Startup mexicana que aposta em aluguel de casas inteligentes chega ao Brasil

A Casai começou a operar no país em novembro de 2020. De lá para cá, acumulou 100 unidades e ocupação acima de 90%

Mariana Fonseca

Apartamento

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SÃO PAULO – O Brasil tem mais de 800 startups que atuam com construção e gestão de propriedades – as chamadas construtechs e proptechs. O mercado imobiliário nacional em alta chama a atenção até mesmo de negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos criados fora do país.

A startup atraída mais recente é a Casai, plataforma de aluguéis com contratos flexíveis. O empreendimento mexicano tem grandes concorrentes no país, como a Housi. Mas defende tecnologia como seu diferencial. Todos os apartamentos são transformados em smart homes (“residências inteligentes”), por meio da integração com equipamentos como Chromecast e Google Home.

A Casai chega oficialmente nesta semana ao Brasil. O empreendimento está em pilotagem desde setembro do ano passado, com 100 unidades espalhadas por bairros como Jardins, Itaim Bibi, Pinheiros e Vila Olímpia. O InfoMoney conversou com Nico Barawid, cofundador da Casai, sobre o modelo de negócios da startup e os planos para o Brasil.

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Entre hotéis e reservas no Airbnb

Nico Barawid iniciou sua carreira no Boston Consulting Group e depois foi trabalhar na fintech Nova Credit, em São Francisco (Estados Unidos). Nas duas empresas, Barawid viajava a trabalho para diversos mercados emergentes: primeiro ficou em hotéis, depois em propriedades alugadas no marketplace Airbnb.

“Diferente de hotéis, apartamentos ficam em bairros bem interessantes e têm cozinhas. O problema é que não há consistência na qualidade das propriedades. Queria encontrar formas melhores de viajar, especialmente em mercados emergentes”, diz Barawid.

O empreendedor se mudou para a Cidade do México no começo de 2019. Lá conheceu Maricarmen Herrerías, que trabalhou tanto com finanças quanto com hospedagem. Os dois se tornariam cofundadores da Casai, com a proposta de levar mais tecnologia para o mercado de hospedagem na América Latina.

Nico Barawid, cofundador e CEO da Casai (Divulgação)
Nico Barawid, cofundador e CEO da Casai (Divulgação)

Como funciona a Casai?

O usuário pode reservar uma propriedade na Cidade do México ou em São Paulo por meio do site da Casai. A maioria do público no país natal da startup é composta por americanos, muitos sem conhecimento de espanhol.

A Casai fornece figuras e instruções em seu aplicativo para os usuários chegarem ao apartamento reservado. A portaria do local também pode usar o app para reproduzir uma mensagem de boas vindas no idioma do usuário. A startup não compra propriedade, e sim trabalha com locadores para transformar seus apartamentos em smart homes.

A Casai coloca fechaduras digitais em todas as propriedades, abertas por um código no seu aplicativo. Também põe aparelhos como Chromecast e Google Home, com músicas e informações de contato da equipe da Casai. Aparelhos de marcas diferentes se conversam e podem ser acessados pelo aplicativo da Casai por meio de um hub de hardwares criado pela própria startup, apelidado de Butler (“mordomo”).

A equipe de hospedagem também tira fotos atualizadas do apartamento após uma limpeza ou fim de reserva, para garantir que os apartamentos estão sempre como anunciados no site.

Apartamento que pode ser alugado pela Casai (Divulgação)
Apartamento que pode ser alugado pela Casai (Divulgação)

A ideia de expansão ao Brasil veio do comportamento dos hóspedes da Casai. Eles viajavam tanto para a Cidade do México quanto para São Paulo, ambas cidades relevantes para fazer negócios na América Latina.

Ainda assim, a maioria dos usuários por aqui são domésticos – vêm de outras cidades brasileiras para São Paulo. A Casai começou seu piloto brasileiro em novembro de 2020. Tem 100 unidades em operação, com ocupação acima de 90%. O tempo de estadia cresceu de cinco para dez dias desde novembro.

A Casai se monetiza por meio de uma porcentagem sobre o valor do aluguel – a maioria do valor fica com os proprietários dos imóveis. Eles podem escolher entre receber um retorno fixo ou enfrentar volatilidade de retornos. “Os donos veem como benefício ter uma gestão profissional de sua propriedade, com inserção tanto de tecnologia quanto de amenidades feitas por produtores locais”, diz Barawid.

Planos para o Brasil

A locação média pela startup está entre R$ 300 e R$ 400 por noite – o cofundador espera que o valor aumente e se aproxime do visto no México, de US$ 100 (cerca de R$ 540 na cotação atual).

Considerando tanto Brasil quanto México, a Casai busca triplicar de tamanho neste ano e manter sua ocupação em acima de 90%. O investimento será de R$ 100 milhões na operação brasileira – o objetivo é que a receita no país ultrapasse a mexicana em três anos.

A Casai captou uma rodada semente de US$ 5 milhões, uma rodada série A de US$ 23 milhões e uma rodada de financiamento de dívida de US$ 25 milhões. Alguns fundos que investiram no negócio foram Andreessen Horowitz, Kaszek Ventures e Monashees.

A startup planeja expandir para cidades como Búzios, Florianópolis e Rio de Janeiro e chegar a “centenas de unidades para locação” no Brasil. Já no México, o empreendimento tem 300 unidades não apenas na Cidade do México, mas em cidades turísticas como Tulum. Essa mesma fórmula deve agora ser usada em terras brasileiras.

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Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.