T4F: após queda de 60% em dois meses, chegou a hora do show recomeçar?

Conjunto de notícias negativas constrói panorama cauteloso para a companhia no curto prazo

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SÃO PAULO – A Time For Fun (SHOW3) continua em seu inferno astral. De setembro pra cá, a empresa de entretenimento, que está na bolsa desde abril do ano passado, vem sofrendo com o aumento da concorrência, com a expansão da IMX, de Eike Batista e os planos da WTorre, junto com a americana AEG, para realizar eventos. Aliado a isso, os grandes shows internacionais não deram o retorno esperado, trazendo um cenário mais nebuloso para o que pode vir nos eventos futuros da empresa.

O impacto disso vem sendo refletido nos papéis listados na Bovespa: nesses pouco mais de dois meses desde que a IMX fechou acordo com o Cirque du Soleil, as ações SHOW3 passaram da faixa de R$ 17,50 para os atuais R$ 7,10 – uma queda de 59,43%. Só na primeira semana de dezembro, os papéis da companhia despencaram 31,03%, batendo seu menor patamar histórico (R$ 6,71).

Em uma tentativa de concluir a enxurrada de más notícias, a produtora de eventos resolveu se pronunciar nesta segunda-feira (10), emitindo relatório, onde antecipa os resultados fracos que serão reportados neste trimestre, e explica suas causas.

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Apesar do excesso de sinceridade da T4F, há quem ainda vê oportunidade na empresa. Logo após a empresa divulgar o comunicado, o Credit Suisse avaliou, por meio de relatório, que a empresa ainda possui uma forte posição de caixa, e, além disso, projeções de resultados mais favoráveis no próximo ano já podem servir de catalisador para as ações SHOW3.

A postura franca da empresa e a visão mais otimista do Credit parecem ter jogando luz nos papéis. As ações da produtora de eventos se valorizaram 1,43% no pregão, mas chegaram a saltar 7,14%, no intraday, a R$ 7,50. 

Mea culpa
De acordo com a empresa, a baixa venda de ingressos, o aumento de gastos e a variação cambial são os principais fatores que poderão pressionar as margens da companhia. Entre os gastos, foi relatado aumento de despesas com mídia, produção e logística.

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“Entendemos que o baixo desempenho dos conteúdos de música ao vivo outdoor, notadamente em relação ao público pagante, que foge totalmente da nossa experiência histórica neste tipo de evento, não pode ser associado a um único fator determinante, mas a uma conjuntura de fatores”, justificou a empresa.

Novos concorrentes
Para piorar o cenário da empresa, na semana passada, foi reportado que o empresário Walter Torre, da imobiliária WTorre, deverá criar uma empresa de entretenimento, junto com sua sócia americana AEG, para promover eventos na nova arena do Palmeiras. A expectativa é que o local receba cerca de 50 mil pessoas em cada show, e seja inaugurada em outubro de 2013.

Em setembro, as ações da produtora de entretenimento começaram a passar por forte queda, após a companhia perder os direitos sobre o Cirque du Soleil para a IMX. Na época, o BTG Pactual cortou o preço-alvo dos papéis, projetando perda de receita da empresa, e ressaltou que a perda sobre os direitos do CDS abre uma sinalização de que há poucas barreiras para entrar no setor de entretenimento e que relações de longo prazo podem acabar de forma abrupta. No dia do anúncio da operação, as ações da companhia caíram 17%.

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Resultados e mudança de investidores
No resultado do trimestre passado, a companhia reportou retrocesso de 29% no lucro líquido, para R$ R$ 12,54 milhões. O número total de eventos promovidos pela empresa caiu 14% na comparação anual, para 304. Já o número de ingressos vendidos encolheu 5%, para 500 mil.

Para piorar o cenário, duas das principais apostas da empresa para este ano, Madonna e Lady Gaga, tiveram demanda por ingressos bastante abaixo do esperado.

Logo após a divulgação do balanço, o fundo GIF II Fundo de Investimento em Participações – administrado pela Gávea Investimentos – anunciou ter vendido sua fatia de participação na companhia, que era de 6,27% do capital da empresa ou 4.373.627 ações. No mesmo mês, contudo, o fundo Fundamental Investimentos, do grupo Rio Bravo, anunciou a compra de 1 milhão de ações da companhia.

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Apesar do panorama ruim, a empresa recebeu, na semana passada, o Prêmio Caboré – o maior na área de publicidade – na categoria Serviço Especializado. A companhia ganhou outros dois prêmios neste ano: o Top Independent Promoter no Billboard Touring Awards e de Melhor Casa de Shows e Melhor Teatro, com o Credicard Hall e o Teatro Renault, nesta ordem, pela categoria O Melhor de São Paulo, promovido pela revista Época.