Rumo mostra que devagar se vai ao longe – e brilha aos olhos do mercado como “call pós-eleição”

Independente do resultado das urnas e com boas perspectivas de resultados, ação da Rumo ganha cada vez mais análises positivas de analistas de mercado

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O mercado vem enfrentando há alguns meses forte volatilidade – já esperada – devido às incertezas eleitorais e um pacote de ações chamado de “kit eleitoral” que tende a responder a esses movimentos com maior ímpeto. Fazem parte desse “kit” estatais, como Petrobras (PETR3PETR4) e Eletrobras (ELET3ELET6), e ações intimamente ligadas ao desempenho econômico, como as de bancos. 

À medida em que os investidores veem com simpatia a possibilidade de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) e o candidato cresce nas intenções de voto, esses papéis sobem – e muito – e também já foram derrubados com noticiário eleitoral visto como negativo pelos investidores. Contudo, uma ação fora desse “kit” e que não está chamando tanto a atenção do mercado tem mostrado um perfil resiliente em meio ao vendaval das eleições e registra valorização gradativa.

Trata-se da ação da Rumo (RAIL3), maior operadora ferroviária do Brasil, que acumula alta de 9,20% desde o dia 15 de agosto, data-limite para que os partidos e coligações pedissem o registro de seus candidatos à Justiça Eleitoral. No mesmo período, o Ibovespa acumula ganhos de 8,15% e o CDI foi de 1,01%. No ano, os ganhos acumulados dos ativos RAIL3 são de quase 20%, ante alta de 11% do benchmark da bolsa no mesmo período. 

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Mas, mais do que o desempenho recente, as perspectivas para a companhia apontam que ela é um bom “call” pós-eleições – e isso independentemente do resultado do pleito. Um exemplo disso é a avaliação dos analistas do Credit Suisse, Felipe Vinagre e Thiago Casseb, apontando estarem “bastante otimistas” com o desempenho do papel, a despeito da alta acumulada até aqui e o fundamento técnico “não tão favorável”. 

Após duas décadas de queima de caixa da empresa, a expectativa dos analistas é “ótima” para o fluxo em 2019. Além disso, a guerra comercial entre China e Estados Unidos – que teve sua temperatura elevada nas últimas semanas e contribuiu para a alta dos preços e comercialização de produtos como a soja para os chineses -, e a desvalorização do real têm desenhado um cenário bastante favorável para a safra de 2019 – e deve impulsionar os negócios da Rumo.

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Informações disponíveis até aqui apontam que o plantio de soja para a safra 2018/19 tem sido o mais rápido de todos os tempos, com 20% da área de colheita estimada já semeada, ante 12% no ciclo anterior para o mesmo período. No Mato Grosso, os volumes de chuvas foram favoráveis e 34% da área de colheita foram semeados, contra 18% em 2017.

Esse ritmo acelerado na colheita da commodity confirma uma perspectiva positiva para as ações da Rumo e devem ajudar a garantir os volumes da empresa para 2019, apontam os analistas que acompanham de perto a ação. 

“O perfil de receita da Rumo é menos correlacionado com as incertezas da atividade econômica, dada às características resilientes dos produtos que transporta, mais concentrados na produção de grãos do Centro-Oeste”, observam os analistas do Santander. Assim, independentemente dos resultados das urnas e o seu efeito para a economia, o case da Rumo continua valendo. 

Além disso, os analistas do Credit apontaram acreditar em uma tendência de alta nos preços de frete rodoviário, o que poderia aumentar o poder de barganha e vantagem competitiva da companhia.

Somando-se ao noticiário positivo para a empresa, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou a tão aguardada concessão de colaboração financeira às controladas da Rumo no valor de R$ 2,887 bilhões. 

Tendo em vista esse cenário, o Credit reiterou recomendação outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) para as ações da Rumo e preço-alvo de R$ 18, valor 18,4% acima do fechamento do pregão de segunda-feira (15). “O nosso cenário-base de Rumo não considera algumas opcionalidades bastante relevantes, como expansão do sistema norte de Rondonópolis para Sorriso, vagões maiores e a concretização da renovação. Lembrando que uma não-renovação não seria drástica quando olhamos para o ângulo de rentabilidade”, dizem os analistas.

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O Bradesco BBI também possui recomendação equivalente à compra para os ativos RAIL3, com preço-alvo ao fim de 2019 de R$ 20, indicando potencial de valorização de 31,6% no período, enquanto o Santander recomenda compra da ação da Rumo, com preço-alvo de R$ 19 no fim do próximo ano, valor 25% acima do último fechamento. 

Boas perspectivas para o curto e longo prazo

A perspectiva para o desempenho no terceiro trimestre também é otimista. “O terceiro trimestre deve ser fantástico com um Ebitda [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] de R$ 940 milhões (alta de 17% na relação anual), mesmo com a difícil base de comparação”, estima o Credit. A Rumo deve divulgar seus números relativos ao período de julho a setembro no dia 8 de novembro e a teleconferência com investidores acontece no dia seguinte. 

Os analistas avaliam que a greve dos caminhoneiros ajudou a Rumo, com a malha ferroviária entrando no radar de vários produtores como uma alternativa para o escoamento de produtos. “Os passivos de R$ 1 bilhão da estimativa inicial passaram para R$ 600 milhões no documento final com os R$ 400 milhões remanescentes incluídos no plano de Capex”, reforçam. Eles ainda elevaram a expectativa de Ebitda para 2018 de R$ 3,1 bilhões para R$ 3,2 bilhões, enquanto seguiram com as projeções otimistas para o longo prazo pouco alteradas. 

Por outro lado, vale ficar de olho também em alguns riscos para a tese de investimento na Rumo, conforme aponta o Santander, como eventual colheita mais fraca à frente devido a eventuais condições climáticas desfavoráveis, um possível resultado negativo do processo de renovação da Malha Paulista e aumento da taxa Selic, uma vez que a empresa tem ampla exposição aos juros do país e uma elevação pode representar um risco para o desempenho financeiro da Rumo. 

Porém, esses riscos estão minimizados no atual cenário, conforme ressaltou o BTG Pactual em relatório recente: “a perspectiva permanece brilhante e acreditamos que a empresa está bem posicionada para renegociar contratos de longo prazo com clientes e renovar sua concessão da Malha Paulista”. Com tudo na balança, a Rumo começa a brilhar nos olhos do mercado – não importa quem seja o próximo presidente do País. 

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