Sólides vai às compras e avança no segmento de PMEs um ano após aporte de R$ 530 milhões

Startup de soluções para o RH conseguiu cheque da Warburg Pincus pouco antes do ‘inverno’ vivido pelas empresas de crescimento

Rikardy Tooge

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A Sólides conseguiu aproveitar o fim da janela de oportunidades para as startups antes do aperto monetário em escala global jogar as empresas de tecnologia e crescimento em um forçado “inverno”.

Os cheques ficaram escassos desde fevereiro de 2022, quando a startup voltada a ferramentas de recursos humanos para pequenas e médias empresas (PMEs) levantou US$ 100 milhões (R$ 530 milhões na cotação da época) com a gestora Warburg Pincus.

Para Mônica Hauck, CEO e fundadora da Sólides, além do timing, o dinheiro representou o reconhecimento de uma tese que ia na contramão do consenso de anos anteriores. “Eles nos viram como o melhor player posicionado para PMEs e mostrou que nossa visão de apostar em uma solução única era a vencedora”, diz.

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Com o cheque em mãos, a startup listou alguns objetivos centrais: realizar aquisições para aumentar o portfólio de serviços, aumentar a carteira de clientes PMEs, investir em soluções de inteligência artificial e dobrar de tamanho ao fim de 2022.

“Nós cumprimos todos os objetivos”, garante Hauck, sem abrir os números. Em M&A, a empresa comprou a Tangerino, uma plataforma voltada ao departamento pessoal. Nele, a Sólides conseguiu passar a oferecer também gestão de ponto, férias e documentos dos funcionários. Eles se juntaram à oferta de serviços, como perfil dos funcionários, onboarding pesquisa de clima e controle de metas, por exemplo.

Mônica Hauck, CEO e fundadora da Sólides (Divulgação)
Mônica Hauck, CEO e fundadora da Sólides: tese de solução única venceu no mercado (Divulgação)

Criada em 2010 como empresa que produzia relatórios de perfil comportamental, a Sólides ‘pivotou’ em 2015 para soluções de recursos humanos para empresas de pequeno e médio porte porque via uma necessidade – ou “dor” no vocabulário das startups – que não era atendida por nenhuma outra plataforma.

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“Estamos falando de um período em que existiam menos startups. Mas a tese da época era de soluções fragmentadas. Nós não concordávamos e acabamos pegando o caminho mais difícil para receber qualquer aporte”, reconhece.

O racional dela e do cofundador Alessandro Garcia é de que as PMEs mal tinham orçamento para contratar uma solução, o que dirá de mais uma. “É difícil vender para o pequeno e por isso que as concorrentes não focam no mercado, prefere um grande cliente”, prossegue a CEO da Sólides.

Somente quatro anos depois que o primeiro cheque chegou à Sólides, o fundo DGF aportou R$ 14 milhões na empresa. “Sempre vivemos no ‘inverno’, então tínhamos que gerar caixa sempre. Isso nos deu disciplina para não queimar caixa a qualquer custo”, aponta Hauck.

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Para 2023, a empresa vê espaço para avançar em regiões para além do Sudeste. “É um mercado gigante, existem empresas do Nordeste, Norte e Centro-Oeste que não são vistas. No segmento do agronegócio, por exemplo, há muitas empresas que buscam nossas soluções – e são empresas forte que voam abaixo do radar das concorrentes”, avalia a executiva.

Segundo cálculos da empresa, de dez contratações que ocorrem no Brasil, pelo menos oito são feitas por pequenas e médias empresas. Isso demonstra que o grosso do mercado é pulverizado e necessita de atenção.

Outra avenida de crescimento passa por acoplar cada vez mais soluções novas, muitas delas desenvolvidas “dentro de casa”. O aporte da Pincus também permitiu investir no SoLAB, o laboratório de inteligência artificial e inovação da Sólides.

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“Este ano vamos reforçar a tese de solução única na plataforma e entendemos que as empresas já têm menos resistência ao produto. Antes, via-se essas ferramentas apenas para a alta gestão, deixando o ‘chão de fábrica de lado’. Mas nenhum funcionário que ser só um número”, completa Monica Hauck.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br