Vacina pode estar disponível na China em dezembro, por menos de R$ 800, diz Sinopharm

Segundo a mídia chinesa, a fábrica da Sinopharm em Pequim é o maior centro de manufatura de vacinas contra a Covid-19 do mundo

Allan Gavioli

Getty Images

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SÃO PAULO – Liu Jingzhen, presidente do Grupo Farmacêutico Nacional Chinês (Sinopharm) afirmou que a vacina do laboratório pode estar disponível ainda este ano e com um custo bem acessível.

Segundo Jingzhen, o medicamento pode estar pronto para ser comercializado “provavelmente em dezembro” e o tratamento completo – que inclui duas doses da vacina – deve custar menos de R$ 800.

“Não será muito cara [a vacina]. Esperamos que custe algumas poucas centenas de yuans por injeção, por isso o tratamento completo [com duas doses] deve custar menos de 1 mil yuans (R$ 795 na conversão direta)”, disse o executivo, em declarações citadas pela mídia estatal.

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Entretanto, o executivo não esclareceu se o serviço público de saúde da China irá cobrir apenas parte desse custo, ou se a vacina será incluída no programa gratuito de vacinação do país. Ele apenas disse que “nem toda a população chinesa terá que se vacinar” e que a empresa está estabelecendo que trabalhadores das grandes cidades devem ter prioridades na hora de receber a vacina.

“Terminada a terceira etapa dos ensaios clínicos internacionais, poderemos registrar a vacina. Segundo nossas estimativas, até o final do ano, provavelmente em dezembro, ela poderá aparecer no mercado”, afirmou.

O projeto da Sinopharm, desenvolvido junto ao Instituto de Virologia de Wuhan – cidade onde a doença apareceu pela primeira vez – já concluiu as duas primeiras fases de ensaios clínicos. A terceira e última etapa de testes já está acontecendo ao redor do mundo – inclusive no Brasil.

O calendário antecipado pela Sinopharm estabelece que essa terceira fase pode terminar já neste mês de agosto, sendo seguida de uma observação médica em setembro, cujos dados definitivos seriam divulgados em outubro. Só então a vacina poderia receber a autorização oficial para começar a ser distribuída.

Conforme explicou o veículo estatal chinês, a fábrica da Sinopharm em Pequim é o maior centro de manufatura de vacinas contra a Covid-19 do mundo. Ainda segundo o presidente da companhia, a Sinopharm possui condições de produzir 200 milhões de dose por ano.

Segundo as últimas informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente existem 167 vacinas sendo testadas no mundo: 138 estão no estágio pré-clínico e, das 29 já estão no estágio clínico (entenda melhor as etapas abaixo), seis estão na fase três, que é a última etapa antes da aprovação. E quatro das seis vacinas na fase três estão sendo testadas no Brasil.

Ainda que a corrida pela descoberta da vacina possa estar se aproximando do final, o caminho para imunização global ainda é distante. Em uma reportagem recente, o InfoMoney detalhou o longo processo que existe entre a aprovação de um medicamento e sua aplicação na população.

Etapas de testes de uma vacina

Depois que uma vacina é desenvolvida, o teste de eficácia do medicamento se divide em duas grandes etapas. A primeira delas é a pré-clinica, na qual são realizados testes em animais para comprovação dos dados obtidos em experimentações in vitro. E a segunda é a etapa dos testes clínicos em seres humanos, que é subdividida em três fases.

A primeira testa o medicamento em um menor número de voluntários (entre 20 e 80). Na segunda, esse número já chega a centenas de testados. Já a última etapa do teste clínico – a fase três – testa a eficácia do medicamento em um maior contingente de pessoas, que chega na casa dos milhares. Passada essa fase, a vacina é aprovada e pode ser produzida em larga escala.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.