Vale deve sofrer “mega venda” de até R$ 17 bilhões na Bolsa – mas não há motivo para pânico

Acionistas da mineradora podem vender bilhões em ações após o fim do lock-up, mas a perspectiva para essa operação é positiva

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após a histórica reorganização acionária, a Vale (VALE3) está prestes a enfrentar um outro importante evento e que deve impactar as suas ações no curto prazo, conforme apontou o Itaú BBA em relatório desta sexta-feira. 

Afinal, foi encerrado nesta semana o lock-up de seis meses estabelecido no acordo de acionistas de agosto de 2017. Naquele mês, foram concluídas as aprovações de mudanças como a  conversão de ações preferenciais em ordinárias e a incorporação da Valepar pela Vale. 

Durante o período de “lock-up” há restrições para a venda de ações por parte de controladores. No caso, da extinta Valepar, integrada por BNDESpar, Litel Participações – composta por alguns fundos de pensão como a Previ– e por Bradespar e Mitsui & Co.

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Com o lock-up vencendo, o Itaú BBA destaca que cerca de 869 milhões de ações ficariam “livres” para serem vendidas no mercado, totalizando R$ 40 bilhões. A estimativa é de que alguns acionistas controladores da mineradora poderão manter suas posições. De qualquer forma, a expectativa é de que os acionistas vendam de R$ 13 bilhões a R$ 17 bilhões em papéis da mineradora.

O BNDESPar e os fundos de pensão provavelmente venderão ações, enquanto a Mitsui e a Bradespar deverão manter suas fatias, segundo o relatório do Itaú BBA. Já o Previ deve vender entre 20% a 40% da participação livre para reduzir a exposição, enquanto Funcef e Petros poderiam vender toda a sua participação livre, por necessidade de liquidez. Funcesp e BNDESPar, por sua vez, poderiam vender toda a sua participação livre devido à reorganização dos portfólios, aponta o Itaú BBA.

De acordo com o relatório assinado por Marcos Assumpção, Daniel Sasson e Carlos Eduardo Schmidt, a operação pode ser feita através de um block trade [leilão agendado por um grande investidor/ ou grandes investidores para se desfazer de uma quantidade significativa de ações] o que é preferível por ser mais rápido e menos oneroso, ou através de uma oferta de ações, segundo o relatório. 

Porém, não há motivo para os investidores ficarem muito preocupados com essa “enxurrada” de ações da Vale no mercado. Em primeiro lugar, por que esse movimento já era esperado e, inclusive, já comentado pelos representantes dos acionistas da mineradora. 

Em dezembro,  o presidente da Previ, Gueitiro Genso, ressaltou que nenhum integrante do acordo de acionistas da mineradora deveria fazer movimento de saída “desenfreada” da companhia após o vencimento do período de “lock-up”, um dos pontos ressaltados também pelo Itaú BBA. 

Além disso, apesar de criar diluição no curto prazo, a oferta em potencial é positiva, avaliam os analistas. Isso porque, além de elevar a liquidez da Vale em 10%, deve levar a um aumento no número de membros independentes do conselho em futuras eleições.

Transparência e aumento da governança corporativa foram alguns dos pontos destacados pelo mercado para ter gostado tanto da reorganização societária na companhia. A oferta de ações, mesmo que significar uma diluição ou até mesmo uma pressão vendedora no curto prazo, será positiva para a mineradora. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.