Valor do acordo entre Braskem (BRKM5) e prefeitura de Maceió não surpreende, mas é risco a ser considerado

Para analistas, cada empresa interessada na compra da petroquímica terá que ponderar os riscos envolvidos no processo

Lucinda Pinto

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O acordo firmado entre a Braskem (BRKM5) e a prefeitura de Maceió, para o pagamento R$ 1,7 bilhão como reparação do acidente geológico de Alagoas não foi considerado surpreendente, mas certamente será considerado no preço de compra de cada companhia interessada, afirmam fontes que acompanham as negociações. A Braskem já havia provisionado R$ 700 milhões para fazer frente a essa questão judicial, mas ainda havia muita expectativa em torno de qual seria a proposta de acordo.

“O valor está dentro do esperado, mas sem dúvida cada empresa interessada no negócio vai ter que fazer as contas e considerar o risco” afirma um interlocutor, sob condição de anonimato.

A visão do mercado é de que a definição desse valor reduz a incerteza manifestada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), embora o foco do tribunal possa estar também sobre a discussão em nível estadual, que pode elevar ainda mais o valor a ser desembolsado pela companhia.

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Segundo matéria publicada pela Bloomberg, o TCU poderia vir a suspender a venda da Braskem sob a alegação de que a indefinição do valor desse acordo representa um risco para a Petrobras (PETR4), segundo maior acionista da Braskem.

Esse movimento do TCU surpreendeu analistas, uma vez que a Petrobras é acionista da Braskem há cinco anos e, portanto, já teria tido tempo hábil para fazer a estimativa do futuro custo com a situação de Alagoas, caso isso fosse possível. De todo modo, neste momento, a estatal terá que ponderar os riscos dessa situação, da mesma forma como os demais potenciais compradores da companhia.

Em relatório, o BTG Pactual pondera que o valor adicional de R$ 1 bilhão representa 5% do valor de mercado da Braskem, o que dificulta a capacidade do investidor de avaliar adequadamente o fim desse imbróglio. Apesar disso, os analistas acreditam que as negociações para a venda da Braskem ainda devem se arrastar por muito tempo, e que ainda não é possível contar com uma intervenção do TCU no curto prazo.

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“Acreditamos que o processo de venda da Braskem ainda levará muito tempo para ser concluído e, se a Petrobras decidir adquirir o controle acionário da Novonor [ex-Odebrecht], provavelmente não haverá direitos de tag along para os minoritários detentores de ações preferenciais, em nossa visão. Como tal, recomendamos cautela com um resultado positivo deste evento”, conclui o relatório

Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.