Vale: maior transparência e foco em retornos devem compensar no longo prazo

Analistas avaliam capex de US$ 16,3 bi para 2013 como neutra, mas veem como positivos o ciclo dos preços de minério de ferro e o foco em projetos com maiores retornos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na última segunda-feira (3), a Vale (VALE3;VALE5) anunciou o capex para 2013, num total de U$ 16,3 bilhões, mostrando maior cautela em relação aos US$ 17,5 bilhões que devem ser investidos em 2012. De acordo com o Safra, este movimento é neutro para a companhia, uma vez que já era esperado, enquanto o Barclays ressalta a mudança de ventos da companhia. 

Os analistas do Safra, Leonardo Alves e Lucas Marquiori, ressaltam, entretanto, que a companhia possa investir menos do que o planejado no ano corrente devido à volatilidade dos preços do minério de ferro. Indo mais além, eles ressaltam que isso pode ocorrer novamente em 2013, uma vez que a companhia está buscando parceiros nos projetos Rio Colorado, de logística e Moatize.

Enquanto isso, o Barclays destaca o foco da administração em aumentar a transparência mostrando que, apesar de não haver diversos catalisadores aos quais os analistas do banco estavam esperando ainda não terem aparecido, a maior “paciência” com a companhia pode compensar mais no longo prazo. 

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Com isso os analistas Leonardo Correa, Pedro Grimaldi e Luiz Fornari mantêm a recomendação overweight (desempenho acima da média do mercado) para os ADRs (American Depositary Receipts) da mineradora, possuindo preço-alvo de US$ 25,00 por ativo – o que corresponde a um potencial de valorização de 40,69% em relação ao fechamento desta quarta-feira. Para a recomendação, os analistas destacam o valuation atrativo e uma visão mais otimista para os preços do minério de ferro no médio prazo, além das iniciativas estratégicas da Vale. 

Dentre elas, aponta o Safra, está o foco maior para projetos de retornos maiores para melhorar a sua gestão de alocação de capital. Alves e Marquiori enumeram a expansão de Carajás, Itabiritos e centros de distribuição, além dos projetos orgânicos de cobre. A companhia ainda está captando caixa, planejando diversos deinvestimentos que devem acrescentar caixa à companhia e, provavelmente, aumento o pagamento de dividendos. 

Maior crescimento 
Sem vendas de ativos, destacam os analistas do Safra, a Vale deve elevar a sua dívida líquida em US$ 4 bilhões em 2013. Para eles, a companhia continuará saudável, pois sua alavancagem vem aumentando vagarosamente; além disso, as perspectivas apontam para um maior crescimento mais à frente. 

O Barclays também aponta para um cenário mais promissor também para o ciclo de minério de ferro, em meio às quedas dos estoques e com a demanda relativamente forte da China. Desta forma, para 2015, as expectativas giram em um preço do minério de ferro por volta de US$ 100 a tonelada. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.