Queda de 20% em 2 meses e contando: Ultrapar virou oportunidade ou “mico” na Bolsa?

Momento operacional da empresa está longe do ideal e ações podem seguir sofrendo no curto prazo

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Com queda de 20% nos últimos dois meses, as ações da Ultrapar (UGPA3) entraram no radar de muitos investidores em busca de barganhas na Bolsa, tanto pela expressiva queda, assim como pelo seu perfil defensivo. Contudo, nem mesmo esses atributos fazem do papel uma atrativa neste momento, já que o momento operacional está longe do ideal.

Ao revistarem as projeções para este ano, os analistas do Citibank e do UBS foram unânimes na previsão de queda para os números. Para o primeiro trimestre, cujo resultado será publicado no dia 2 de maio (após o fechamento do mercado), o banco suíço espera uma queda de 37% e 66% para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o lucro líquido, respectivamente, em relação ao visto em 2017.

A queda, que também está na conta do Citibank, está relacionada ao fraco desempenho esperado pelo Ipiranga. Segundo o UBS, o segmento que é o carro-chefe da companhia não deve crescer em relação ao primeiro trimestre do ano passado, tendo em vista o mix de vendas desfavorável no período, resultado do aumento de venda de etanol e queda da gasolina, como também aos menores ganhos com importação de combustíveis.

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Se o setor de combustíveis não vai bem, o segmento de químicos (Oxiteno) e distribuição de gás (Ultragaz) também não devem ajudar. Com margens comprimidas por conta da escalada do custo da matéria-prima, em especial do etileno, e as dificuldades encontradas para repassar esse aumento aos seus clientes, o Ebtida da Oxiteno deve recuar 34% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado, segundo os cálculos do UBS. No caso da Ultragaz, o Citibank aponta que os volumes devem decepcionar com o ajuste dos preços do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).

Até onde pode ir essa queda?

Depois desta forte queda, nada mais natural do que imaginar até onde pode ir esse movimento e na visão dos analistas isso vai depender justamente do resultado do primeiro trimestre. Na visão dos bancos, a qualidade dos números vão dar um norte sobre como será o ano para Ultrapar, de modo que vão revisar todas as estimativas a partir do resultado e das indicações dadas pela diretoria da empresa.

Diante da rejeição pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) da compra da Liquigás pela Utragaz em fevereiro, o cenário desafiador do setor de distribuição de combustíveis com o aumento da competição e decisões estratégicas “questionáveis” do management com relação ao Ipiranga, o UBS acredita em uma reprecificação para baixo das ações, tendo em vista o desafiador ano pela frente.

Apesar das dificuldades apresentadas no curto prazo, o Citibank lembra dos bons fundamentos da empresa no longo prazo e o reconhecimento da marca e, por conta desses atributos, ainda seguem com a recomendação de “neutro” para os papéis, na expectativa por um melhor momento para entrar. No caso do UBS, os analistas derem o benefício da dúvida à adminitração da empresa na esparança que eles poderiam reverter a situação do Ipiranga, fato que não foi comprovado ao longo de 2017 e o deadline será justamente o primeiro trimestre. Por enquanto, o banco segue com sua recomendação de compra e com preço-alvo de R$ 84,00, ou seja, um potencial de valorização de 34% frente ao último fechamento.

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