Uber perde US$ 1 bilhão em valor de mercado após reportar 6 mil casos de agressões sexuais

Ações da empresa registram queda em Nova York após relatório detalhar agressões sexuais, acidentes e assassinatos entre 2017 e 2018

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Uber deve perder cerca de US$ 1 bilhão em valor de mercado depois de reportar cerca de 6 mil casos de agressões sexuais em carros da empresa nos últimos dois anos nos Estados Unidos.

Às 13h55 (horário de Brasília) desta sexta-feira (6), nas negociações da NYSE (Bolsa de Nova York), as ações da empresa caíam 2,23%, o que representa aproximadamente US$ 1 bilhão em seu valor de mercado, considerando o fechamento da última quinta-feira (5).

A empresa divulgou um relatório na última quinta-feira (5) detalhando o número de agressões sexuais, acidentes de carro e assassinatos que ocorreram entre 2017 e 2018. Segundo o relatório, durante esses dois anos, 2,3 bilhões de viagens foram feitas em seus carros. O número de casos de agressão sexual foi de 2.936 em 2017 e 3.045 em 2018 ou 5.981 no total.

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O documento mostra que motoristas relataram quase tantas acusações de agressão sexual quanto os passageiros, que fizeram 56% das reclamações. As queixas variaram de beijos indesejados a penetração forçada.

Considerando apenas 2018, 58 pessoas foram mortas em acidentes de carro, enquanto nove foram assassinadas.

Não existem muitos dados sobre agressões em táxis ou outros sistemas de transporte, e especialistas argumentam que os ataques, em grande parte, não são denunciados. A companhia quer quantificar os casos de violência para tentar argumentar que, com o passar do tempo, o aplicativo está ficando mais seguro, na comparação com concorrentes.

Em um tuíte, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, afirmou que “fazer a coisa certa significa contar, confrontar e tomar medidas para acabar com a agressão sexual”.

“Meu coração está com todos os sobreviventes desses crimes. Nosso trabalho em relação a isso não vai parar, mas damos um importante passo importante hoje. No longo prazo, seremos uma empresa melhor. Acredito que as empresas transparentes, responsáveis ​​e sem medo são as que obtêm sucesso”, disse o executivo.

Promessa

A Uber se comprometeu há mais de um ano em divulgar esse estudo sobre segurança, promessa também feita pela Lyft logo depois. A Lyft, a segunda maior empresa de transporte por aplicativo dos EUA, ainda não publicou um relatório.

Defensores de vítimas de violência sexual acreditam que a decisão de divulgar os dados seja um passo importante.

“É realmente sem precedentes para uma empresa coletar esse tipo de dados sistemáticos ao longo do tempo e depois compartilhá-los com o público”, disse Karen Baker, presidente do Centro Nacional de Recursos de Violência Sexual (NSVRC, na sigla em inglês), que assessorou a Uber no estudo. Segundo Baker, outras empresas do setor de transporte nos EUA deveriam seguir o exemplo.

Vale lembrar que os problemas da Uber em relação a segurança não se restringem apenas aos EUA e nem aos carros. A companhia foi processada em 2017 por uma mulher que alegou que sua privacidade foi violada por executivos da empresa, após supostamente ter sido vítima de estupro por um motorista da empresa na Índia.

*Com Bloomberg

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.