Oferecido por

Startups em 2023: para fundador do Buscapé, ano é de reajuste e grandes oportunidades

Romero Rodrigues, gestor do Fundo Headline XP e Readpoint Eventures, é o convidado do segundo episódio do Trilha da Inovação

MoneyLab

Publicidade

Depois de dois anos consecutivos de recordes nos investimentos em startups, 2022 não foi um ano favorável para novos negócios no Brasil, o que já era perceptível no ambiente de inovação. De acordo com a Sling Hub, a maior plataforma de dados de startups da América Latina, os aportes em empreendimentos nacionais caíram pela metade no ano passado, totalizando US$ 5,2 bilhões, em comparação com os US$ 10,5 bilhões de 2021.

Embora o mercado digital tenha recebido um forte impulso em 2021 devido à pandemia de Covid-19, levando a uma alocação elevada de recursos por parte dos investidores em startups, o cenário se estabilizou após o frenesi inicial. 2022 foi marcado por uma forte retração, enquanto que 2023 tem sido um ano de ajustes e desafios para as startups brasileiras. Como controlar as expectativas de alto retorno? E mais, como navegar em uma realidade em que fatores econômicos, como a guerra na Ucrânia, a alta de juros e a inflação, afetam tanto os negócios?

Com a escassez de recursos, as startups precisaram rever suas projeções, resultando em ondas de demissões e uma queda severa nos valuations, processo de avaliação do valor da empresa. Para Romero Rodrigues, sócio responsável por venture capital na XP, onde gerencia o Headline XP e também gestor dos fundos da Redpoint Eventures, 2023 é um ano de reajuste e grandes oportunidades.

Continua depois da publicidade

“Essas correções são muito naturais e já existiram outras vezes no passado recente, seja em 2000, com o estouro das ponto com, em 2008 e 2009, na crise financeira global. Também tivemos uma chacoalhada e agora foi acentuado pelo excesso de liquidez que tivemos no pós-COVID”, disse Romero, em participação no programa Trilha da Inovação.

Para Romero, a atual situação é positiva para empreendedores que operam bem, pois a concorrência é menor e os recursos estão menos inflacionados. Em outras palavras, é mais fácil encontrar programadores, comprar mídia e disputar clientes. Já para aqueles que são bons em captar investimentos, mas não em executar, o mercado ficou mais difícil.

Historicamente, as recessões têm sido momentos frutíferos para as startups. Na recessão da década de 70, foram fundadas a Microsoft e a Apple. No estouro da bolha da internet em 2000, surgiram o Google, a Pay Pal e Amazon. Em 2008 e 2009, a economia compartilhada, o Airbnb e o Uber surgiram, assim como as plataformas de crowdfunding e peer-to-peer lending.

Continua depois da publicidade

Foi o que aconteceu com Buscapé, empresa fundada por Romero e um amigo de faculdade, que nasceu junto ao estouro da bolha da internet em 2000. A ideia surgiu da necessidade de encontrar produtos e preços na internet, que na época era uma novidade no Brasil. Em 1999, o Buscapé entrou no ar com 35 lojas e 30 mil produtos e preços, o que representava 100% do que existia na internet brasileira.

Durante sua carreira, Romero esteve envolvido em mais de 100 startups, sendo que 9 delas se tornaram unicórnios, empresas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares. Para Romero, o sucesso das startups se deve não apenas às ideias inovadoras, mas também à capacidade de adaptação e flexibilidade, características essenciais em um mercado tão competitivo. Ele aponta que o Brasil é um celeiro potencial para essas empresas.

Romero acredita que o país tem uma combinação única de um mercado interno grande, com mais de 200 milhões de brasileiros, além de muita ineficiência e burocracia no país, o que pode ser visto como um vento a favor para as startups. Problemas significam oportunidades para resolver e criar soluções 10 vezes melhores ou mais baratas do que em outros países.

Continua depois da publicidade

Para Romero, desde o começo, os fundadores devem pensar em como atrair pessoas talentosas que estejam alinhadas com a visão da empresa. Ele sugere que, em vez de pagar altos salários, é melhor oferecer opções de ações ou participação na companhia.

“As empresas bem-sucedidas geralmente têm um programa de opções de ações bem estruturado, no qual os principais talentos podem se tornar sócios da empresa.”

Romero enfatiza que é essencial para os fundadores manterem uma participação significativa na empresa, para que não se sintam desmotivados no futuro. “Quando o fundador tem uma participação menor, há um risco maior de desistência do negócio. Além disso, uma grande participação inicial pode impedir que a empresa cresça no futuro.”

Continua depois da publicidade

Para empresas mais tradicionais que desejam se adaptar ao mundo digital e se transformar, Romero acredita que a inovação também deve estar presente na maneira como as empresas são gerenciadas.

Para isso, grandes empresas têm se aproximado das startups através dos fundos corporativos, conhecidos como CVC, para investir. Romero destaca que é importante que esses fundos estejam desenhados para dar retorno ou para estimular o ecossistema. “A iniciativa dos fundos CVC é muito importante para o ecossistema de startups, pois ajuda a acelerar a inovação e a criação de novas empresas, além de fornecer uma saída para investidores de startups que não cresceram o suficiente.”

Entretanto, Rodrigues adverte que é importante que os empreendedores tenham cuidado ao escolher um fundo. “Ele deve estar desenhado para dar retorno ou estimular o ecossistema, e não como um braço da empresa que o controla.”

Para Romero, o momento é bom tanto para empresas como pessoas físicas que queiram investir em startups. Mas é importante ressaltar que investir em startups também envolve riscos significativos, pois a grande maioria das empresas novas falha. Por isso, é essencial fazer uma análise detalhada da equipe de gestão, do modelo de negócios, da concorrência e do mercado potencial antes de investir em uma startup. Além disso, é fundamental diversificar o investimento em várias startups, para reduzir os riscos e aumentar as chances de sucesso.

Por Ana Medici, apresentadora do Trilha da Inovação

MoneyLab

MoneyLab é o laboratório de conteúdo de marcas do InfoMoney. Publicidade com criatividade e performance a favor de grandes ideias. Publicamos conteúdos patrocinados para clientes e parceiros.