Twitter fecha escritório em Bruxelas e gera temores de segurança digital, diz jornal

Saída de responsáveis pela política digital na Europa causa incerteza sobre adesão às regras sobre desinformação e discurso de ódio

Mariana Amaro

(Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

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O Twitter desativou seu escritório em Bruxelas, na Bélgica. A informação foi divulgada pelo jornal americano Financial Times e gerou preocupações entre as autoridades da União Europeia sobre a adesão da plataforma às novas (e rígidas) regras do bloco sobre o gerenciamento de conteúdo digital e controle de divulgação de informações falsas e discurso de ódio.

De acordo com fontes do jornal, os dois responsáveis pela política digital do Twitter na Europa, Julia Mozer e Dario La Nasa, deixaram a companhia na semana passada em circunstâncias ainda não esclarecidas.

A saída da dupla aconteceu na semana em que Musk fez um ultimato aos funcionários informando que todos os colaboradores tinham até a noite do mesmo dia para decidirem se queriam continuar trabalhando na empresa — em novas condições — ou se preferiam sair e receber uma indenização que corresponde a três meses de salários. Na mensagem, Musk informou que, para continuar, seria preciso trabalhar “longas horas em alta intensidade”.

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Boa parte da equipe de Bruxelas já havia saído da empresa no começo do mês, durante os cortes de cerca de 5% no pessoal, mas Mozer e La Nasa continuaram na empresa por mais alguns dias. Os executivos estavam à frente do projeto de conformidade da companhia para para cumprir o código de desinformação e a Lei Geral de Proteção de Dados do bloco, que entrou em vigor neste mês e que inspirou a versão brasileira da legislação.

O escritório de Bruxelas era uma das menores representações da companhia em termos de pessoal, mas era considerado crucial para os formuladores de políticas europeus e levantou dúvidas sobre a capacidade ou mesmo vontade da empresa de garantir a conformidade com as leis locais de policiamento de conteúdo na internet.

Ao Financial Times, Vera Jourová, vice-presidente responsável pelo código de desinformação da UE, disse que está preocupada com a notícia da demissão de uma quantidade tão grande de funcionários do Twitter na Europa e afirmou: “se você deseja detectar e agir com eficácia contra a desinformação e a propaganda, precisa de recursos. Especialmente no contexto da guerra de desinformação russa, espero que o Twitter respeite totalmente a lei da UE e honre seus compromissos. O Twitter tem sido um parceiro muito útil na luta contra a desinformação e o discurso ilegal de ódio, e isso não deve mudar.”

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Não foi apenas o escritório belga que sofreu com a saída de executivos em posições-chave para para lidar com autoridades do governo deixaram subitamente a organização nas últimas semanas devido aos cortes generalizados.

#Tchau

As polêmicas em torno da rede social têm afugentado anunciantes. Ontem (23), as marcas da Volkswagen suspenderam todas as atividades pagas no Twitter até novo aviso, disse um porta-voz da empresa. A Volkswagen é mais uma das empresas a deixar de anunciar no Twitter após a compra da rede social pelo bilionário Elon Musk e se junta agora com a seguradora Allianz, a farmacêutica Pfizer e a montador General Motors.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.