Resultado da Cyrela não anima e analistas sugerem que investidor evite a ação

Balanço do 4T10 recebe críticas e bancos veem cenário desafiador pela frente; fraca performance da CYRE3 não justifica posições

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SÃO PAULO – Os resultados do quarto trimestre divulgados pela Cyrela Realty (CYRE3) não agradaram os analistas do Credit Suisse e do JP Morgan. A falta de clareza em algumas linhas do balanço, o agressivo corte de custos e as margens reduzidas foram os pontos mais criticados por estes bancos de investimentos

De acordo com os analistas do JP Morgan, os fracos números divulgados pela companhia são resultado da acentuada revisão de custos feita no quarto trimestre, que pressionou a margem Ebitda. O Credit Suisse relacionou este indicador – que mede, em termos percentuais, quanto da receita líquida virou efetivamente geração operacional de caixa – como um dos piores pontos do balanço do 4T10 da empresa.

O banco de investimentos suíço criticou também a forte queda da margem bruta e do lucro por ação, que veio 60% abaixo da sua estimativa.

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Ajustes no orçamento de custos deixam JP confuso
Os analistas Adrian Huerta e Marcelo Motta, do JP Morgan Chase, viram com bons olhos o crescimento das receitas, de 17% frente ao 4T09, mesmo após a redução de R$ 238 milhões nas receitas por conta do ajuste nos custos.

E este ajuste no orçamento para custos promovido pela Cyrela, e responsável pelo reposicionamento das receitas e custos, foi avaliado pelo banco de investimentos como “confuso”. De acordo com a própria companhia, o impacto na receita anual foi de R$ 320 milhões (7% do total reportado) e R$ 534 milhões em custos adicionais (16% dos custos totais).

Os analistas observam que, sem estes ajustes, a margem bruta teria sido 14,4 pontos percentuais maior, de acordo com seus cálculos, número que parece ser “muito elevado”.

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Volumes superam expectativas
Mas nem tudo foi críticas. Os analistas Marcello Milman e Alexandre Queiroz, responsáveis pelo relatório divulgado pelo Credit Suisse, destacam a forte elevação nos volumes entregues, que atingiram 6.000 unidades somente no último trimestre, resultando em 15.400 unidades entregues em 2010.

As despesas com vendas abaixo do esperado e a forte performance de vendas do segmento Living também arrancaram elogios dos analistas.

Cenário desafiador fomenta sugestões de venda das ações CYRE3
Após a análise dos resultados do quarto trimestre de 2010, o Credit Suisse projeta que os tropeços da Cyrela no negócio de construção, que resultaram em uma queda de 20 pontos-base na margem de banco de terrenos, devem continuar a pressionar a performance e os balanços ao longo de 2011.

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“Na nossa visão, a habilidade da Cyrela e crescer volumes este ano ainda permanece sob desafio dada a aparente necessidade de resolução de questões estruturais internas”, afirmam Milman e Queiroz. Com isso, dado o alto nível de incertezas em torno dos lucros, o Credit Suisse endossa sua sugestão de que os investidores evitem a ação CYRE3. Sua recomendação no momento é neutra, com preço-alvo de R$ 23,00.

Na mesma linha, o JP Morgan diz que a fraca performance destas ações no acumulado de 2011 não é motivo para que o investidor as compre. Sua recomendação é de underweight (nos próximos seis a doze meses, espera-se que a ação performe abaixo dos papéis que fazem parte do universo de cobertura do banco). O preço-alvo de R$ 21,00 representa um upside de 40% com base no fechamento desta terça-feira (29).