Unit de companhia elétrica sobe 3% após “derrota” em leilão de Belo Monte

Consórcio formado por Eletrobras e chineses ganhou o leilão, com Receita Anual Permitida de R$ 434.647.038 ao ano, a menor oferecida pelos concorrentes

Rodrigo Tolotti

Usina de Belo Monte

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SÃO PAULO – Ocorreu nesta sexta-feira (7) o leilão para as linhas de transmissão que vão escoar a energia da hidrelétrica de Belo Monte (PA) para a região Sudeste. Com três consórcios concorrentes, o grupo IE Belo Monte, formado pela chinesa State Grid Brazil Holding, pela Furnas Centrais Elétricas e pela Eletronorte – as duas últimas como subsidiárias da Eletrobras (ELET3;ELET6) – ganhou o leilão ao apresentar uma proposta de RAP (Receita Anual Permitida) de R$ 434.647.038 ao ano.

Porém, as units da Alupar (ALUP11), uma das “derrotadas” no leilão, registram alta de 2,95%, a R$ 16,03, enquanto os papéis da Taesa (TAEE11) – que formou consórcio com a Alupar – começavam a ganhar força após abrir em queda, com avanço de 0,34%, para R$ 17,51. As cotações são da 11h09 (horário de Brasília).

Segundo as regras do leilão, seria vencedor o consórcio que apresentasse a menor proposta de RAP pela prestação do serviço. Para o lote único, a RAP tinha sido fixaso em R$ 701 milhões. A Abengoa Construção do Brasil entregou proposta de RAP de R$ 620.423.600, enquanto o consórcio BMTE – formado pela Taesa e pela Alupar  -, entregou proposta de RAP de R$ 666.482.160.

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A receita será recebida pelo prazo de 30 anos, com possibilidade de prorrogação a critério do Poder Concedente. Segundo efital, as instalações devem entrar em operação no prazo de 44 a 46 meses da assinatura dos contratos, com a criação de 15.476 empregos diretos. Os investimentos previstos são da ordem e R$ 5 bilhões.

Segundo a equipe de análise da XP Investimentos o resultado é positivo para Taesa e para a Alupar, já que demonstra certa rigidez na alocação apropriada de capital, uma vez que as duas empresas ofereceram uma proposta conservadora e com pequeno deságio (4,93%) sobre a tarifa teto. Além disso, eles destacam que o resultado tira o receio do mercado quanto a uma possível agressividade de ambas as empresas neste leilão. 

Em dezembro a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) mudou a taxa de retorno sobre o capital (WACC) de projetos de transmissão, de 4,60% para um número variável. O edital do leilão de Belo Monte revelava um WACC de 6,63%. Para a XP, com a proposta agressiva, o retorno do projeto deve ser menor, logo eles veem o resultado como negativo para a Eletrobras.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.