Volkswagen suspende produção de veículos temporariamente no Brasil

Serão 12 dias corridos de paralisação das operações

Giovanna Sutto

Logotipo da Volkswagen

Publicidade

SÃO PAULO – A Volkswagen anunciou nesta sexta-feira (19) a suspensão da produção de todas as suas unidades no Brasil, localizadas nos estados de São Paulo e do Paraná. Serão 12 dias corridos de paralisação, de 24 de março até 4 de abril, em função da gravidade da pandemia.

As fábricas ficam localizadas em São Bernardo do Campo, São Carlos e Taubaté (em SP) e em São José dos Pinhais (no PR).

“Com o agravamento do número de casos da pandemia e o aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI nos estados brasileiros, a empresa adota esta medida a fim de preservar a saúde de seus empregados e familiares. Nas fábricas, só serão mantidas atividades essenciais”, afirmou a montadora em nota.

Continua depois da publicidade

Segundo a Volkswagen, os empregados da área administrativa atuarão em trabalho remoto. “A medida foi tomada em conjunto com os sindicatos locais”, diz também a nota.

Vale ressaltar que a medida tomada pela fabricante alemão não vai em linha com a decisão anunciada pela concorrente Ford no início deste ano. No caso da montadora americana, a decisão de parar a produção das operações nas plantas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller (em Horizonte, CE) ainda em 2021 é permanente.

A Volkswagen ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de demissões ou como fica a situação dos funcionários. No caso da Ford, cerca de 5,3 mil funcionários podem ser afetados pela suspensão da fabricação dos veículos no país.

Milad Kalume Neto, diretor de novos negócios, da consultoria automotiva Jato Dynamics, avalia que no contexto que a Volkswagen se encontra aparentemente não haverá demissões em massa. “Mas sempre há uma preocupação. A produção está parada, e se essa suspensão se estender? Não sabemos a extensão do problema, por enquanto. Precisaremos acompanhar os próximos passos da companhia nesses 12 dias parada”, diz.

Sinal amarelo

Com a piora da pandemia no Brasil, o setor automotivo vem enfrentando um ano complexo. Se no fim ano passado, houve uma retomada nas vendas, com dezembro sendo o melhor mês de de 2020 com 231.871 emplacamentos, o início deste ano já preocupa.

Segundo dados da Fenabrave, entidade que representa as associações de veículos, em fevereiro foram emplacadas 167,4 mil unidades no país. Na comparação com janeiro, as vendas caíram 2,2%, confirmando o esfriamento do mercado, com a flexibilização das quarentenas. Em meses consecutivos, o resultado de fevereiro foi o menor desde junho de 2020.

Além da diminuição das vendas, a falta de peças continua comprometendo a produção das montadoras, o que, consequentemente, restringe a oferta de carros disponíveis nas revendas – gerando um ciclo prejudicial.

As dificuldades de abastecimento, que já envolviam insumos como aço, peças plásticas e pneus, foram agravadas pela escassez global de componentes eletrônicos, levando a mais atrasos de produção e até mesmo paradas completas de linhas.

“A falta de peças para eletrônicos não é exclusividade do Brasil, porém o país não é prioridade perto de outros mercados no mundo. Então, essa falta de componentes eletrônicos e semicondutores pode continuar por mais um período”, avalia Neto.

Neto lembra, ainda, que a expectativa para 2021 era de uma retomada mais sólida do setor, com a economia voltando a girar e a aplicação das vacinas. “Mas o que estamos vendo é demora na vacinação, e fabricantes parando. A situação ainda é de muito risco e há uma certa insegurança”, diz.

Em janeiro, a produção de veículos caiu 4,6% na comparação com dezembro do ano passado, segundo balanço mais recente Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil.

Participe do Treinamento gratuito Scalper Pro e entenda como extrair lucro e controlar riscos na Bolsa em operações que duram minutos ou segundos! Inscreva-se aqui.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.