Portobello (PTBL3) mira crescimento no exterior para alavancar receita

Empresa de revestimentos faturou 40% mais com as vendas ao exterior em 2022; CEO vê espaço para um incremento ainda maior nos próximos anos

Rikardy Tooge

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A Portobello, empresa de revestimentos cerâmicos do Portobello Grupo (PTBL3), está encontrando na exportação uma forma de alavancar sua receita neste ano. A unidade de negócios, responsável por praticamente metade do faturamento do grupo em 2022, aponta crescimento de mais de 40% nas vendas ao exterior nos nove primeiros meses do ano e vê espaço para mais.

De acordo com João Henrique Oliveira, CEO da unidade Portobello, dos cerca R$ 804,3 milhões que a unidade obteve de receita líquida de janeiro a setembro, pelo menos um quarto teve origem nas exportações. Apesar de não dar um guidance para o segmento, diz que essa participação tem potencial para chegar a 50% do faturamento nos próximos anos.

“Nossas vendas ao exterior cresceram 43% neste ano [até setembro], e nós queremos exportar mais. Entendemos que há uma grande alavanca para nosso crescimento e hoje já não existem mais os altos custos logísticos que vinham nos limitando desde a pandemia”, afirma Oliveira ao InfoMoney.

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No auge do gargalo logístico, o executivo estima que pelo menos 50% do custo do produto à ponta da cadeia era do frete, o que acabava suprimindo as margens do negócio. Atualmente, embora não divulgue o percentual, o CEO diz que essa participação do custo diminuiu a níveis próximos aos de 2019, o que já oferece mais competitividade à empresa.

Cada semestre uma região

O mercado internacional para os revestimentos da Portobello enfrentou momentos distintos em 2022, diz Oliveira. Se no primeiro semestre as vendas para os países da América do Sul foram o destaque, elas perderam força com a persistência do aperto monetário e da inflação alta na segunda metade do ano.

Por outro lado, países da América Central e Europa foram aumentando seu interesse pelos produtos a partir do segundo semestre, especialmente com a melhora do custo do frete marítimo. “Foi um desempenho que reforça para nós que não podemos ter dependência por nenhum país ou região”, acrescenta.

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João Henrique Oliveira, CEO da Portobello: "não queremos depender apenas de uma região para exportar" (Divulgação)
João Henrique Oliveira, CEO da unidade Portobello: “não queremos depender apenas de uma região para exportar” (Divulgação)

A Portobello passou a exportar para 62 países em 2022. Entre os mercados que a companhia conseguiu acessar e diversificar destacaram-se República Dominicana, Catar, Nova Zelândia, Quênia e Bélgica. Apesar dos novos mercados, é na América Latina que estão os grandes e tradicionais parceiros: Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia.

Com a estratégia de exportação em expansão, a companhia já observa as peculiaridades de cada região. No Oriente Médio, por exemplo, a preferência é por mármores “mais agressivos”, enquanto na América do Norte a busca é por pisos escuros e menores.

Apesar da coleta dessas informações, a companhia não faz segmentação e consegue, com isso, fechar novos negócios. “Apresentamos todo o nosso portfólio. Um exemplo é que elaboramos um revestimento em uma feira na Itália que fez muito sucesso com consumidores do Chile”.

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Mercado brasileiro

Para o Brasil, o CEO da unidade Portobello faz uma avaliação positiva das vendas no ano, a despeito da aperto monetário. Embora os juros tenham limitado o consumo e aumentado a inadimplência, a venda de imóveis no país cresceu 18% no primeiro semestre de 2022, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Essa forte demanda somada às entregas de prédios residenciais que iniciaram suas obras entre 2020 e 2021 oferecem uma perspectiva positiva para a Portobello. “A cerâmica chega apenas no final da obra, quando a casa ou o prédio já foi construído. Não estamos sentindo nenhuma retração no nosso negócio no país”, lembra João Henrique Oliveira.

“O mercado pós-covid foi muito favorável e ainda estamos surfando essa demanda”.

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Apesar do cenário favorável, o aumento de cerca de 25% no custo do gás acabou deteriorando as margens líquidas do grupo. O gás é o principal gasto da atividade e limitou os ganhos do Portobello Grupo nos nove primeiros meses de 2022. No período, o lucro líquido foi de R$ 143,9 milhões, com queda de 10,8% em relação a igual período do ano passado.

“Mas consideramos um aumento transitório. No geral, conseguimos repassar preço aos consumidores. Com um arrefecimento no preço do gás no passar dos meses, nossa margem deve ganhar fôlego”, argumenta o executivo.

PTBL3 na Bolsa

No ano, os papéis da Portobello Grupo operam com uma queda de 14,6%. No pregão de segunda-feira (5), a ação recuou 5,01%, a R$ 7,96, em mais uma sessão negativa para as empresas de consumo.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br