela operadora no ano que vem”, disse o jornal.

Contudo, nesta manhã, Leonardo Euler de Morais, presidente da Anatel, mostrou surpresa com a notícia e afirmou que a notícia sobre a potencial intervenção “não tem lastro”. 

Posteriormente, a agência divulgou uma nota em que nega “a possibilidade iminente de decretação de intervenção ou de aplicação de caducidade às concessões” da Oi, o que fez com que as ações diminuíssem levemente as fortes quedas. 

Segundo foi apontado pela publicação, duas reuniões já foram realizadas na agência reguladora para discutir o assunto. Executivos da Oi deveriam ser chamados para detalhar os planos para manutenção das atividades da tele.

O Estadão apurou que, caso a empresa não melhore seu desempenho no curto prazo, uma das alternativas em estudo é tirar da Oi a concessão que a permite oferecer telefonia fixa em todos os Estados do País, com exceção de São Paulo – processo chamado de “declaração de caducidade”.

A Oi vem executando seu plano de recuperação judicial, aprovado em 2017 pelos credores para que a empresa, que acumulava dívida de R$ 65 bilhões, escapasse da falência. Em janeiro, a operadora recebeu a injeção de R$ 4 bilhões de seus acionistas, uma das condições do plano de reestruturação acordado com seus credores, que envolveu desconto na dívida e um prazo mais longo de pagamento.

Com isso, ficou com um saldo em caixa que era considerado confortável pela Anatel, de R$ 7,5 bilhões. Desde então, porém, vem gastando muito mais do que consegue acumular. Foram sacados R$ 3,2 bilhões do caixa para custear operações, pagar salários, bancar investimentos, entre outras despesas, até junho, segundo dados divulgados pela Oi na véspera. 

No segundo trimestre, a Oi apresentou um prejuízo líquido atribuído aos acionistas controladores de R$ 1,559 bilhão, 24% maior do que no segundo trimestre de 2018. Já o resultado consolidado das operações continuadas ficou negativo em R$ 1,625 bilhão, alta de 31,8% e, considerando os efeitos do IFRS 16, o prejuízo aumenta para R$ 1,709 bilhão.

A Oi encerrou o segundo trimestre com dívida líquida de R$ 12,573 bilhões, montante 25,5% maior do que no mesmo período do ano passado. Nesse período, a dívida bruta subiu 10,8% e foi a R$ 16,868 bilhões. Já o dinheiro disponível em caixa recuou 17,4%, para R$ 4,3 bilhões.

“Após a divulgação dos resultados, ficamos preocupados com a intenção da Oi de acelerar seu plano de investimentos, apesar de uma queima de caixa de aproximadamente R$ 2 bilhões no trimestre. Em nossa opinião, o plano de investimento da empresa tornou-se cada vez mais dependente da venda de ativos, o que aumenta o risco de execução do plano estratégico da Oi”, destaca a equipe de análise do Bradesco BBI. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.