Um dinossauro com roupa de astronauta: CEO da Dasa descreve desafios da transformação digital

Fundada na década de 1960, a Dasa hoje possui 45 squads. Para Barros, um dos principais desafios é mudar a cultura

Letícia Toledo

(Getty Images/Leo Albertino)

Publicidade

SÃO PAULO – Já é consenso que a pandemia obrigou as empresas brasileiras a se tornarem mais digitais. Mas, para Cleber Morais, diretor da Amazon Web Services — o serviço de nuvem da Amazon — no Brasil, a crise atual fez mais do que isso: ela está obrigando as empresas a reverem sua gestão, processos e sistemas para passar por uma verdadeira transformação digital.

“Isso tem que ser feito agora. As empresas que não fizerem a transformação digital neste momento talvez não sobrevivam”, afirmou o executivo durante painel da Expert XP nesta quarta-feira (15).

A empresa de medicina diagnóstica Dasa é um exemplo de companhia que já estava avançada nesta discussão quando a pandemia se instaurou no país. “Em 2017 nós percebemos que, se não fizéssemos a transformação, iríamos ficar para trás”, disse Carlos de Barros, CEO da companhia no mesmo painel.

Continua depois da publicidade

Fundada na década de 1960, a Dasa hoje possui 45 squads — os famosos times multidisciplinares  — com mais de 300 pessoas e deve investir cerca de R$ 200 milhões em iniciativas de produtos e transformação digital apenas em 2020. “A transformação digital ainda é um desafio, mas estamos avançando”, relatou.

Para Barros, um dos principais desafios de transformar uma empresa tão tradicional está na necessidade de mudar sua cultura. “A gente brinca que, por conta da idade, poderíamos até ser um dinossauro, mas pelo menos somos um dinossauro que está vestindo roupa de astronauta. O desafio é como é que você coloca a roupa de astronauta em um dinossauro. Isso é transformação digital.  É  como transformar a cultura e empoderar as pessoas na ponta, os funcionários que estão com a ‘barriga no balcão’, a escutar o seu cliente para desenvolver novas soluções”, disse. “Em uma empresa que era tão hierarquizada, com decisões de comando e controle, é um desafio”, completou.

Mas não são apenas as empresas tradicionais que enfrentam desafios para se transformar no cenário atual. João Del Valle, co-fundador e COO da startup de pagamentos Ebanx, afirma que um desafio central nas empresas que já nasceram digitais é lidar de maneira ágil com todo o acumulo de tecnologia que é gerado.

“A cada projeto novo que se cria há um novo legado digital. A complexidade só aumenta. Então, é preciso ter uma equipe de tecnologia que está apaixonada por dominar essa complexidade e fazer tudo rodar. Este é um problema em todas as empresas ao redor do mundo”, afirmou durante o painel.

Para Del Valle, a transformação digital não pode ser um projeto dentro de uma empresa, ela deve sempre continuar. “A transformação digital está muito ligada ao conceito de ‘paranóia produtiva’. É preciso constantemente revisitar não só o “como”, mas “o quê” você faz. Você tem que ser paranóico, pensar naquilo que você faz e por quanto tempo o seu modelo de negócios vai durar”, afirmou.

Segundo o executivo, este é o pensamento que auxiliou a Ebanx, fundada em 2012, a abrir novas frentes e oferecer novos serviços.

Na Dasa, a pandemia acabou acelerando alguns produtos frutos da transformação digital que a empresa já vinha trabalhando como teleconsulta, telemedicina e agendamento digital (hoje, mais de 30% dos agendamentos da Dasa já são digitais).

Inscreva-se na EXPERT 2020 e acompanhe o maior evento de investimentos – Online e gratuito

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.