WhatsApp virou modelo de negócio de startups brasileiras

WhatsApp é a rede social mais consumida pelos brasileiros, e as startups estão de olho nesta grande fatia de mercado

Wesley Santana

Brasil é um dos países que mais usam o WhatsApp. Foto: Pixabay

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Estima-se que 92% dos brasileiros adultos tenham uma conta de WhatsApp ativa, segundo pesquisa do DataFolha divulgada em julho deste ano. Em números, isso representa cerca de 120 milhões de usuários cadastrados na plataforma.

Esse desempenho faz do mensageiro a rede social mais usada no país, desbancando até serviços mais antigos. Mesmo no recorte de gênero, idade ou classe social, o WhatsApp sai na frente se comparado a outras redes sociais disponíveis no mercado.

Essa expressiva quantidade de contas pavimentou um caminho para que a Meta, empresa responsável pela sua gestão, o monetizasse. Foi assim que surgiu a versão Business, usada como ferramenta de contato entre fornecedores e clientes.

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Essa evolução tornou possível que marcas, dos mais diversos segmentos, passassem a oferecer serviços pelo aplicativo. Já é possível, por exemplo, fazer toda a jornada de compra por meio do mensageiro, desde a escolha de um produto até a avaliação final depois da entrega, tudo sem largar o celular.

De acordo com um levantamento da Opinion Box, 80% dos usuários do WhatsApp admitem que se comunicam com marcas pelo app. Além disso, 51% dos entrevistados disseram que já contrataram serviços pela plataforma mais de uma vez.

É neste tipo de público que startups nascidas em solo doméstico estão mirando.

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Curso no zap

A edtech DOT Digital0 existe desde 1996 e usa a internet como principal canal de educação a distância. Hoje, a companhia possui mais de 250 clientes entre as maiores empresas e instituições do País, como Bayer, Assaí, Safra, Faber Castell e Sebrae. E foi, justamente, em conjunto com este último cliente, eu a empresa consegue a maior parte dos seus alunos para os cursos automatizados que criou para o Whastapp.

Agora, a empresa já realizou quase 370 mil matrículas em cursos nesta modalidade e a maior parte dos alunos vem de convênios que fez com empresas -especialmente o Sebrae- que disponibilizam ensino remoto gratuito a empreendedores de diversos segmentos, como mecânica, agronegócio e logística.

“Criamos o negócio em 2020, no início da pandemia, quando percebemos que muitos empreendedores não tinham computadores”, lembra Carolina Nunes, especialista em educação tecnológica. “É um chatbot que usa a parametrização do curso como se fosse um humano conversando com o aluno no WhatsApp”, explica.

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Os cursos são feitos com base em conteúdos de textos, áudio e vídeos e podem ser realizados quando o aluno está fora de casa. “É uma jornada personalizada conforme as respostas que o aluno envia. Nós temos muitas ramificações que direcionam a experiência que ele vai ter durante as aulas. O aluno pode fazer a hora que ele quiser”, pontua a especialista.

Carteiro digital

A Robbu é outra companhia que colocou o Whatsapp no centro da sua estratégia. A empresa atua para digitalizar a transmissão de documentos e usa uma ferramenta chamada carteiro digital para reduzir o tempo entre o despacho, a assinatura e o retorno, disponibilizando documentos oficiais no próprio Whatsapp.

“O carteiro digital tem capacidade de enviar e receber documentos de forma segura no meio de qualquer interação por WhatsApp. Então é um sistema que está à disposição no momento em que se precisa encaminhar um documento, seja ele um contrato ou boleto bancário”, diz Álvaro Garcia, CEO da Robbu.

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A startup hoje tem grandes empresas como clientes, incluindo Yamaha, TikTok, Basf e Marabraz e possui a expectativa de continuar crescendo em faturamento acima de 100% ano a ano. Em pouco mais de dois anos, eles passaram de R$ 6 milhões de faturamento para R$ 32 milhões.

“A Robbu mais que dobrou nos últimos dois anos, então o nosso plano é passarmos de US$ 100 milhões [em valor de mercado] até o final do ano. Nós temos a intenção de nos tornarmos unicórnios, o que está no plano de negócios para os próximos dezoito meses”, garante Garcia.

Take Blip é o unicórnio da área

Quem já está no rol de unicórnios é a Take Blip, cuja história foi contada em Do Zero ao Topo, podcast de empreendedorismo do InfoMoney, contando sobre os seus produtos na área de comunicação automatizada. Graças ao seu modelo de negócio, em 2020, recebeu um aporte de US$ 100 milhões, considerado o maior investimento em uma startup brasileira.

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O principal ramo da Take é a criação de chatbots para auxiliar empresas no atendimento de seus clientes. Ela atua na criação de soluções automáticos para que os consumidores tenham uma experiência de interação eficaz.

A carteira de clientes já soma 1,2 mil parceiros, como Itaú, Coca-Cola, Casas Bahia e Fiat. A startup ainda é responsável por criar campanhas de marketing via WhatsApp que já chegaram a contar com a resposta de 10 milhões de mensagens de clientes para um único parceiro.

“Todas as empresas, independente do tamanho, vão precisar ter um contato inteligente que é a presença dela na internet conversacional. A internet está evoluindo para os canais conversacionais, que são os aplicativos de mensagem, os assistentes virtuais e, também, agora, a internet das coisas”, projeta Roberto Oliveira, fundador e CEO da Take Blip.